Chilenos recusaram por maioria esmagadora o projeto constitucional propiciado pelo presidente |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A onda de novos governos ultra-esquerdistas parece arrasar América Latina, porém os seus primeiros resultados não fazem pressagiar um resultado minimamente feliz nem no mais curto prazo.
Para o “The New York Times” elas terão uma corta lua de mel, que aliás já passou.
O caso mais clamoroso e recente aconteceu no Chile onde 61,9% repeliu um projeto de Constituição que reunia os mais cobiçados objetivos de todos os partidos e grupelhos da ultra-esquerda chilena.
Porém não há margem para ilusões: o fiasco dos governos da ultra-esquerda não será seguido de uma reação ordeira. O continente marcha para um caos tal vez incontrolável.
Em poucas palavras No Chile, desde a presidência um político de braço tatuado prometeu a mais profunda transformação na sociedade chilena em décadas com uma “rede de segurança social” e carregando os impostos aos ricos.
E o projeto de Constituição que lhe serviria de base foi recusado por maioria esmagadora do eleitorado (62 a 38). Logo passou a prometer um governo de centro-esquerda – para ele “moderado” – e não se sabe bem como tentará mais uma outra Constituição, diz "Clarín".
Nem com macumbas o ultra esquerdista Pedro Castillo consegue um governo não-fugaz |
Na Colômbia, um ex-guerrilheiro prometeu promover indígenas, negros e pobres com uma economia para todos e se abraçou com os colegas que em países vizinhos afundavam no marasmo.
A América Latina se encaminhou para a esquerda na trilha de Andrés Manuel López Obrador no México e pode ainda culminar a estranha marcha com a vitória de Lula no Brasil.
Assim, as seis maiores economias da região seriam dirigidas por líderes de esquerda, embora não conseguem se afastar da marcha endoidecida rumo ao nada.
Os candidatos esquerdistas tiveram em seu favor a animosidade contra os políticos tradicionais, os efeitos da pandemia que aprofundaram a frustração contra o establishment político, a guerra europeia que disparou o custo de combustíveis e alimentos, e piorou as condições de vida.
Hoje os prometedores de milagres estão vendo muito difícil atender as altas expectativas que eles próprios alimentaram.
Lidam com pressões orçamentárias, inflação descontrolada, migração e crises sociais.
Na Argentina, o povo saiu também às ruas contra o esquerdista Alberto Fernández. Protestos ainda subversivos eclodiram no Equador, ameaçando o governo de Guillermo Lasso, um dos poucos presidentes moderados na região, mas deram em nada.
Nem com extravagâncias Gustavo Petro atrai a simpatia dos colombianos |
No Chile, Boric preside um gabinete inexperiente, se apoia num Congresso dividido, e surfa na inflação. Seus índices de aprovação despencaram: 90% diz que o país está estagnado ou regredindo.
O maior grupo indígena que o apoiou se engajou num conflito mortífero que obrigou Boric a ordenar o retorno de tropas na área de conflito, como na era Pinochet que jurava acabar.
No Peru, Castillo mal consegue sobreviver no naufrágio político. Governa de forma irregular, com a aprovação do 19%, segundo o Instituto de Estudos Peruanos.
Ele foi alvo de cinco investigações fiscais, duas tentativas de impeachment e trocou sete vezes ministros do Interior até o momento que escrevemos.
Não fez a reforma agrária que prometeu, os preços de alimentos, combustíveis e fertilizantes dispararam.
Os agricultores sofrem uma das piores crises em décadas, sem fertilizantes sintéticos difíceis de encontrar pelas interrupções mundiais provocadas pela guerra na Ucrânia
Eduardo Zegarra, pesquisador do instituto de pesquisa GRADE acha que a desordem “vai se desenrolar dramaticamente e levará a uma enorme instabilidade”.
Nos bairros pobres da capital Lima, muitos pais pulam refeições para que seus filhos tenham mais o que comer.
Na Colômbia, Petro enfrenta muitas das mesmas dificuldades. 40% das famílias vivem com menos da metade do salário mínimo mensal e a inflação atingiu quase 10%.
Segundo Hernán Morantes, ativista ambiental favorável a Petro “os movimentos sociais devem estão muito ativos para que quando o governo não cumprir”. Quer dizer, de aqui há pouco estarão promovendo arruaças.
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