Maduro está mal, mas está disposto a qualquer coisa para ganhar, ainda que perder! |
O presidente bolivariano Nicolás Maduro anunciou pela TV: “Dedicaremos vários dias para que todo mundo saiba votar”. Obviamente no partido dele, o Grande Polo Patriótico, e nos seus aliados.
E já avisou que se perder, porá o exército nas ruas para ‘salvar a democracia bolivariana’.
Maduro se fez filmar numa curta metragem que o apresenta numa secção eleitoral onde a opositora Mesa de la Unidad Democrática (MUD) é a grande favorita. Encostada na papeleta da opção oposicionista aparecia uma desconhecida Min Unidad utilizando, destacada com a mesma cor, a mesma palavra “Unidad”.
As duas opções são tão parecidas que qualquer cidadão pouco atento não saberia distinguir.
O presidente protagonizou a encenação pela TV para confundir ainda mais, dizendo: “Aqui nós temos Unidad; é a oposição, não é verdade? Unidad, Min Unidad? Bom, aqui está”.
Min Unidad é um partido filochavista fantasma cujo principal objetivo é desviar votos da aliança antichavista.
Trata-se de uma evidente indução ao erro aprovada pelo Consejo Nacional Electoral (CNE), equivalente ao TSE, explorada sem rubor pelo herdeiro de Chávez, escreveu “La Nación” de Buenos Aires.
Um dos principais líderes do partido-enganação é William Ojeda, que em outras épocas apareceu dezenas de vezes junto com Maduro na TV.
Militantes chavistas atacando a opositores em ato eleitoral |
A falta de vergonha é total, mas as intenções são muito claras, comenta “La Nación”: confundir os opositores na hora de votar e reduzir a diferença que a oposição abriu sobre a chapa governista.
Segundo todas as sondagens, a oposicionista MUD está na frente com vantagens que oscilam entre 18 e 30%, faltando menos de um mês para a eleição. A prestigiosa empresa de sondagens Datanálisis calcula uma diferença ainda maior, com 63% para a oposição e 28% para o chavismo.
Eis a explicação para os impulsos “educativos” do presidente socialista.
A perspectiva é de uma hecatombe política jamais imaginada desde que o chavismo se assenhoreou do poder em 1999. 80% dos venezuelanos consideram negativamente a situação do país.
“Nunca vi uma cifra tão negativa como essa”, diz José Antonio Gil Yepes, diretor da Datanálisis.
Mas o chavismo domina tecnologias eleitorais muito revolucionárias e confia na “eficácia” das urnas eletrônicas para tentar reverter o anunciado fracasso histórico.
Henry Ramos, líder de Acción Democrática (que integra a oposicionista MUD) e grande favorito para presidir o Legislativo venezuelano, adverte: “O regime desesperado intensificará a atividade em seus laboratórios de guerra suja. Só há uma lista da oposição: MUD-UNIDAD. Todas as outras e seus candidatos são apoiados e financiados pelo regime”.
O progresso da oposição é visto como um tsunami que deve ser interceptado de qualquer jeito. Os eurodeputados espanhóis que visitaram Venezuela ouviram a ameaça de uma “suspensão das garantias constitucionais” a pretexto dos problemas forjados pelo “socialismo do século XXI” na fronteira com a Colômbia.
A oposição também denuncia que o governo excogita uma artificial bonança econômica para tranquilizar e hipnotizar eleitores outrora chavistas e hoje indignados com uma inflação anual de 200%, com a ausência de produtos básicos e com a queda do PIB calculada em -9%.
Democracia bolivariana desce o pau na oposição |
Denúncias insistem que Maduro esconde mais de 130.000 toneladas de alimentos nos portos do país, para liberá-los na iminência da eleição, dizer que ganhou a “guerra econômica” e que o futuro está garantido.
Nos Mercales [mercados do Estado] os compradores são identificados e, se não tiverem algum arranjo com o PSUV de Maduro, não comem!
O Estado financia a campanha de seus candidatos com dinheiro público e com os meios de comunicação sob o controle socialista. Canais de TV, rádios e jornais dançam maioritariamente ao ritmo das consignas da revolução nacional-socialista.
Situação muito diversa se vive na Internet e nas redes sociais, onde se luta voto por voto.
A desfaçatez oficial é tão grande, que Maduro não quer que seja vista nem pelos observadores de governos amigos, como o brasileiro.
Mas o eco do primeiro turno argentino já chegou lá, e nos conciliábulos chavistas respira-se o ar pesado do fim de um reinado soprado por um bafo diabólico esgotado.
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