segunda-feira, 22 de junho de 2015

Cuba: o Pastor dá a vida pelos Lobos


escritor, pintor e poeta,
passou 22 anos nos
cárceres políticos de Cuba.
Ex-embaixador EUA na Comissão
de Direitos Humanos da ONU.
Medalha Presidencial do Cidadão
Superior Award do Departamento
de Estado, EUA.




O cardeal Jaime Lucas Ortega y Alamino [foto], ao longo de seus 34 anos à frente da arquidiocese de Havana, transformou-se em um dos maiores e mais indispensáveis defensores do regime comunista.

Em 5 de junho pp., o cardeal Ortega, em entrevista à emissora espanhola Cadena Ser, afirmou que “em Cuba não restam presos políticos” e que os indultados por ocasião da visita de Bento XIV à ilha-cárcere, em 2012, já eram simples “presos comuns” (“Diario de Cuba”, 07 de junho 2015).

As declarações cardinalícias causaram consternação nos opositores cubanos. O ex-preso político Ciro Alexis Casanova Pérez, que foi considerado “prisioneiro de consciência” pela Anistia Internacional, declarou com indignação que essa afirmação do cardeal Ortega sobre a suposta inexistência de presos políticos em Cuba “é uma total mentira”, e o incriminou por se dedicar a“apoiar a ditadura dos irmãos Castro” (“Diario de Cuba”, 11 de junho de 2015).

Cardeal Ortega
Desde Cuba, o jornalista independente Mario Félix Lleonart assinalou:

“Beira o enigmático como alguém na posição deste homem se preste a asseverar algo que ninguém acredita absolutamente, e que não lhe fez nenhum favor, nem à Igreja que representa, nem a si mesmo. É óbvio que tão desatinada declaração lança por terra toda a doutrina social da Igreja que é chamado a respaldar e a praticar” (14 y Medio, 12 de junho de 2015).

O ex-preso político Daniel Ferrer, que foi declarado prisioneiro de consciência pela Anistia Internacional, lamentou desde a ilha:  

“Negar que em Cuba haja presos políticos é mentir cinicamente e um seguidor Daquele que morreu crucificado para salvar a humanidade e defender os humildes, discriminados e perseguidos, não deveria se comportar de tal forma.

O cardeal Ortega não resulta ser um ‘Bom Samaritano’ (S. Lucas 10, 25) quando nega a existência de presos políticos, quando não condena abertamente as flagrantes violações aos direitos fundamentais dos cubanos, inclusive os direitos dos católicos, e quando minimiza conscientemente a importância do trabalho dos que lutam com amor pela liberdade, a justiça e o bem-estar da nação” (“Religión en Revolución”, junho de 2015).

Uma integrante do movimento “Damas de Branco”, Ada María López Canino [foto], que no domingo 7 de junho pp. foi agredida e ferida em Havana por turbas castristas, declarou:

“Eu pergunto ao cardeal, por que (para citar dois exemplos) Ángel Santiesteban está cumprindo uma longa condenação, e por que Danilo Maldonado está encarcerado como preso político?

Eu quero saber, se eles não são presos-políticos são o que? As Damas de Branco marchamos pedindo a libertação dos presos-políticos em Cuba. E essas fotos que nós apresentamos, de onde as tiramos se não são as fotos dos presos-políticos que estão nas masmorras castristas? O que pretende dizer, que nós mentimos? Que me perdoe, mas é um mentiroso, deveria se chamar Raúl Castro, não cardeal Ortega” (Cubanet, 10 de junho de 2015).

Por sua parte, a Comissão Cubana de Direitos Humanos disse que as declarações do Cardeal não têm a ver com a realidade do país. “Agora mesmo, há mais de 50 presos-políticos” (“Radio Martí”, 08 de junho de 2015).

Na realidade, é difícil saber o número de presos-políticos em Cuba, porque o regime constantemente detém e condena opositores muitas vezes incriminando-os por delitos comuns, para ocultar que se trata de perseguições políticas.

Antes de comunismo Cuba tinha o maior PIB per capita da América Latina.  Com o comunismo caiu na mais tirânica miséria.
Antes de comunismo Cuba tinha o maior PIB per capita da América Latina.
Com o comunismo caiu na mais tirânica miséria.
Segundo a filosofia totalitária do regime e de acordo com as disposições da Constituição e do Código Penal sobre as liberdades de religião e expressão, elas somente se toleram na medida em que não se oponham à ideologia comunista.

Trata-se então de uma ilha-prisão cujos 12 milhões de habitantes poderiam ser considerados como “prisioneiros de consciência”, subjugados por um implacável torniquete jurídico-político-policial.

Recentes “solturas” de presos-políticos da ilha estão sendo amplificadas por grandes meios de comunicação, e por altos líderes políticos e religiosos como atos de liberalização do regime.

Entretanto, os opositores já fizeram notar que na linguagem “jurídica” cubana termos eufemísticos como “soltura” e “licença extra-penal” significam “liberdades condicionais”, cosméticas, que na atual conjuntura servem para facilitar as negociações com o presidente Obama e para não desacreditar o mentor dessas negociações, o Papa Francisco.

Alguns recentes “libertados” estão sendo ameaçados pelos órgãos de segurança de que a qualquer momento podem voltar à prisão para continuar pagando por seus “crimes” contra o Estado comunista. A outros “libertados” se lhes reteve toda a documentação, e ficam em uma espécie de limbo jurídico, como párias dentro da sociedade comunista (La VanguardiaEuropa Press, 09 de janeiro de 2015).

Transporte público em Havana
Transporte público em Havana
Na realidade, todas essas fraudes e farsas castristas são conhecidas pelas embaixadas em Havana e pelas chancelarias do mundo inteiro, especialmente pela secretaria de Estado dos Estados Unidos e pela secretaria de Estado do Vaticano.

O mesmo botox publicitário que agora o regime aplica novamente por ocasião das negociações com os Estados Unidos, e em função da próxima visita do pontífice Francisco, já havia sido aplicada nas vésperas das visitas papais de João Paulo II e Bento XVI.

Não obstante, mantém-se um misterioso silêncio sobre essas farsas do regime cubano. E o cardeal Ortega continuou e continua, como se não ocorresse nada, como Pastor do desditoso rebanho católico cubano.

Talvez nunca antes na História tantos dirigentes mundiais convergiram para salvar uma ditadura do naufrágio, como é o caso do regime castrista.

Os cubanos dentro e fora da ilha que dedicamos nossas vidas a lutar, no plano das idéias, pela liberdade e dignidade de Cuba, estamos dispostos a continuar desmascarando as manobras da ditadura castrista e analisando publicamente as atitudes de seus altos protetores, esperando contra toda esperança (Epístola aos Romanos, 4-18 e 19).

Repressão às Damas de Branco
Repressão às Damas de Branco
No caso do cardeal Ortega, por sua longa trajetória de décadas de atitudes pró-castristas, estamos ante um Pastor disposto a dar sua vida pelos Lobos, e não pelo rebanho a ele encomendado, que encontra-se indefeso, órfão e desamparado.

É preciso dizer: todo este drama cubano, de quase seis inimagináveis décadas de injustiça, miséria comunista e sangue, desenvolve-se ante a Indiferença, com I maiúsculo, de boa parte da opinião pública mundial, assim como ante a pertinaz e enigmática Colaboração, com C maiúsculo, de considerável número de dirigentes e elites do mundo inteiro.

Que o bom Deus, ao qual neste momento recorro clamando por Justiça, ajude o indefeso, órfão, desamparado, maltratado e dizimado rebanho cubano e remova a Indiferença mundial sobre esse drama inimaginável.


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Havana sente as costas quentes para reprimir

Damas de Blanco pedem em Havana a libertação
de seus maridos prisioneiros políticos, 16.3.2015



“Nas últimas semanas, e especialmente nos últimos dias, estamos padecendo o enrijecimento da repressão em Cuba”, disse Orlando Gutierrez Boronat, do Directorio Democratico Cubano, uma organização de cubanos exilados que denuncia a multiplicação de modo “dramático” da repressão comunista na ilha, informou o site 20minutes.fr.

Num só dia domingo, as organizações livres de cubanos em Miami receberam o aviso de mais de cem encarceramentos de dissidentes e um recrudescimento das violências contra as casas dos opositores.

“Há uma relação direta entre a política de normalização das relações do regime castrista com os EUA e o reforço da repressão. Por quê? Porque o regime se sente impune”, explicou Gutiérrez.

Em Havana, o dissidente Elizardo Sánchez confirmou a captura “de uma centena de pessoas” simpatizantes da marcha das Damas de Blanco, um grupo de esposas de prisioneiros políticos formado em 2003. Como é costumeiro, os presos foram liberados algumas horas mais tarde, não sem antes receberem uma explícita ameaça.

As cenas da repressão se repetem, mas o regime sente as costas quentes.
As cenas da repressão se repetem, mas o regime sente as costas quentes.
O degelo entre o EUA e Cuba sob a égide do Papa Francisco não existe para quem não afina com o regime comunista.

A normalização passa pelos sinistros cárceres, mas foi reforçada pela visita do impopular presidente socialista francês François Hollande. Esses gestos diplomáticos foram interpretados pela ditadura como uma “luz verde para esmagar a oposição e receber investimentos estrangeiros”, explicou Orlando Gutierrez Boronat.

Por sua vez, a secretária de Estado americana para a América Latina, Roberta Jacobson, reconheceu diante da Comissão de Relações Exteriores do Senado que a questão dos direitos humanos e da democracia continuavam sendo o principal escolho para restabelecer relações sinceras e justas dos EUA com Cuba.

A perseguição anticatólica em Cuba se sente apoiada pela escalada da Teologia da Libertação no Vaticano, a qual vem inspirando a política de aproximação da Santa Sé com países comunistas ou ditaduras socialistas.


segunda-feira, 1 de junho de 2015

Bolivarianismo aos pés de uma China
que estadeia bilhões que não tem

Dilma e Li Keqiang prometendo o que não tem e que não vai dar.
Dilma e Li Keqiang prometendo o que não tem e que não vai dar.



O premiê chinês Li Keqiang passou pela América Latina agitando promessas mirabolantes. No Brasil, acenou com um faiscante pacote de projetos no valor de US$ 53 bilhões (R$ 160 bilhões).

É claro que nada será grátis e, como o Brasil não tem dinheiro nas quantidades requeridas, o dirigente comunista assume ares de um super-gato olhando de cima para um mísero rato que ele deseja astutamente engolir.

Mas o que tampouco está claro é se a China possui o dinheiro que diz ter, de tal maneira são graves as dúvidas sobre a saúde financeira do gigante asiático, que não exibe suas contas de modo convincente. Nesse caso o super-gato não passa de uma fantasia de papel crepe, como gostam os chineses.

A promessa de maior destaque é uma eventual participação chinesa na Ferrovia Transoceânica que ligaria a nossa Ferrovia Norte-Sul à costa do Pacífico, no Peru, com um custo estimado entre 4,5 e 10 bilhões de dólares.