segunda-feira, 17 de março de 2025

Ruínas da coroa portuguesa e gravuras rupestres milenares afloraram na seca da Amazônia

Artefatos de guerra do antigo forte português de São Francisco
Artefatos de guerra do antigo forte português de São Francisco
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






A histórica seca de 2024 na Amazônia trouxe à tona aspectos históricos brasileiros abafados pela grande mídia. Cabe destacar a labor ignorada de esforçados cientistas que agora viram confortada parte de seus trabalhos.

Com a diminuição do nível das águas, emergiram gravuras rupestres no sítio Caretas confirmando que a Amazônia albergou outrora civilizações que moravam em grandes aldeias em frente ao Encontro das Águas, como explicou o arqueólogo Filippo Stampanoni Bassi, segundo “Amazonia Real”.

É errôneo supor que os pobres e decadentes tribos indígenas que hoje apenas sobrevivem na extrema penúria sejam o modelo de organização social, política, econômica e cultural acorde com a floresta úmida amazônica.

Perto de Manaus foram encontradas grandes quantidades de fragmentos de cerâmica e gravuras rupestres, terras negras resultantes de um trabalho sistemático de adubação e agricultura inteligente.

Os petróglifos do afloramento rochoso em Lajes apresentam fortes semelhanças estilísticas com figuras em formato de cabeça que se encontram gravadas ao longo de numerosos pedrais ribeirinhos da Amazônia central.

Eles ocupam paredes extensas debaixo da água, o que torna complexos os estudos, mas ao mesmo tempo revelam uma mística até agora desconhecida.

Elas também desmentem os exageros ecologistas de uma Terra que aquece e seca. Pois ditos petróglifos não permitem negar que quando foram feitos há mais de mil anos, o nível dos rios atingia um nível mais baixo do que o atual.

Gravuras com o mesmo padrão do sítio Caretas, em Itacoatiara
Gravuras com o mesmo padrão do sítio Caretas, em Itacoatiara
“Ou eles foram feitos numa época de grande seca ou houve alguns episódios de seca no passado”, disse o arqueólogo Eduardo Goes Neves, patenteando que a pronunciada seca de 2024, atribuída ao CO2 de procedência humana, bem pode ter acontecido durante milênios em que não havia a atual atividade industrial.

“A gente achava que devia ter uma época que era mais seca na Amazônia. Marta Cavallini encontrou coisas parecidas no rio Urubu e conseguiu fazer umas datações e a idade era de pouco mais de mil anos ou dois”, conta. Novas procuras científicas estão em andamento.

No bairro Colônia Antônio Aleixo de Manaus, na área Onze de Maio, em 2012 foi identificada uma urna funerária resgatada pelo arqueólogo Carlos Augusto Silva e levada para o laboratório de arqueologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Uma das imagens mais impressionantes do pedral foi identificada em 2020. Trata-se do desenho de um rebojo (palavra local para “redemoinho”) de rio, desenhado em um fragmento cerâmico.

Por sua vez, a mesma seca severa revelou outro tesouro histórico na região: as ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga. Construído no século XVIII, foi uma peça-chave para garantir o domínio de Portugal, e, portanto, do futuro Brasil, numa região disputada pela Espanha, registrou “G1”. 

O forte que teve um papel estratégico desanimando expedições espanholas estava no fundo do rio, mas com o baixo nível atual das águas, as ruínas reapareceram.

O historiador Luiz Ataíde que dedicou 20 anos a estudar a região do Alto Solimões achou peças de louça e munições usadas pelos militares quando o forte ainda funcionava.

A conquista da área de fronteira entre o Brasil, Colômbia e o Peru foi marcada pelo Tratado de Madri, em 1750, que garantiu a soberania da região ao governo português; e o Tratado de Santo Idelfonso, em 1777, onde a coroa espanhola pede de volta à Portugal da área territorial onde hoje se encontra a região do Alto Solimões.

Ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga
Ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga
Os acordos diplomáticos não tinham efeito real se não havia uma efetiva ocupação do território. E o forte português cumpriu essa meritória tarefa.

Para honrar a coragem dos militares, o Exército Brasileiro construiu um memorial que reproduz parte da estrutura do forte. Esse inclui canhões e outras peças da época, e pode ser visitado no Museu do Comando de Fronteira Solimões, em Tabatinga.

A seca também permitiu recuperar dois canhões de bronze e uma bala de formato esférico, do forte que vigiava a atual tríplice fronteira com Santa Rosa, do Peru, e Letícia, da Colômbia.

A descoberta dos artefatos bélicos “foi por acaso, contou o cabo militar Alex Pontes, 29 anos. (...) Quando cheguei em uma ponta da praia, me deparei com o canhão”, contou.

Em novas buscas no terreno apareceu um segundo canhão parcialmente submerso e uma bala de canhão com formato esférico, também enterrada, noticiou “O Estado de S.Paulo”.

E põe-se a questão: o Forte São Francisco Xavier pode ter sido erigido embaixo da água ou foi inundado pelas águas do Solimões?

Da segunda hipótese, aliás que teria acontecido em 1932, se tira a conclusão de que historicamente existiram oscilações climáticas e geográficas pronunciadas, não havendo razão para o alarmismo ambientalista com as mudanças atuais.


segunda-feira, 10 de março de 2025

Despovoamento: desaparição da nação cubana prevista em Fátima?

Cubanos fogem da miséria e da ausência de energia
Cubanos fogem da miséria e da ausência de energia
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





Pelas cifras oficiais do regime cubano a população da ilha flagelada e depauperada pelo comunismo caiu de 11.181.595 em dezembro de 2021 a 10.055.968 no mesmo mês de 2023.

Os números da assustadora queda foram divulgados por diversas mídias do mundo.

Desde 2022, mais de um milhão de pessoas, ou 10% da população cubana, deixou a ilha, segundo Juan Carlos Alfonso Fraga, que dirige o Gabinete Nacional de Estatística e Informação do regime. Cfr. “Clarín” de Buenos Aires.

Em 2024, o despovoamento teria batido um novo sinistro recorde ficando a população total abaixo dos 10 milhões.

Nesse ritmo a projeção estatística prevê para o 2100 apenas 5.001.009 habitantes, ou menos da metade de 2000 (10.725.000).

Essa população será composta em 69% por idosos, sendo que a taxa de deperecimento anual oscila entre o -1 % e o -4 %. Cfr. Wikipedia, “Demografia de Cuba”.

Estudos recentes confirmaram que, até 2025, a população da ilha será o país mais envelhecida da região e o país será uma dos 25 mais decrépitos do mundo.

Especialistas como Juan Carlos Albizu-Campos, do Centro Cristiano de Reflexão e Diálogo em Cuba, afirmam que hoje só ficam 8,62 milhões.

Dito em outros termos, um quarto da população, na maioria profissionais, médicos, técnicos e operários qualificados, escapou nos últimos anos. E ainda assim esses foram os mais afortunados.

Cuba precede à Venezuela, que imita o “infernal paraíso socialista” pois caminha para perder dez milhões de habitantes, sobre tudo pela migração fugindo da miséria mais cruel.



segunda-feira, 3 de março de 2025

Nicarágua: socialismo priva doentes até da extrema-unção

Cristo da Catedral de Managua, destruído por bomba jogada por mãos suspeitas guvernamentais
Cristo da Catedral de Managua, destruído por bomba jogada por mãos suspeitas guvernamentais
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Na Nicarágua, o governo de Daniel Ortega na sua política de perseguição à Igreja, proibiu os padres de visitar os doentes nos hospitais e de lhes dar a extrema-unção, segundo informou “Aleteia”.

O futuro da Igreja no país fica mais sombrio a cada mês. A advogada e investigadora nicaraguense Martha Patricia Molina recolheu recentemente uma dezena de testemunhos de sacerdotes de diversas dioceses confirmando a proibição de entrar nos hospitais.

Contudo, o sacramento dos enfermos é essencial na miissao da Igreja para salvar as almas. Pode ser recebido em qualquer idade e quantas vezes forem necessárias.

Por exemplo, na velhice extrema, numa doença crónica, ou em riscos de vida.

A Igreja é muito clara sobre isso ensinando que “um doente poderá receber novamente este sacramento em caso de outra doença grave. Se o estado da pessoa piorar, o sacramento pode ser repetido.

“É aconselhável receber a unção dos enfermos pouco antes de uma operação séria. O mesmo se aplica aos idosos cada vez mais frágeis.”

Acresce que o “socialismo para o século XXI” da Nicarágua, grande amigo do PT brasileiro, dissolveu dez organizações, incluindo universidades, grupos religiosos e organizações não governamentais (ONG) pretextando “irregularidades financeiras” nas entidades, segundo o Vatican News, citado por “Aleteia”.

Mons. Rolando Álvarez, bispo perseguido acabou expulso do país
Mons. Rolando Álvarez, bispo perseguido acabou expulso do país
Isto faz parte de um contexto ditatorial de restrições à sociedade. Desde 2018, mais de 3.500 entidades, incluindo partidos políticos e ONG, foram fechadas pelo socialismo do ex-guerrilheiro Ortega, hoje ditador.

As últimas medidas afetaram especialmente a Igreja Católica, que já sofria pelas repressões anteriores.

Quase 40% dos padres da diocese de Matagalpa teriam morrido suspeitamente ou fugido do país desde 2018.

Muitas comunidades ficaram sem seus líderes religiosos e a capacidade da Igreja Católica de servir os seus membros foi prejudicada significativamente.

O padre nicaraguense exilado Carlos Adolfo Zeledón Montenegro descreveu a situação como “devastadora”.

Ele destacou as dificuldades que enfrentam os fiéis devido à falta de clero. Acrescentou que a capacidade da Igreja de fornecer serviços religiosos básicos ficou muito enfraquecida.

Pelo menos 97 padres foram forçados a deixar a Nicarágua desde 2018 e outros 13 morreram estranhamente no mesmo período.

Essa perda total de 110 sacerdotes representou a diminuição de 20% do clero ativo em 2020.