quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

2015: bolivarianismo foi “estrela cadente” no firmamento latino-americano

Tudo valeu para trucar nas eleições, mas recusa foi demais e chavismo sofreu catástrofe eleitoral.
Tudo valeu para trucar nas eleições, mas recusa foi demais
e chavismo sofreu catástrofe eleitoral.





1) Venezuela: Maduro leva surra eleitoral e atenta contra a ordem institucional

2015 foi um “annus horribilis” do socialismo bolivariano, cujo naufrágio na Venezuela tornou-se patente já nos primeiros meses.

À insatisfação causada pela carência de produtos básicos — alimentares, hospitalares, de higiene pessoal, e muitos outros — o governo reagia prendendo executivos das respectivas redes distribuidoras ou os próprios fabricantes.

A mídia estava quase toda nacionalizada e o governo se irritava com a atuação de jornalistas estrangeiros.

Altas patentes das Forças Armadas foram presas por “conspiração”, enquanto o presidente do Legislativo, Diosdado Cabello, foi apontado como chefe de uma rede de generais que controla a exportação de droga.



Maduro racionou a energia elétrica e sugou as moedas estrangeiras, a ponto de companhias internacionais fecharem seus negócios e empresas aéreas cancelarem seus voos.

As Forças Armadas reprimiram protestos, invadiram fábricas para impedir que se tirassem fotos das filas em busca de alimentos.

A inflação oscilou entre 200% e 500% segundo as fontes, as cédulas perderam valor (a maior valia R$ 0,42, hoje não se sabe), fazendo com que os próprios bandidos se desinteressem de roubá-las.

O governo não tinha sequer papel para imprimir. Nos mercados oficiais, só se compram farinha, leite, xampu, papel higiênico e outros produtos essenciais, num sistema de rodízio semanal definido pelo último número do RG!

A carência de itens chegou a 75% em agosto e gerou saques e violências com mortos. Nos hospitais, os parentes dos doentes procuram fora insumos médicos.

Mais de mil médicos cubanos enviados ao exterior para sustentar o regime procuraram asilo nos EUA, a fim de fugir da miséria e da violência.

Maduro forjou atritos fronteiriços visando uma onda de popularidade nacionalista. Muitos colombianos tiveram de abandonar o país em condições dramáticas, cruzando córregos a pé, com os pertences nas costas.

Eles foram arrancados de suas casas como nos tempos stalinistas . O pretexto foi a acusação de atuação de que atuavam em máfias de contrabandistas, muitas vezes, aliás, ligadas ao socialismo do século XXI.

Maduro pediu às Forças Armadas 'defender a pátria' contra a 'burguesia capitalista' que ganhou o Legislativo.
Maduro pediu às Forças Armadas 'defender a pátria'
contra a 'burguesia capitalista' que lhe tirou o Legislativo.
Os distritos eleitorais foram reconfigurados, rebaixando o número de deputados elegíveis em regiões opositoras e aumentando as cadeiras em bastiões chavistas.

Líderes opositores foram encarcerados e candidaturas adversas, vetadas. Muitos venezuelanos fugiram da opressão socialista, da miséria e da criminalidade buscando o exterior.

Em dezembro, a oposição conquistou — mesmo com as irregularidades denunciadas — dois terços das cadeiras do Legislativo.

Maduro reconheceu a derrota, mas logo convocou o exército para uma “guerra não convencional” contra “a direita e a burguesia, que entregam a partir das posições que conquistaram”.

A nova legislatura tomou posse “protegida” por um intimidador esquema de segurança militar formando cinco círculos de controle.

O que Maduro diz, os deputados contestam, e vice-versa.

Não se sabe quem manda nem no que é que vai dar a imensa desordem legal, social, econômica e moral.

Não gostou nada e mostrou o melhor que podia
Não gostou nada e mostrou o melhor que podia

2) Argentina: peronismo cai de podre e Macri tenta reerguer o país

Na Argentina, Cristina Kirchner começou o ano com “um cadáver no colo” : o promotor Alberto Nisman, assassinado quando ia apresentar no Congresso o resultado das investigações do atentado perpetrado contra uma associação hebraica, que matou mais de uma centena de pessoas.

O relatório indiciava figuras do governo relacionadas com o extremismo árabe anti-EUA. O crime evocou a eliminação de dissidentes na Rússia e sua sombra acompanhou o governo populista argentino até a débâcle final. O Senado americano requereu um “inquérito claro” e o “The New York Times” pediu uma “investigação internacional” sobre a “morte suspeita” do promotor .

O governo “nacionalista” multiplicou laços com a China e a Rússia. A presidente franqueou à combalida petrolífera russa Gazprom a exploração das imensas jazidas de gás da Patagônia.

Também propiciou exercícios militares conjuntos e troca de informações policiais. Putin considerou a Argentina como “melhor aliado na América Latina” e prometeu investimentos.

Mas estes se revelaram inconsistentes quando o Banco de Desenvolvimento russo não depositou os US$ 2,6 bilhões prometidos para uma barragem .

Com a China, Cristina Kirchner assinou dezenas de acordos, alguns deles secretos, que permitiram a instalação de uma base chinesa na Patagônia com objetivos também militares e em cujo recinto não vigora a soberania argentina.

O governo peronista sofreu reveses eleitorais até o advento de eleições nacionais em outubro, quando foi seriamente derrotados em todos os níveis.

Circunscrições eleitorais-chave, governos estaduais e grandes prefeituras passaram para o domínio da oposição. No segundo turno, a enorme onda de insatisfação conduziu o oposicionista Mauricio Macri à Casa Rosada.

Macri prometeu outro estilo que os argentinos queriam há muito tempo.
Macri prometeu outro estilo que os argentinos queriam há muito tempo.
A catástrofe peronista-bolivariana pressagiou um recuo geral da esquerda latino-americana.

O novo presidente anunciou que vai desestatizar a economia, devolver à rua os funcionários públicos “nhoques” (fictícios), enfrentar os governos antidemocráticos da Venezuela, de Cuba e da Bolívia, e estreitar os laços diplomáticos e econômicos com os EUA.

Cristina Kirchner não suportou a derrota. Ausentou-se da cerimônia de transmissão da presidência, fazendo temer futuros atritos nacionais.

Dilma não morreu de amores por Macri e mandou beijinhos para Maduro.

continua no próximo post: 2016: a estrela petista perde pontas por todo lado. Quem vem?


Um comentário:

  1. Que os fatos anteriores, da Venezuela, Bolívia e Argentina, sirva de exemplo para os governantes ditos Petralhas, que insistem em desenterrar um defunto já decomposto. Que eles busquem governar com objetivos nobres que beneficiem a nação e seu povo e não os seus interesses.

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