Bispos na maior festa religiosa da Patagônia atacam o enriquecimento para 'salvar' a Mãe Terra |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Em tempos de infiltração profunda da Teologia da Libertacao, pronunciamentos episcopais e clericais “engajados” costumavam surpreender com escandalosas adesões aos princípios marxistas da luta de classes radicalmente opostos ao Evangelho.
Nos últimos anos, porém, essas declarações que promoviam o materialismo marxista vêm sendo substituídas por outras que endeusam a Pachamama, ou Mãe Terra, ou ainda Gaia na fraseologia ecologista.
Na essência, continuam as mesmas posições em favor do materialismo, ateu no caso da “Teologia da Libertação”, panteísta no caso da Pachamama.
No primeiro caso o pretexto preferido era agir na defesa dos pobres. No segundo caso o pretexto mais amado é sair na defesa da natureza.
Em ambos casos o inimigo é o mesmo: o capitalismo privado, nacional ou internacional, apontado como fonte de todos os males e desastres sociais e econômicos, agora acrescidos dos ambientais.
Males dos pobres e da pobreza no primeiro caso, sofrimentos e queixas da Terra ferida e violada pelos investimentos humanos no segundo caso.
Houve apenas uma mudança no pretexto, na essência continua o culto ateu à matéria. Mas com a mudança, a sorte dos pobres ficou esquecida ou mandada à breca.
Foi-se o tempo em que D.Casaldáliga pregava a luta de classes comuno-indigenista em clave socioeconômica |
Num pronunciamento conjunto clamaram contra uma iniciativa da propriedade privada que viria trazer um fabuloso enriquecimento à escassa e parcialmente pobre população patagônica.
Eles visavam um oleoduto que cruzará o planalto patagônico do Rio Negro e um porto está sendo construído no sul da província e que fornecerá anualmente 15 bilhões de dólares com exportações de petróleo.
O investimento em andamento, é feito no âmbito do Regime de Incentivos aos Grandes Investimentos (RIGI), no qual o novo governo aguarda de inicio 30 bilhões de dólares e uma entrada anual de 2,5 bilhões de dólares, a partir de 2026, e que fornecerá por volta de 7.000 ou 8.000 empregos diretos e algumas dezenas de milhares de empregos indiretos, quando completado.
Na peregrinação anual à cidade de Chimpay, estado de Rio Negro, o bispo de Alto Valle, Mons. Alejando Benna, junto com os bispos de Viedma, D. Esteban Laxague, e de Bariloche, Mons. Juan Carlos Ares, se voltaram contra o projeto enriquecedor insinuando que seus promotores “não se importam com a terra, com os projetos que hipotecam água e terra”, noticiou “Clarín” de Buenos Aires.
Porto exportador de petróleo e gás liquida enriquecerá a Patagônia. Mas bispos são contra alegando defender a Pachamama |
“É pertinente perguntar-nos se (a obra) não prejudicaria alguns dos ecossistemas pertencentes ao nosso mar territorial e outros que com eles são partilhados”, indagou esquecido dos pobres.
Endereçou nesse sentido uma carta ao governador de Chubut, ao vice-governador, ao procurador-geral, e aos legisladores provinciais, “tendo ouvido vários atores sociais que me expressaram a sua preocupação”, leia-se aos ativistas ecologistas e quiçá indigenistas, dando as costas ao povo que comemora a entrada de um fator que tirará da necessidade a grande parte da população local.
O bispo pergunta na carta às autoridades: “Tem certeza de que isso não afetará o assentamento dos Pinguins de Magalhães, que é vulnerável a derramamentos de petróleo?
“E no repovoamento da Baleia Franca Austral, antes dizimada pela caça e que escolheu o golfo para se produzir?
“O que acontecerá”, acrescenta, “com as principais atividades econômicas das comunidades locais, como a pesca artesanal, o turismo orientado para a pesca desportiva, a caça e a observação da vida marinha, se o tráfego de barcos mudar os seus hábitos face aos derrames que são produzidos?”.
Grupelhos comuno-indigenistas manifestam contra o enriquecimento da Patagônia "em defesa da Mãe Terra" |
Ele esclareceu que “nenhuma de minhas formulações tenta estabelecer posições científicas”, e assim se joga a semear dúvidas sem tomar conhecimento das ‘posições científicas’ que nestes casos é indispensável conhecer para formular propósitos sensatos.
Tentou fugir de eventuais críticas dizendo que “ninguém mudou minha posição ideológica”, portanto reconhecendo que tem uma posição ideológica que, como vimos, acerta o passo com o ambientalismo panteísta.
E encerra com a escapatória de que “só a minha preocupação cívica aumenta o peso de ser o bispo que exerce o ofício pastoral nesta área da província de Chubut”.
Nosso Senhor Jesus Cristo que instituiu a ordem episcopal para ensinar o Evangelho, ficou para outra vez. Agora é a hora de outra divindade e da matéria em clave ecologista.
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