domingo, 24 de dezembro de 2023

Feliz Natal e bom Ano Novo!

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Natal 2015 na França



segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Esquerdas latinoamericanas: nova ‘espécie em extinção’

Novo cardeal de Buenos Aires com políticos de esquerda e tenta deter a decadência
Novo cardeal de Buenos Aires com políticos de esquerda e tenta deter a decadência
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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Segundo Will Freeman, PhD, pesquisador de estudos latino-americanos do Council on Foreign Relations em artigo para Americas Quarterly, está se definindo uma quase nova lei na natureza:

Os governantes na América Latina não se reelegem, e isto é dramaticamente verdadeiro para os partidos de esquerda ou do “comunismo rosa”.

Partidos que ocupam o poder venceram apenas 5 entre 31 eleições presidenciais desde 2015, excluídas as votações manipuladas e injustas na Venezuela e na Nicarágua.

Agora, a onda ameaça a esquerda. Desde 2019, partidos e presidentes de esquerda conquistaram o poder em quase toda a região, prossegue Freeman.

Um candidato novato de centro venceu as eleições presidenciais no Equador e um exaltado “anarco-capitalista” desafia o velho esquerdismo peronista da Argentina.

Mesmo no México, onde muitos pensaram que o partido Morena, de Andrés Manuel López Obrador, rumaria para a vitória nas eleições do próximo ano, uma candidata de oposição, Xóchitl Gálvez, está posicionada para fazer o partido incumbente suar para continuar no poder.

Por sua vez, numa estrondosa derrota nas grandes cidades e em quase todo o país, o presidente de esquerda da Colômbia, Gustavo Petro só comemorou vitórias locais em prefeituras dominadas pelo narcotráfico e a guerrilha.

Petro sofreu derrota esmagadora
Petro sofreu derrota esmagadora
O pior lhe aconteceu na capital Bogotá, “a joia de sua coroa”, onde foi prefeito, mas seu candidato saiu em terceiro lugar, malgrado sedutoras promessas do presidente, registrou “El Mundo”.

“Em cidades chave como Bogotá, Medellín, Cali, Cartagena o Barranquilla venceram candidatos manifestamente opostos” ao presidente esquerdista, avaliou o analista Gabriel Cifuentes.

Em Cali e Barranquilla, que foram bastiões eleitorais de Petro, arrasou um opositor centrista e socialista ficou em segundo com um esquálido 9%. Petro está envolvido num rumoroso escândalo de corrupção com seu filho e o narcotráfico.

Em Medellín, capital da populosa região de Antioquia seu candidato só atingiu o 10% contra o 73% de um opositor “uribista” associado à direita.

“A megalomania presidencial, sua cegueira e a radicalização de seu discurso foi recusada com um voto de extremo desgosto”, explicou Carlos Arias, consultor de comunicação política.

Para Rodrigo Pombo, advogado pelos direitos humanos, Petro não só não trouxe nenhuma mudança positiva, mas “simbolizou a violência de classe, a corrupção política e o abuso do poder” praticada com um “populismo cínico que passou da conta”.

E Arias não acredita que Petro, candidato impulsionado pelo Papa Francisco I, mude de rumo.

Em fim de contras, como preferido do Pontífice e do “comunismo rosa” continental não pode parar. Nem mesmo após ter naufragado e se mantém flutuando agarrado a esses poderosos auxílios externos políticos e religiosos.

O presidente brasileiro arriscou enormes fundos públicos para auxiliar a candidatura incerta do candidato peronista
O presidente brasileiro arriscou enormes fundos públicos
para auxiliar a candidatura incerta do candidato peronista
O pesquisador do Council on Foreign Relations,, instituição vocacionada para promover o “comunismo rosa” desfaz uma ilusão: “Daqui a alguns anos a gente volta”, podem pensar muitos na esquerda e centro-esquerda.

De fato, a trajetória do pêndulo político da região passa rápido demais do lado esquerdo.

E na esquerda latino-americana se teme a instalação duradoura de alternativas mais reacionárias e radicais de direita.

Nada prova que estas seriam mais duradouras nem bem sucedidas posta a ausência de moralidade dos líderes e sua desconexão do catolicismo majoritário.

Desde 2019, a esquerda diluída teve esperança de durar na América. Os novos representantes da esquerda se apresentaram decididamente mais moderados do que seus predecessores de tipo chavista. Ledo engano.

Se as esquerdas venceram eleições novamente, na Argentina, na Bolívia e no Brasil, foi prometendo bem-estar social e não um socialismo do século 21.

Mas entre 2015 a 2018, os eleitores ficaram fartos do baixo crescimento e da corrupção, temeram a repetição das viradas autoritárias tipo Venezuela e Nicarágua e mandaram a esquerda pastar, avalia Freeman.

Gustavo Petro, Gabriel Boric, Alberto Fernández e Luis Arce não realizaram reformas que prometeram e Lula vive enfrentando reveses no Legislativo e sendo vaiado pelos populares. Para pior, o aumento na criminalidade e do narcotráfico ficou associado a uma cumplicidade com a esquerda.

O arauto americano do “comunismo rosa” ainda deplora que quando a esquerda conquistou massivamente o poder na América Latina, nos anos 2000, tinha movimentos sociais fortes por trás.

Mas na década de 2010 esses movimentos sociais ruíram malgrado o apoio do Papa Francisco I. Os partidos vermelhos ou “rosas” de toda a região enfraqueceram.

Os que venciam eleições cavalgavam coalizões frouxamente organizadas e sem apoio de movimentos sociais dignos de nota e sem conseguir maioria no Legislativo.

Tampouco os conservadores que se lhes opuseram entre 2015 a 2020 apresentaram propostas convincentes o suficiente.

Em 2023 ascenderam desconhecidos que apelavam à frustração dos eleitores.

Esquerdas latinoamericanas procuram apoios até dos mais desprestigiados ditadores
Esquerdas latinoamericanas procuram apoios
até dos mais desprestigiados ditadores
Os candidatos de esquerda não fizeram outra coisa senão promessas impossíveis, como “picanha para todos”. E sua popularidade despencou.

Os conservadores latino-americanos prometeram políticas duras contra o crime e conservadoras em temas sociais, mas tampouco satisfizeram as grandes apetências.

Não houve soluções para as crescentes preocupações, e o tema dominante foi a corrupção.

Brian Winter, cita Freeman, escreveu que a criminalidade não só não diminuiu nos pontos focais históricos, como a Colômbia, mas se espraiou em países outrora tidos mais seguros, como Chile, Uruguai e Costa Rica, onde cartéis e gangues têm aberto caminhos.

O cientista político Lucas Perelló observou que os líderes de esquerda parecem não ter nada para responder sobre o combate ao crime com mão firme.

O salvadorenho Bukele, rotulado de “extrema direita” abre presídios que o esquerdista Petro qualificou pomposamente de “campos de concentração” sem produzir efeito algum.

O sol está se pondo para as esquerdas mesmo moderadas na América Latina, conclui Freeman com o coração partido.

As alternativas se esgotam e os partidos comunistas vermelhos ou “rosas” estão virando uma espécie em extinção.

Só que não é um blefe ecologista, mas é o fim de uma era que para as causas revolucionárias será nefasto.