quinta-feira, 16 de junho de 2016

A Argentina está chocada
pelos gestos políticos do Papa Francisco – 2

No Rio, na JMJ 2013, Para Francisco com Dilma, Cristina, Evo Morales e o vice-presidente do Uruguai
No Rio, na JMJ 2013, Para Francisco com Dilma, Cristina, Evo Morales
e o vice-presidente do Uruguai pelo Frente Amplo "tupamaro"
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs



continuação do post anterior: A Argentina está chocada pelos gestos políticos do Papa Francisco – 1

O tratamento frio e até carrancudo dispensado ao novo presidente numa recepção no Vaticano estranhamente de apenas 22 minutos fez transbordar o vaso.

Uma simples página de fotos do evento encheu-se de comentários reveladores, originados dos mais variados setores geográficos, ideológicos, culturais e religiosos da Argentina.

Eles apareceram em INFOBAE, 27.02.16, e servem bem de exemplo. Não reproduzimos os nomes completos para preservar a privacidade dos autores:

— “Lamentável a recepção de Francisco. Sua expressão, seu rosto, sua falta de cordialidade mostra a verdadeira posição em relação a Mauricio e da maioria que o elegemos presidente. (...) contrasta com as saudações, afetos, sorriso e outros que exibia ‘antes’. Se algo faltava para nos darmos conta, ele no-lo fez ver claramente hoje. Para mim, Bergoglio ‘já era’”.



— “Eu defendi Bergoglio com capa e espada, (...) não como representante religioso, posto que eu sou ateia. Mas ultimamente, Bergoglio, me tendes decepcionado sob todos os pontos de vista”.

— “Macri queria uma foto com o Papa? Mas [o Papa] olha para ele com mesmo nojo com que olha o diabo!”

— “Que cara faz Bergoglio, não era a mesma quando se fotografava com o bando Kirchner. Patético”.

— “É verdade... ele não quer o Macri, queria o Scioli [candidato presidencial kirchnerista] Que vergonha! E só 22 minutos!”

A desigualdade de atitude de Francisco I ao receber o presidente Macri causou péssima impressão
A desigualdade de atitude de Francisco I ao receber o presidente Macri
causou péssima impressão
— “A cara do Papa é a de um político que não comunga com Macri ... Informaram-te das atrocidades morais e da corrupção que vivemos durante doze anos? (...) Parece que não, por isso tua cara de poucos amigos em relação àquele que procura nos tirar do inferno que deixou tua protegida... Não há mais nada a explicar sobre o Papa e suas preferências. A verdadeira corrupção não lhe tira o sono”

— “Ele sabia bem e sabe tudo. Mas alguém terá posto do nosso dinheiro e muitos milhões e agora é K[irchenista]. Um papelão, outro sem vergonha (...) como se atreve????”

— “E acabou sendo que o papa é um padre militante do kirchnerato. Que desilusão tão grande, eu tinha fé de que neste encontro com o presidente eleito pela maioria dos argentinos iria ter uma atitude mais bondosa e paternal que essa cara de desgosto indissimulável. E o pior é pensar que ele ampara um grupo de delinquentes que logo deverão prestar contas ante a Justiça argentina”

— “O Papa parece acreditar que Judas está a seu lado, e o problema é que Judas deixou o governo em dezembro e ele não percebeu ou não quer admiti-lo”.

— “Mais uma realidade difícil de digerir para o papa peronista. Mas seu Deus quis assim: Mauricio é presidente”.

— “Pensar que eu chorei de emoção quando foi anunciado seu nome como novo Papa. Que desilusão. Se vier na Argentina tentarei não assistir a nenhum ato”.

Por sua vez, a deputada católica Lilita Carrió, da base aliada do presidente Macri, foi mais longe: “A verdade é que Bergoglio não ajuda a pacificar o país. Ele dá poder aos violentos” (“Clarín”, 28.02.16).

A crescente evidência do alinhamento do pontífice com os porta-bandeiras da esquerda socialista-populista foi aumentando seu descolamento dos setores mais sadios da população.

No mês de maio saiu à luz pelo canal AméricaTV que a trabalhadora social Margarita Barrientos, fundadora do refeitório social Los Piletones, considerado um movimento social, viajou em 2013 à Itália juntamente com colaboradores, para conhecer o Papa Francisco, segundo noticiou “La Nación”.

O Papa Francisco parece dar a impressão de que há movimentos sociais 'bons'
(adeptos da esquerda) e 'ruins' (que no aderem ao kirchnerismo).
Na foto com Milagro Sala, hoje em prisão por múltiplos graves crimes e falcatruas.
Funcionários da embaixada argentina ante a Santa Sé providenciaram os tíquetes de acesso. Mas após ter ocupado seu lugar, não longe de uma representante das esquerdistas “Mães de Praça de Maio”, o protocolo da Santa Sé lhe informou que ela e seus acompanhantes deviam sair do salão.

Margarita aceitou com cordura aquilo que era uma expulsão, mas na sua simplicidade não entendeu bem.

No dia seguinte foi até o hotel Santa Marta, onde reside o pontífice, e deixou uns presentinhos e cartas dos beneficiados por sua obra para os pobres. Nunca recebeu qualquer notificação de recepção, telefonema, nem o protocolar terço de presente.

Uma jornalista que também fora expulsa denunciou então que Margarita tinha sido banida da recepção por sua afinidade com o atual presidente Macri, que colabora com sua obra. Margarita acabou reconhecendo diante das câmaras que o Sumo Pontífice não a recebeu “por questões políticas”.

“Isso me doeu um pouquinho. Eu não ia falar mal da Presidente desse momento [Cristina Kirchner ]. Fomos desrespeitados. Tiraram-nos do local sem nos fornecer explicação alguma. Essa experiência foi triste, sentimo-nos maltratados”, disse ela suavemente.

Diante da revelação, o Pontífice informou por vias terceiras que não sabia de nada. Duas semanas depois, circulou que ele enviou a Margarita um convite para ir ao Vaticano com todas as despesas pagas.

Porém, ela negou ter recebido essa oferta. Também explicou:

“Nunca nos deram explicações, também nunca as pedimos, mas não tenho como agir nesse meio. Sei que a jornalista Karina pediu isso e nunca obteve resposta. É um caso encerrado.

“Sim, tinha muito desejo de ir e vê-lo. Foi muito triste, sentia o coração na garganta. Foi sacrifício demais e agora não consigo”, disse ela no programa Mauro Pura Verdad que transmite A24, noticiou “La Nación”.



Margarita Barrientos: “O Papa Francisco não me recebeu”



continua no próximo post: A Argentina está chocada pelos gestos políticos do Papa Francisco – 3


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