terça-feira, 16 de novembro de 2021

Catástrofe eleitoral da esquerda na Argentina

Oposição argentina comemora vitória arrasadora
Oposição argentina comemora vitória arrasadora
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







As eleições legislativas parciais nacionais e estaduais acabaram num desastre eleitoral para a esquerda no poder no mais pleno senso do termo.

O governo peronista, em tudo afim com o lulochavismo continental, perdeu quase tudo o que disputou com uma proporção global de 70% a 30% a nível nacional.

Perdeu a maioria das duas Câmaras legislativas – Deputados e Senado – e muitos legislativos estaduais que se renovavam em quase todo o país.

Antevendo a deprimente derrota, a líder socialista-nacionalista Cristina Kirchner anunciou que não compareceria ao bunker eleitoral da aliança peronista onde seus seguidores mais ardidos aguardavam festejar a vitória partidária.

No grande feudo eleitoral do esquerdismo peronista da periferia operária do Grande Buenos Aires, simbolizado pelo bairro La Matanza, o povo marchou multitudinariamente, pouco se importando com a veda eleitoral, contra o governo que havia votado na anterior eleição .

Protestos nas ruas contra o peronismo afim com o lulochavismo na véspera da votação
Protestos nas ruas contra o peronismo afim com o lulochavismo na véspera da votação
A polícia tentou fazer muros para segurar a multidão que avançava contra as delegacias e sedes de governo local, indignada pelos assassinatos e insegurança que o peronismo, coirmão do lulismo, causou pela libertação dos presos com o pretexto do Covid-19 e pela cumplicidade das autoridades com organizações criminosas.

O governo chegou a convocar o festejo da “vitória” de não ter sido tão esmagado como se esperava na província (estado) de Buenos Aires, de longe o maior eleitorado do país onde perdeu.

Em Córdoba, segundo eleitorado, o governo não chegou a tirar 11%. No terceiro, Santa Fé, conseguiu o 31%. Em Santa Cruz, província de onde saíram os Kirchner e favoreceram até com imensas falcatruas, o kirchnerismo amargou outra deblace.

Para desviar as atenções o presidente Alberto Fernánndez convocou uma manifestação para comemorar a derrota que ele qualificou de “triunfo”.

Em bairro operário, massiva protesta contra a moleza da polícia e do governo
Em bairro operário, massiva protesta contra a moleza da polícia e do governo
O conselheiro eleitoral equatoriano Jaime Durán Barba ficou pasmo: “é a primeira vez que alguém comemora um triunfo porque perdeu”.

Em verdade, comentou, as esquerdas deliram porque deixaram de “contactar com a realidade.

O fato real é que a ampla maioria rechaçou o que está fazendo este governo”, e o presidente parece “ausente da realidade”.

De fato, as maiores preocupações do governo, previas ao pleito eleitoral, fizeram lembrar os momentos finais das piores ditaduras.

Os principais personagens de esquerda esqueciam da realidade porque estavam engajados em ferozes intrigas para remover os juízes que devem se pronunciar nos múltiplos processos de corrupção e atentados islâmicos que pendem sobre suas cabeças e que podem vir a condená-los.

Uma imagem lamentável reveladora da crise que corrói as esquerdas latino-americanas.