segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Agonia nos prédios cubanos prestes a desabar

Moradores vão dormir sem saber se amanhã vão acordar
Moradores vão dormir sem saber se amanhã vão acordar
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







O maior medo de Bacyán é morrer com sua filha Lesyanis sob os escombros do prédio onde moram em Havana Velha, se o prédio desabar.

Porque esses desastres costumam acontecer na cidade protótipo do socialismo do século XXI, e ela é um dos 300 inquilinos do arruinado Edifício Cuba, localizado no coração da cidade, segundo descreve reportagem do “La Nación”.

Elisa, 51, vive num dos 700 prédios em Havana catalogados em estado crítico. No final de 2020, 37% das 3,9 milhões de casas do país estavam em condições técnicas razoáveis ou ruins, segundo estatísticas oficiais. O governo nada faz pois, no fim, estão no maravilhoso mundo novo...

Nós vamos para a cama com medo de não amanhecer. Perdi um filho (de uma doença terminal) e não gostaria de perder minha filha também”, diz Bacyán.

O edifício tem seis andares, foi construído em 1940, e foi subdividido em 114 quadrículos para 92 famílias, que não pagam aluguel ao Estado socialista.

Em troca o socialismo o deixou apodrecer: telhados, colunas e muros exibem vértebras metálicas corroídas, pisos afundados, escadas quebradas, rachaduras e vazamentos por toda parte.

Nos tempos da propriedade privada foi um prédio elegante, segundo lembram velhos vizinhos, mas hoje restam apenas ruínas do que foi.

Em Havana, o igualitarismo faz milagres até o prédio cair
Em Havana, o igualitarismo faz milagres até o prédio cair
As crianças não podem nem brincar, porque de vez em quando um pedaço do prédio cai”, explica Bacyán, com lágrimas.

Os desabamentos são comuns nos municípios de Havana, e pasma ver que alguns edifícios em estado deplorável ainda resistem.

Ocasionalmente alguns elementos desses edifícios desmoronam, como aconteceu em janeiro de 2020 com a varanda de um prédio no bairro Jesús María de Havana Velha, causando a morte de três meninas.

O Edifício Cuba “tem danos estruturais desde as fundações até o telhado” e “não é recomendável que as pessoas vivam lá”, porque “desmoronamentos parciais continuarão a ocorrer”, diz o especialista, mas não têm onde ir pois o governo decide tudo e não lhes dá nada.

A deterioração deste edifício e de outros em Havana é afetada pela construção de “mezaninos”, novos banheiros e tanques de serviço, que aumentam substancialmente as cargas do edifício.

Em 2021, houve 146 desabamentos na temporada de furacões, de junho a novembro. As primeiras chuvas provocaram esboroamentos parciais e dois totais em Havana e a morte de um homem, segundo a mídia oficial sempre elogiosa do regime

Cary Suárez, 57, chegou ao Edifício Cuba em 1997, depois que o prédio onde morava desabou, quando levava os filhos para a escola. Sua mãe morreu no desastre.

Por cinco anos, Francisca Peña, 54, liderou os esforços para que as autoridades “tomassem medidas sobre o assunto”, mas isso não faz parte do plano quinquenal marxista.

“Esgotamos todos os caminhos possíveis e não temos resposta”, explica Francisca. Ela admite que a miséria em que vive o país complica tudo.

Ela dorme vestida caso “ter que fugir”, e conta as vezes que todos saíram aterrorizados várias vezes pelos corredores diante do barulho que fazia o prédio.

Prédios afundados no outrora prestigioso Malecón deixaram buracos como dentes que cairam de uma dentadura sem dentista
Prédios afundados no outrora prestigioso Malecón deixaram buracos
como dentes que caíram de uma dentadura não tratada por dentista
“Tenho olheiras, não durmo, vivo aguardando um pedaço cair”, diz Luvia Díaz, assistente social de 50 anos, que vive lotada no último andar com seu companheiro, três filhas e um neto.

As chuvas fizeram um bloco do teto de seu quarto desabar sobre uma cama. “Se minha filha estivesse dormindo, uma tragédia teria acontecido”, observa.

No prédio todos contam suas histórias, mas a de “Pumpa”, 31, que se recusou a revelar sua identidade, é de arrepiar.

Aos dois anos, ela aguardava a mamadeira sentada no corredor do primeiro andar, quando um pedaço do teto lhe esmagou a cabeça e teve que passar por uma cirurgia de reconstrução craniana.

“Tenho medo de morar aqui (...) porque na segunda vez não vou me salvar”, diz enquanto tenta limpar a casa in-consertável.

E é para esse “paraíso comunitário” que estão nos levando as esquerdas comuno-progressistas na América do Sul toda!


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