segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Horizontes negros para o socialismo europeu

O "socialismo do século XXI" em suas diversas declinações nacionais vai ficando a única esperança do socialismo internacional no Ocidente, além do presidente Obama.

Os graves reveses eleitorais do socialismo na Europa adensam escuras nuvens no horizonte de essa corrente, registrou o diário “Le Monde”. A catástrofe desse movimento intrinsecamente incompatível com o catolicismo nas eleições gerais alemãs (só 23% dos votos, pior resultado da história) somou-se à perda da maioria absoluta dos socialistas portugueses.

Para Alain Bergounioux, diretor de “La Revue socialiste”, “o conjunto do socialismo europeu não consegue renovar seus homens nem suas estruturas”.

Para o Prof. Laurent Bouvet, da Universidade de Nice, “o projeto social-democrata está historicamente acabado” e agoniza face às direitas mais dinâmicas e articuladas.

O festejado filósofo socialista francês Bernard-Henri Lévy interrogado se acreditava que seu partido estava moribundo, respondeu: “Não, ele já está morto. Ninguém se atreve a dizê-lo, mas todos sabem”.


O Partido Trabalhista britânico passa pior, observou o diário portenho “La Nación”. Nas enquetes aparece num envergonhado terceiro lugar nas intenções de voto. Uma queda comparável aguarda aos socialistas espanhóis se houver eleições. 61% dos espanhóis desaprova as medidas do premiê Zapatero.

A exceção veio da Grécia, onde os socialistas venceram largamente as eleições legislativas antecipadas. Porém, uma andorinha não faz verão.

Em julho, as esquerdas levaram uma surra de dimensão continental nas eleições para o Parlamento Europeu, sem falar da contundente derrota da candidata socialista francesa Ségolène Royal à presidência no ano anterior.

“Mais grave ainda: onde os socialistas perderam o poder eles se mostram cada vez mais divididos e sem nenhuma representatividade, como é o caso da França, Itália e agora Alemanha”, acrescentou o diário de Buenos Aires.


O grave é que o socialismo se fantasiou de centrismo para tentar ganhar votos. Ele “pouco a pouco abandonou os dogmas do progresso social, se desproletarizoue se transformou no partido da classe média alta”, comentou o teórico britânico Stuart Thomson.

Porém, a cosmética não só de nada adiantou, se não que desanimou os antigos entusiastas e encheu o partido de interesseiros cheios de vontade de ganhos fáceis em cargos públicos. Na França, o Partido Socialista deixou de ser um partido operário ‒ os operários propendem para a extrema direita ‒ e virou o representante dos chamados “bo-bo” (“bourgeois bohèmes”, burgueses boêmios).

“A direita européia foi capaz de se adaptar à modernidade”, comenta o historiador francês Michel Winock. Mas, os socialistas não conseguem apresentar opções. Se não conseguirem, conclui Winock, “sua inevitável derrocada será uma muito má notícia para o futuro da democracia continental”. Leia-se ‘para o futuro da Revolução universal’.

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