segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Ruína económica venezuelana-argentina aponta mal rumo para América do Sul

Chávez durante a demagógica inauguração em 2005.
Chávez durante a demagógica inauguração em 2005.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
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Em 1º de fevereiro de 2005, centenas de agitadores de organizações sociais aplaudiam a inauguração do primeiro posto de atendimento PDVSA-Enarsa, produto do acordo energético entre a Argentina e Venezuela “bolivarianas”, rememorou longa reportagem do “La Nación”.

O falecido Hugo Chávez encheu o tanque do primeiro veículo e exultou: “aqui as barreiras do neoliberalismo selvagem, do capitalismo, estão sendo quebradas”.

“Vamos continuar abrindo estações e vamos começar a perfurar poços de petróleo para que no futuro a Argentina não precise importar petróleo.”

O ministro local do Planejamento Federal Julio De Vido – hoje em prisão preventiva por falcatruas – antecipou: “é o início da abertura de mais 600 previstas para o restante do ano”.

Mais do que uma realidade foi uma ficção esquerdista ou doentia.

Após 17 anos, a Pdvsa Argentina em ruinas
Após 17 anos, a Pdvsa-Argentina em ruínas aponta descaminho para o continente
A empresa hoje, a 17 anos do ato inaugural, só tem únicos quatro postos de atendimento em estado de abandono.

Esses acumulam penhoras judiciais, dívidas milionárias e pelo menos 80 ações judiciais de funcionários e fornecedores que reclamam salários atrasados.

Segundo ex-funcionários, a empresa abandonou seus escritórios devendo milhões em aluguéis e despesas não pagas.

A petroleira venezuelana quis comprar a Shell e a rede estatal uruguaia Sol Petróleo até que todas pararam de servir.

“A PDVSA implodiu na própria Venezuela, explicou o doutor em Economia e Direito Daniel Gustavo Montamat, ex presidente de YPF y ex secretário de Energia. “No início do chavismo, a empresa produzia 2.800.000 barris de petróleo e hoje só 600 mil”.

Néstor Kirchner e Chávez anunciaram um Grande Gasoduto do Sul, que ligaria a Venezuela à Argentina, atravessando o Brasil que nunca foi realizado. Muitos ficaram pasmos pela ousadia do projeto hoje esquecido.

Refinaria de PDVSA en El Palito, Venezuela. O gigante petrolífero acumula divida de 35 bilhões de dólares e quase não produz
Refinaria de PDVSA en El Palito, Venezuela. O gigante petrolífero
acumula divida de 35 bilhões de dólares e quase não produz
A empresa nunca gerou um centavo, embora todos os meses, entrava dinheiro dos governos”.

O jornal “La Nación” nem achou seu presidente, Carlos Corredor. “Tudo o que você pode imaginar foi levado embora. De computadores, mesas, dispensadores, pratos. Não sobrou nem janelas”, diz Juan Manuel Lasso, ex-administrador da estação San Francisco. 

No posto, os mais de 40 trabalhadores reclamam meses de salários à empresa fechada há mais de dois anos.

Em 2020 lhes foi cortada a energia elétrica. As bombas não funcionam. Os operários iam à estação em turnos para evitar roubos. Até que veio a pandemia e foram demitidos desrespeitando os requisitos legais.

O presidente Alberto Fernández prometeu resolver os problemas, mas ninguém acreditou e de fato tiveram razão .

Os direitos trabalhistas foram desrespeitados pelo 'goverrno dos trabalhadores argentinos'
Os direitos trabalhistas foram desrespeitados pelo 'governo dos trabalhadores argentinos'
A subsidiária argentina da petrolífera venezuelana ainda existe nos papeis. Em 2019, foi demitida a maioria dos funcionários administrativos.

Também fechou seus escritórios porque não pagava alugueis e despesas. Só ficam menos de seis funcionários num pequeno escritório.

A empresa entrou no tráfico ilegal de dinheiro da Bolívia até que uma “mula” foi presa com maços de dólares dizendo que eram para pagar os salários da PDVSA Argentina. Até essa fonte secou.

Ninguém entende como foi possível que o Estado argentino não reclamasse. Os processos de ex-trabalhadores concluíram com a declaração da falência.

Mas tudo continua como dantes no quartel do Abrantes bolivariano com os governos esquerdistas acobertando a falcatrua de fundo ideológico e tentando tomar o poder nos países vizinhos.



segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Cataratas que sugerem superior vocação histórica

Cataratas do Iguaçu em 360º
Veja vídeo
Luis Dufaur
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Clique na foto para Cataratas do Iguaçu em 360º
Girar com o mouse. Clicar no mapa à direita para mudar o ângulo

Quem, antes de descer no aeroporto da cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, observar do avião as famosas Cataratas do Iguaçu, fica extasiado com a grandiosidade da visão panorâmica das diversas quedas-d'água.

Saindo do aeroporto, o viajante precisa percorrer alguns quilômetros para começar a ouvir o ruído das águas. De início um tanto surdo, ele vai crescendo assustadoramente, tornando-se estrondoso junto às quedas. Uma imagem ­entre outras - é compreensível que ocorra ao espírito do viajante, eventualmente já predisposto por aquele flash anterior: a majestosa ira divina.

De fato, se Deus quisesse representar seu furor para os homens, mediante o som, seria apropriado Ele utilizar tal ruído - prestigioso e terrificante.

A visão das quedas que se tem a partir do território brasileiro é bastante panorâmica, embora do lado nacional haja apenas 600 metros de cataratas.

De longe, a maior parte destas encontra-se em território platino: 2.600 metros.

Compensa largamente, portanto, atravessar a fronteira com a Argentina e andar mais de um quilômetro sobre passarela no país vizinho até chegar bem junto à maior das gargantas, para admirar a espuma d'água que sobe para o céu, proveniente do jato líquido descomunal precipitando-se de uma das rochas!

Brasil, Argentina: duas nações vizinhas e irmãs. Irmãs antes de tudo na profissão da Fé católica, mas também na herança do precioso legado ibérico que as une.

Costuma haver certa correspondência entre o espírito, a mentalidade, bem como a história dos povos e os acidentes geográficos que lhes servem de moldura.

Se a Providência Divina concedeu a essas duas nações católicas da Ibe­ro-América tal maravilha natural, a decorrência se impõe: a gesta - feitos heroicos de seus habitantes - serem do porte dela.

Eis aí uma vocação histórica superior, que o próprio contexto providencial sugere aos dois grandes países da Cristandade ibérica formada no Continente americano! 



(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, sem data)

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

O mistério do Jumbo terrorista e as esquerdas sul-americanas

Jumbo iraniano-venezuedano suspeito de servir ao terrorismo ficou preso em Buenos Aires
Jumbo iraniano-venezuelano suspeito de servir ao terrorismo, preso em Buenos Aires
Luis Dufaur
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Há meses um jumbo Boeing 747 está detido no aeroporto internacional de Ezeiza em Buenos Aires por decisão da Justiça. Ele pertence à empresa venezuelana Emtrasur ligada confusamente com a empresa iraniana Qeshm Fars Air, noticiou repetidas vezes “La Nación”.

O juiz federal encarregado do caso recebeu um dossiê enviado pelo FBI que descreve o piloto do avião, Gholamreza Ghasemi, como um terrorista pertencente à Guarda Revolucionária Islâmica do Irã.

No avião também viajavam 14 venezuelanos e cinco iranianos, incluindo Ghasemi, supostamente transportando um carregamento de autopeças.

O relatório garante que Ghasemi está associado à Força Al-Quds da Guarda Revolucionária Iraniana e ao Hezbollah do Líbano, ambos acusados pelo ataque contra a associação judaica AMIA em Buenos Aires que matou 85 pessoas e feriu 300.

A constatação entre as impressões digitais e a identidade da pessoa foi feita com a base de dados de terrorismo internacional

O FBI afirma que a empresa aérea, teve “participação direta” em atividades terroristas, o que complica sua situação legal na Argentina.

Gholamreza Ghasemi, piloto do misterioso Jumbo, jovem militante terrorista
Gholamreza Ghasemi, piloto do misterioso Jumbo, jovem militante terrorista
Qeshm Fars Air opera voos entre o Irã e a Síria regularmente “para equipar o Hezbollah com armas, componentes militares avançados e armas contrabandeadas do Irã para o Hezbollah no Líbano”.

A Prefeitura de Buenos Aires afirmou que a confirmação do FBI demonstra “a profunda contradição em que os funcionários do avião suspeito entraram ao apontar que o piloto era um homônimo”.

“A presença desse personagem em solo argentino, é uma questão de terrorismo internacional”, disse o porta-voz da cidade de Buenos Aires pela Rádio Mitre.

“A companhia aérea também transportou armas e pessoal para o Hezbollah”, diz um relatório do FBI entregue à Justiça argentina, longamente citado por “La Nación”.

O Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica foi tido pelo Departamento de Estado americano já em 2007 como “entidade iraniana chave na proliferação terrorista”.

O Departamento do Tesouro também indiciou Quds por “fornecer apoio material ao Talibã e ao Hezbollah”. E acrescentou: “[Quds] tem uma longa história de apoio às atividades militares, paramilitares e terroristas do Hezbollah, fornecendo orientação, financiamento de armas, inteligência e apoio logístico”.

Comunicações suspeitas no celular do piloto-terrorista
Comunicações suspeitas no celular do piloto-terrorista
O avião detido em Ezeiza foi vendido à Emtrasur pela Mahan Air, venda que teve um caráter de maquiagem porque também a Mahan Air está na “lista negra” do Departamento do Tesouro.

Ela foi sancionada várias vezes pelo Tesouro dos EUA, a mais recente em 2019 devido ao seu envolvimento direto em atividades terroristas.

Teme-se que o avião tenha pousado em outros aeroportos na sua vinda do Mexico com escala na Venezuela, tal vez na tríplice fronteira.

Também tentou descer no Uruguai, mas, as autoridades desse país não o aceitaram e o obrigaram a completar o plano de voo, escreveu “Clarín”. https://www.clarin.com/politica/avion-retenido-ezeiza-juez-determino-iranies-venezolanos-deberan-seguir-pais_0_6jBWyn3cA8.html

O FBI também transmitiu o relatório ao Paraguai e outros países da região. Os passaportes de sete iranianos e venezuelanos mais suspeitos foram retidos pela polícia e não poderão deixar o país. Alguns outros poderão deixar o país.

No celular e aparelhos eletrônicos do piloto Ghasemi havia “capturas de tela, vídeos e imagens de contextos de guerra, armas, exércitos, líderes da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, bem como as Forças Armadas, Quds, Hezbollah, de pessoas assassinadas, o logotipo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, entre outros elementos”.

Ele também tinha em seu telefone uma imagem de um “exército armado e, à primeira vista, parecia ser uma das pessoas fotografadas".

Ministro de Segurança do governo esquerdista argentino tenta salvar avião, terroristas e carga
Ministro de Segurança do governo esquerdista argentino
tenta salvar o avião, terroristas e carga
Também continha fotos de líderes militares iranianos, incluindo “Mohsen Rezai, ex-comandante da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, procurado com pedido de prisão internacional e Hasan Nasrallah, secretário-geral do Hezbollah.

O juiz também quer o comparecimento de Víctor Manuel Pérez Gómez (Gerente Geral de Operações da Emtrasur e ex-militar venezuelano) ligado a um homem do Hezbollah e de suspeita gestão financeira da empresa; Mario Arraga Urdaneta (Gerente Administrativo da Emtrasur e ex-militar venezuelano), por sua participação no voo.

Também de José Gregorio García Contreras em cujo celular havia chats comprometedores sobre tema ‘top secret’ que poderia acarretar “correntes” e pedindo um ultrassecreto…”, segundo o juiz.

As petroleiras argentinas se recusam a vender combustível para o avião em Ezeiza, por medo das sanções dos EUA.


segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Minguada lua de mel para as esquerdas latinoamericanas

Chilenos recusaram por maioria esmagadora projecto constitucional propiciado pelo presidente
Chilenos recusaram por maioria esmagadora
o projeto constitucional propiciado pelo presidente
Luis Dufaur
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A onda de novos governos ultra-esquerdistas parece arrasar América Latina, porém os seus primeiros resultados não fazem pressagiar um resultado minimamente feliz nem no mais curto prazo.

Para o “The New York Times” elas terão uma corta lua de mel, que aliás já passou.

O caso mais clamoroso e recente aconteceu no Chile onde 61,9% repeliu um projeto de Constituição que reunia os mais cobiçados objetivos de todos os partidos e grupelhos da ultra-esquerda chilena.

Porém não há margem para ilusões: o fiasco dos governos da ultra-esquerda não será seguido de uma reação ordeira. O continente marcha para um caos tal vez incontrolável.

Em poucas palavras No Chile, desde a presidência um político de braço tatuado prometeu a mais profunda transformação na sociedade chilena em décadas com uma “rede de segurança social” e carregando os impostos aos ricos.

E o projeto de Constituição que lhe serviria de base foi recusado por maioria esmagadora do eleitorado (62 a 38). Logo passou a prometer um governo de centro-esquerda – para ele “moderado” – e não se sabe bem como tentará mais uma outra Constituição, diz "Clarín".

Nem com macumbas o ultra esquerdista Pedro Castillo consegue um governo não-fugaz
Nem com macumbas o ultra esquerdista Pedro Castillo consegue um governo não-fugaz
No Peru, um maestro de fugaz atividade rural prometeu alimentar os famintos e nivelar as desigualdades na saúde e na educação. Mas não conseguiu constituir um gabinete capaz de durar um mínimo de meses para fazer algo.

Na Colômbia, um ex-guerrilheiro prometeu promover indígenas, negros e pobres com uma economia para todos e se abraçou com os colegas que em países vizinhos afundavam no marasmo.

A América Latina se encaminhou para a esquerda na trilha de Andrés Manuel López Obrador no México e pode ainda culminar a estranha marcha com a vitória de Lula no Brasil.

Assim, as seis maiores economias da região seriam dirigidas por líderes de esquerda, embora não conseguem se afastar da marcha endoidecida rumo ao nada.

Os candidatos esquerdistas tiveram em seu favor a animosidade contra os políticos tradicionais, os efeitos da pandemia que aprofundaram a frustração contra o establishment político, a guerra europeia que disparou o custo de combustíveis e alimentos, e piorou as condições de vida.

Hoje os prometedores de milagres estão vendo muito difícil atender as altas expectativas que eles próprios alimentaram.

Lidam com pressões orçamentárias, inflação descontrolada, migração e crises sociais.

Na Argentina, o povo saiu também às ruas contra o esquerdista Alberto Fernández. Protestos ainda subversivos eclodiram no Equador, ameaçando o governo de Guillermo Lasso, um dos poucos presidentes moderados na região, mas deram em nada.

Nem com extravagancias Gustavo Petro atrai a simkpatia dos colombianos
Nem com extravagâncias Gustavo Petro atrai a simpatia dos colombianos
Os presidentes esquerdistas subiram cavalgando uma onda extremamente heterogênea de grupelhos que diferem em tudo entre, menos nas promessas de mudanças radicais impossíveis de efetivar em paz.

No Chile, Boric preside um gabinete inexperiente, se apoia num Congresso dividido, e surfa na inflação. Seus índices de aprovação despencaram: 90% diz que o país está estagnado ou regredindo.

O maior grupo indígena que o apoiou se engajou num conflito mortífero que obrigou Boric a ordenar o retorno de tropas na área de conflito, como na era Pinochet que jurava acabar.

No Peru, Castillo mal consegue sobreviver no naufrágio político. Governa de forma irregular, com a aprovação do 19%, segundo o Instituto de Estudos Peruanos.

Ele foi alvo de cinco investigações fiscais, duas tentativas de impeachment e trocou sete vezes ministros do Interior até o momento que escrevemos.

Não fez a reforma agrária que prometeu, os preços de alimentos, combustíveis e fertilizantes dispararam.

Os agricultores sofrem uma das piores crises em décadas, sem fertilizantes sintéticos difíceis de encontrar pelas interrupções mundiais provocadas pela guerra na Ucrânia

Eduardo Zegarra, pesquisador do instituto de pesquisa GRADE acha que a desordem “vai se desenrolar dramaticamente e levará a uma enorme instabilidade”.

Nos bairros pobres da capital Lima, muitos pais pulam refeições para que seus filhos tenham mais o que comer.

Na Colômbia, Petro enfrenta muitas das mesmas dificuldades. 40% das famílias vivem com menos da metade do salário mínimo mensal e a inflação atingiu quase 10%.

Segundo Hernán Morantes, ativista ambiental favorável a Petro “os movimentos sociais devem estão muito ativos para que quando o governo não cumprir”. Quer dizer, de aqui há pouco estarão promovendo arruaças.


segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Agonia nos prédios cubanos prestes a desabar

Moradores vão dormir sem saber se amanhã vão acordar
Moradores vão dormir sem saber se amanhã vão acordar
Luis Dufaur
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O maior medo de Bacyán é morrer com sua filha Lesyanis sob os escombros do prédio onde moram em Havana Velha, se o prédio desabar.

Porque esses desastres costumam acontecer na cidade protótipo do socialismo do século XXI, e ela é um dos 300 inquilinos do arruinado Edifício Cuba, localizado no coração da cidade, segundo descreve reportagem do “La Nación”.

Elisa, 51, vive num dos 700 prédios em Havana catalogados em estado crítico. No final de 2020, 37% das 3,9 milhões de casas do país estavam em condições técnicas razoáveis ou ruins, segundo estatísticas oficiais. O governo nada faz pois, no fim, estão no maravilhoso mundo novo...

Nós vamos para a cama com medo de não amanhecer. Perdi um filho (de uma doença terminal) e não gostaria de perder minha filha também”, diz Bacyán.

O edifício tem seis andares, foi construído em 1940, e foi subdividido em 114 quadrículos para 92 famílias, que não pagam aluguel ao Estado socialista.

Em troca o socialismo o deixou apodrecer: telhados, colunas e muros exibem vértebras metálicas corroídas, pisos afundados, escadas quebradas, rachaduras e vazamentos por toda parte.

Nos tempos da propriedade privada foi um prédio elegante, segundo lembram velhos vizinhos, mas hoje restam apenas ruínas do que foi.

Em Havana, o igualitarismo faz milagres até o prédio cair
Em Havana, o igualitarismo faz milagres até o prédio cair
As crianças não podem nem brincar, porque de vez em quando um pedaço do prédio cai”, explica Bacyán, com lágrimas.

Os desabamentos são comuns nos municípios de Havana, e pasma ver que alguns edifícios em estado deplorável ainda resistem.

Ocasionalmente alguns elementos desses edifícios desmoronam, como aconteceu em janeiro de 2020 com a varanda de um prédio no bairro Jesús María de Havana Velha, causando a morte de três meninas.

O Edifício Cuba “tem danos estruturais desde as fundações até o telhado” e “não é recomendável que as pessoas vivam lá”, porque “desmoronamentos parciais continuarão a ocorrer”, diz o especialista, mas não têm onde ir pois o governo decide tudo e não lhes dá nada.

A deterioração deste edifício e de outros em Havana é afetada pela construção de “mezaninos”, novos banheiros e tanques de serviço, que aumentam substancialmente as cargas do edifício.

Em 2021, houve 146 desabamentos na temporada de furacões, de junho a novembro. As primeiras chuvas provocaram esboroamentos parciais e dois totais em Havana e a morte de um homem, segundo a mídia oficial sempre elogiosa do regime

Cary Suárez, 57, chegou ao Edifício Cuba em 1997, depois que o prédio onde morava desabou, quando levava os filhos para a escola. Sua mãe morreu no desastre.

Por cinco anos, Francisca Peña, 54, liderou os esforços para que as autoridades “tomassem medidas sobre o assunto”, mas isso não faz parte do plano quinquenal marxista.

“Esgotamos todos os caminhos possíveis e não temos resposta”, explica Francisca. Ela admite que a miséria em que vive o país complica tudo.

Ela dorme vestida caso “ter que fugir”, e conta as vezes que todos saíram aterrorizados várias vezes pelos corredores diante do barulho que fazia o prédio.

Prédios afundados no outrora prestigioso Malecón deixaram buracos como dentes que cairam de uma dentadura sem dentista
Prédios afundados no outrora prestigioso Malecón deixaram buracos
como dentes que caíram de uma dentadura não tratada por dentista
“Tenho olheiras, não durmo, vivo aguardando um pedaço cair”, diz Luvia Díaz, assistente social de 50 anos, que vive lotada no último andar com seu companheiro, três filhas e um neto.

As chuvas fizeram um bloco do teto de seu quarto desabar sobre uma cama. “Se minha filha estivesse dormindo, uma tragédia teria acontecido”, observa.

No prédio todos contam suas histórias, mas a de “Pumpa”, 31, que se recusou a revelar sua identidade, é de arrepiar.

Aos dois anos, ela aguardava a mamadeira sentada no corredor do primeiro andar, quando um pedaço do teto lhe esmagou a cabeça e teve que passar por uma cirurgia de reconstrução craniana.

“Tenho medo de morar aqui (...) porque na segunda vez não vou me salvar”, diz enquanto tenta limpar a casa in-consertável.

E é para esse “paraíso comunitário” que estão nos levando as esquerdas comuno-progressistas na América do Sul toda!


segunda-feira, 23 de maio de 2022

Narcoguerrilhas renascem na Colômbia

Narcoguerrilheiros apelidados 'Comandos' perto de seu acampamento
Narcoguerrilheiros apelidados 'Comandos' perto de seu acampamento
Luis Dufaur
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O acordo de paz da Colômbia, assinado em 2016 pelo governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, ou FARC, com a bencao da Santa Sé e a cobertura do governo cubano deveria inaugurar uma era de tranquilidade após mais de cinco décadas de guerra.

Os rebeldes deporiam as armas, o governo inundaria as zonas de conflito com oportunidades de trabalho, aliviando os fatores que alimentaram a guerra.

Mas em muitas áreas rurais voltaram os assassinatos, deslocamentos e violência que são tão ruins ou piores do que antes do acordo, escreveu “The New York Times”.

Desde 2016, dispararam as massacres e assassinatos, segundo a ONU. 147.000 pessoas foram forçadas a fugir de suas casas só no ano passado, segundo o governo.

Novos grupos criaram um pântano criminoso em luta pelas emergentes economias ilícitas.

Armas no acampamento dos 'Comandos'
Armas no acampamento dos 'Comandos'
No ponto de partida estão os combatentes das FARC que rejeitaram o acordo de paz, as há também soldados e paramilitares que aderiram o crime organizado.

Os grupos combatentes novos enfrentam os antigos pelo controle do comércio de drogas.

Comandos de la Frontera é uma milícia entre os mais de 30 grupos armados que surgiram desde 2016.

As FARC foram fundadas na década de 1960 por líderes comunistas em rebelião contra o Estado e visando um regime de camponeses e pobres como pregava a Teologia da Libertação.

Após décadas de luta alimentada pela cocaína saiu um acordo de paz propiciado pelo Vaticano e pela Cuba de Fidel Castro.

O povo colombiano recusou esse acordo no qual via a obra da traição.

De fato, malgrado assustadoras concessões não adiantou e a coca continuou alimentado a luta e o crime.

Os camponeses locais ficaram entre um fogo mortal.

As FARC alegavam uma causa ideológica – a marxista-leninista – para justificar seu reinado de terror. Hoje o sofisma é lutar pelo “desenvolvimento, progresso e justiça social” dos pobres.

O negócio da droga é seu motor
O negócio da droga é seu motor
Mas as entrevistas do “The New York Times” não acharam nada disso: o objetivo é o dinheiro da droga.

Em toda a Colômbia, os confrontos atingiram o nível mais alto desde que foi assinado falaz o acordo de paz.

No ano passado, mais de 13.000 pessoas morreram, o número mais alto desde 2014.

“Parece difícil encontrar um cenário pior” do que o atual, disse Kyle Johnson, analista da Conflict Responses, uma organização sem fins lucrativos colombiana.

As FARC lutaram contra o Estado. Mas os atuais grupos guerrilheiros visam a anarquia, como o estão fazendo os novos governos que vem assumindo a direção de seus países como Chile e Peru.


segunda-feira, 16 de maio de 2022

Ministra chilena trata grande parte da Argentina como “territorio mapuche”

Ministra do Interior Izkia Siches inaugurou novo governo chileno criando grave atrito com a Argentina
Ministra do Interior Izkia Siches inaugurou novo governo chileno
criando grave atrito com a Argentina
Luis Dufaur
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O novo governo chileno de extrema-esquerda iniciou sua política externa com inesperada provocação ao vizinho argentino.

A nova ministra do Interior e Segurança Pública do Chile, Izkia Siches, gerou uma comoção adotando um mito ancestral segundo o qual grande parte da Argentina pertence aos mapuches chilenos, noticiou a imprensa argentina.

O procedimento prenuncia uma época de atritos gratuitos sobre questões fronteiriças sensíveis que pareciam superadas.

A polêmica foi acessa no prelúdio da primeira viagem do presidente Gabriel Boric à Argentina e causou grande rebuliço no Chile e na Argentina.

A ministra, que é uma das mais importantes do novo governo, se retratou logo, mas ambiguamente.

Em Buenos Aires, diplomatas de carreira exigiram que a Chancelaria portenha solicitasse “esclarecimentos do Chile sobre as declarações feitas por seu Ministro do Interior e reiteradas por seu Ministro de Bens Nacionais”.

Eles consideraram se tratar de “reivindicações separatistas que violam a integridade territorial da Argentina e o Tratado de Fronteira”.

Wallmapu território reivindicado por subversivos mapuches
Wallmapu: território reivindicado por subversivos mapuches
A reivindicação incendiária inclui a cidade de Buenos Aires.

Líderes políticos da Patagônia, no governo e na oposição, rejeitaram “a reivindicação secessionista que o governo chileno de Boric está legitimando um pseudo-nação independente Mapuche”.

Siches visitou os territórios chilenos em que esses indígenas (ou supostos tais) praticaram atos terroristas, com feridos, mortos e destruição de bens.

Siches e sua comitiva foram recebidos com tiros ao ar e deram meia volta a toda presa.

“O governo, disse, tenta enfrentar os problemas (…) gritando para o céu quando se fala de Wallmapu. ... um território que será totalmente expropriado”.

Wallmapu é o nome do território reivindicado pelos ditos indígenas que abarca em maior parte a Argentina.

Siches postou em sua conta no Twitter uma foto tirada durante a turnê, que acompanhou com a frase: “Terminamos o dia em Wallmapu”, escreveu o jornal “Los Andes” do também ameaçado estado de Mendoza.

“Rejeito profundamente a afirmação secessionista conhecida como ‘Wallmapu’, que o governo chileno de Boric está legitimando. Trata-se de reconhecer grande parte do território argentino e chileno como uma nação pseudo-mapuche independente”, tuitou o deputado Miguel Ángel Pichetto.

Atentado incendiário em Bío Bío, Chile, foco do conflito mapuche
Atentado incendiário em Bío Bío, Chile, foco do conflito mapuche
Após a repercussão que tiveram as palavras, Siches se desculpou com a mensagem: “Não pretendo de forma alguma interferir no território de nossos irmãos transandinos. Quero deixar bem claro, o termo é focado em nosso território nacional.”

Ela também acrescentou que não era sua intenção “polarizar nosso país, mas sim falar com nossos povos nativos com grande respeito e nisso se eu causei desconforto em nível nacional ou transandino” .

O ex-ministro da Segurança da província patagônica argentina de Chubut, Federico Massoni, criticou a ministra pelo uso do termo polêmico.

O trabalho da ministra do governo subversivo foi continuado por uma série de ataques incendiários no conturbado sul do Chile, onde os “mapuches” atacam os bens do Estado, das grandes empresas florestais e proprietários particulares.

Uma casa de fazenda em Tirúa, um armazém e uma cabana em Cañete, região de Bío Bío a 500 quilômetros ao sul de Santiago, foram queimados em ataques que felizmente não deixaram feridos ou mortos, informou “Clarín”.

Subversão mapuche não teme derramar sangue
Subversão mapuche não teme derramar sangue
A Ministra Siches apresentou uma queixa e enviou a polícia, mas não se aguarda nada que dissuada novos ataques.

Os incendiários deixaram um documento exigindo a libertação dos presos ‘indígenas’ por crimes diversos, assinado pelo grupo radical Resistência Mapuche Lafkenche, disse uma rádio local.

No dia anterior, em dois outros atos de violência foram destruídos postos de controle, veículos de carga e caminhões, e houve até um confronto a tiros com policiais.

São frequentes os ataques incendiários a máquinas e propriedades, tiroteios fatais e greves de fome de presos ‘indígenas’.

O novo presidente esquerdista Gabriel Boric cessou a militarização da região e implantou uma estratégia de “diálogo” que soa a acobertamento dos grupos subversivos.


segunda-feira, 9 de maio de 2022

Com Papa Francisco ultra-esquerda colombiana tem resultado recorde

Papa Francisco como que teria abençoado a candidatura do extremista Gustavo Petro
Papa Francisco como que teria abençoado a candidatura do extremista Gustavo Petro
Luis Dufaur
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Após uma soada recepção no Vaticano pelo Papa Francisco, o candidato da ultra-esquerda conquistou seu melhor desempenho em uma eleição legislativa da Colômbia.

Com 99% dos votos apurados, a coalizão Pacto Histórico, do ex-guerrilheiro Gustavo Petro, obteve 16 das 108 cadeiras no Senado.

A quantidade a faz a maior força da Casa, ao lado do Partido Conservador — outra força tradicional, o Partido Liberal terá 15 cadeiras. Centro Democrático, mais à direita, e a aliança centrista Centro Esperanza terão 14 assentos cada um.

Na Câmara dos Deputados, a aliança apoiada pelo Pontífice conquistou 25 das 188 vagas, empatando com os conservadores. Liberais foram escolhidos para 32 cadeiras.

Foi o melhor resultado da esquerda no Congresso bicameral do país desde 2006. A votação também definiu os três candidatos principais para o pleito presidencial de 29 de maio, segundo os números da “Folha de S. Paulo”.

Petro tomou parte na luta armada até que pela magia de um tratado foi admitido na política convencional em 1990.

Ultra-esquerdista ingressa no Vaticano com presentes para Papa Francisco
Ultra-esquerdista ingressa no Vaticano com presentes para Papa Francisco
A coligação Equipo por Colômbia, à direita, com forte apoio dos eleitores mais jovens, soma 10% das intenções de voto.

Petro garantiu é grande apoiador do acordo de paz do Estado com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) recusado em plebiscito pelo povo colombiano mas que as esquerdas eclesiásticas e leigas querem impô-lo de qualquer jeito, pouco se importando com a democracia.

Em 2019, um terço dos guerrilheiros marxistas leninistas se achando defraudados porque suas exigências (assembleia nacional constituinte; reforma fiscal; reforma Agrária e desprivatização de instituições públicas concedidas à iniciativa privada). não tinham sido aceitas, já tinha voltado a usar as armas, segundo a “Folha”.

O acordo repudiado em referendo há quatro anos era um esqueleto seco, mas Petro e Havana e a Santa Sé queriam ressuscitá-lo segundo disse o ex-lider guerrilheiro Rodrigo Londoño, “Timochenko”, terrorista durante 40 anos, acusado de muitos crimes e procurado pelos EUA, mas negociador do acordo, que comemorou a vitória de Petro. Cfr. /.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Ultra-esquerda torna o Peru ingovernável

Pedro Castillo
Pedro Castillo
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








O presidente ultra-esquerdista do Peru Pedro Castillo tornou ingovernável seu país e enfrenta violências populares, uma enésima moção de destituição, ou impeachment, em sete meses, além de 30 trocas ministeriais, segundo noticia a “Folha de S.Paulo”.

O Congresso é dominado por partidos à direita e o acusa de 20 infrações constitucionais e atos de corrupção. A paralisia administrativa é a regra. 

Castillo assumiu com uma plataforma extremista comparável com a do novo presidente no Chile, Gabriel Boric, que reúne todas as minorias ativistas anarquista, indigenista, ecologista e LGBT.

No momento da eleição num momento de muita confusão, essas plataformas de esquerda descabelada podem ludibriar os eleitores sulamericanos fartos dos maus políticos e fazer eleger candidatos extremistas.

Mas, de um modo como que irreversível acabam em breve tempo polarizando a indignação popular e empurrando seus países para uma anarquia muito perigosa.


segunda-feira, 11 de abril de 2022

Colombianos não entendem qual é a religião do Papa Francisco

De guerrilheiro e da Teologia da Libertação, perverso carcereiro, a candidato preferido do Papa Francisco
De guerrilheiro e da Teologia da Libertação, perverso carcereiro,
a candidato preferido do Papa Francisco
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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Em que Deus e em que religião acredita o candidato presidencial de extrema esquerda Gustavo Petro, foi a grande interrogação dos colombianos adotada pelo maior jornal da Colômbia “El Tiempo”.

O candidato diz ser católico, embora não assista regularmente à missa mas foi recebido em plena campanha presidencial pelo Papa Francisco I em ato que, de si, deveria propulsar sua candidatura.

O gesto, porém, resultou um tiro pela culatra segundo inúmeros testemunhos do povo católico colombiano que começou a se perguntar afinal qual é a religião do Papa Francisco.

O candidato presidencial pelo Pacto Histórico, Gustavo Petro, surpreendeu muitos nessa semana ao incluir o “Jesus dos pobres” em seu discurso.

Além disso, o senador conta com o apoio do pastor Alfredo Saade, que prometeu mais de 2 milhões de votos que teria em 400 igrejas no Litoral.

Como contou à revista 'Semana', Petro teve formação católica e é orientado pela teologia da libertação.

Porém, deixou claro despectivamente que não é “rezadeiro” nem vai à missa, considerando que a prática religiosa não é senão “aparência”" e que o que vale é sua militância de esquerda, ou “compromisso”.

“Na teologia da libertação, o que importa não é a forma, o rito, mas o compromisso, já vi católicos se ajoelharem e votarem em Uribe para matar meninos. Não acredito nesses rituais, mas sim no compromisso”, destacou.

Papa Francisco recebeu ao candidato de extrema esquerda Gustavo Petro
Papa Francisco recebeu ao candidato de extrema esquerda Gustavo Petro
Gustavo Petro foi recebido pelo Papa Francisco durante 45 minutos oficialmente para falar de meio ambiente e a crescente onda de violência no país, informou o jornal “El Tiempo” de Bogotá.

Foi um evento inédito na agenda do Sumo Pontífice, porque o chefe da Igreja Católica só se reune com líderes em exercício, e não com candidatos que disputam a presidência.

E a reunião foi considerada de grande importância para Petro. Ele já havia se reunido em 2015 no Vaticano com o pontífice enquanto prefeito de Bogotá, durante um colóquio sobre 'Escravidão Moderna e Mudanças Climáticas', em que os prefeitos participantes, selecionados nas esquerdas, assinaram uma declaração junto com o Papa Francisco.

Petro obteve o encontro pelo seu excelente relacionamento pessoal com o Núncio Apostólico em Bogotá quem se destaca pela procura de um acordo com os guerrilheiros do ELN.

Para Yann Basset, doutor em Ciências Políticas pelo Instituto de Estudos Superiores da América Latina da Universidade de Paris III - Sorbonne a reunião obedeceu à estratégia de Gustavo Petro “para aplacar ou resistir a certos setores da opinião pública” receosos de seu ousado esquerdismo.

O analista Andrés Segura achou que Petro quis “apoiar a ideia da inevitabilidade da sua vitória” diante dos eleitores colombianos porque considera que “a Igreja é a chave para reforçar sua campanha”.


segunda-feira, 21 de março de 2022

Cuba produz açúcar como em 1905

Usinas de açúcar cubanas caem aos pedazos
Usinas de açúcar cubanas caem aos pedazos
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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diversos blogs







No Granma, jornal oficial do Partido Comunista Cubano, o diretor da estatal AZCUBA, Tomas Aquino, afirmou que a safra de açúcar não cumpriu 30% previsto para janeiro.

Ele culpabilizou às “más condições de infraestrutura e organização” do país socialista. A nota oficial pretende dissimular os fatos reais.

O país sofre há décadas de carência de insumos e peças de reposição, e desconhece ou desrespeita a boa organização e o planejamento. Os trabalhos se fazem com maquinarias escassas e vetustas de muitas décadas, quando não é no trabalho manual e a tração animal, escreveu em Miami o “Diário de las Américas”.

As autoridades deploram que não há baterias, pneus, partes e peças das máquinas e culpam os responsáveis das empresas agrícolas por não conseguir “emprestadas” essas peças.

A verdade é que nos últimos anos, segundo informa a BBC News desde 2010 pelo menos, a produção de açúcar, a maior de Cuba antes do socialismo, atingiu os níveis de 1905.

Informa o “Diário de Cuba” que seis entidades canavieiras estão fora de serviço em Ciego de Ávila e três não têm baterias para seus periclitantes veículos.

O vice-primeiro-ministro, Jorge Luis Tapia Fonseca, acha que se poderia resolver o caso solicitando as peças “em empréstimo aos ministério dos Recursos Hidráulicos, da Construção, ou até mesmo da Agricultura”. Do contrário a colheita não será colhida nos volumes desejados pelo Partido Comunista.

Estatal do açúcar chora para conseguir 'emprestada' peças para sua maquinária
Estatal do açúcar chora para conseguir 'emprestada' peças para sua maquinaria
O ministro acrescentou que sem essas máquinas não haverá açúcar nem para os moradores e produtores da província”.

Dos antiquados caminhões que deveriam estar disponíveis, 28 estão parados, e sete com problemas nas baterias.

O corte da cana naufraga na dispersão pela área e não há sistema que agilize a colheita. Falta água e os trens não funcionam.

O corte manual tem baixos rendimentos pela invasão do capim e nem a tração animal supre a falta de maquinaria.

Há muito há mau preparo do solo, e só pouco mais da metade da terra foi preparado.

A precariedade que sofrem os camponeses é tamanha que reclamam ao vice-primeiro-ministro cubano Jorge Luis Tapia Fonseca calçados e roupas para o trabalho agrícola.

A maior usina de açúcar do país, em Ciego de Ávila, iniciou a safra com uma dívida equivalente a mais de três milhões de dólares ao câmbio oficial, uma fortuna no país.

O governo marxista excerce um monopólio radical batizado com o sintomático nome de “Acopio”. Os agricultores devem vender-lhe grande parte de suas colheitas a preços impostos pelo Estado.

Até as próprias autoridades criticam com frequência a ineficiência de “Acopio”, que é uma das entidades mais impopulares da ilha. E tal vez das mais corruptas, se isso for possível

Não só falta açúcar, mas o país sofre a pior crise alimentar até agora vista em um século, com grave escassez de bens de primeira necessidade, especialmente alimentos e remédios.

Um dos 47 novos agromercados onde não há nada à venda, La Habana
Um dos 47 novos agromercados onde não há nada à venda, La Habana
Para acalmar os protestos o Governo anunciou a abertura de novos agro-mercados em Havana, informou o “Diário de Cuba”.

A reação popular ficou sintetizada na expressão: “é coisa de ficção científica”, pois os tais “agromercados” não passam de banquinhas com grandes cartazes, totalmente vazias e sem atendentes.

Para explicar o desastre crônico, já em 2010 o jornal comunista Granma reconhecia que “desde 1905 o país não tem uma campanha açucareira tão pobre”, segundo cita a BBC News.

Cuba foi capaz de produzir mais de 8 milhões de toneladas, com 150 engenhos de açúcar que eram a principal fonte de trabalho e renda do país. Porém, o produto ia sobre tudo para a União Soviética.

A meta de 2022 foi estabelecida pelo PC em 10 milhões, cifra que dificilmente será atingida.

Quando essa caiu, Fidel Castro fechou mais da metade das usinas e os canaviais foram substituídos pelo cultivo premente de alimentos e dezenas de milhares de trabalhadores foram “reeducados”.

A indústria estatal cubana de açúcar ficou semi-destruída e os canaviais invadidos pelo capim.

Com essa miserabilização, certamente nunca veremos por Cuba progressistas de igreja, ecologistas ou esquerdistas que entre nós são acérrimos críticos do agronegócio dos produtores privados e que dão de comer à humanidade