segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Queijo brasileiro é o melhor do mundo em premiação internacional

Queijo Morro Azul.
Queijo Morro Azul.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







O queijo Morro Azul foi o grande vencedor do Concurso de Melhor Queijo e Produtos Lácteos por um júri de 300 pessoas que se pronunciou sobre 1.900 produtos nacionais e internacionais.

A escolha aconteceu no 3º Mundial do Queijo do Brasil e o resultado foi divulgado em São Paulo, ocasião em que foram distribuídas também 598 medalhas. Ao todo foram 99 medalhas Super Ouro; 149 Ouro; 150 Prata e 200 Bronze, informou a “CNN”.

Produzido na cidade de Pomerode, SC, o Morro Azul é feito pela Vermont Queijos Especiais, liderada pelos irmãos queijeiros, Bruno e Juliano Mendes.

No segundo lugar ficou o queijo suíço Le Gruyére AOP Réserve 14 Meses. Ele havia empatado com o Morro Azul, mas ficou atrás do brasileiro no desempate.

Em terceiro lugar fechando o pódio, ficou outro suíço: o Le Gruyére d’Alpage AOP7, do produtor Stefan Konig.

O Morro Azul é de leite de vaca e tem casca mofada, caracterizado como suave e por massa bastante cremosa. Ele possui notas amanteigadas e lácteas, e é enrolado por uma cinta de madeira.

“O queijo Morro Azul foi nosso primeiro queijo autoral, com receita criada aqui em Pomerode”, disse Juliano Mendes pelas redes sociais ao agradecer o prêmio.

No ano passado, o Morro Azul foi premiado como o Melhor Queijo da América Latina no 35º World Cheese Awards, na Noruega, ocasião em que levou a medalha Super Ouro pelo segundo ano consecutivo.

Queijo Morro Azul foi eleito o melhor  em competição internacional
Queijo Morro Azul foi eleito o melhor  em competição internacional
Os resultados foram obtidos numa segunda fase: após 99 queijos serem premiados com medalha Super Ouro por jurados de diferentes nacionalidades, esses acabaram coroando o exemplar brasileiro.

Estas e sucessivas premiações de produtores brasileiros em competições internacionais põem em relevo o potencial da iniciativa privada nacional.

Ela é favorecida pela abundância e riqueza de matérias primas no Brasil e pela contribuição de gerações de imigrantes e seus descendentes vindos de todas as latitudes.

Enraizados na nossa terra, preservando suas tradições, com esforço familiar à procura da qualidade, sem estimulo estatal, ganham prestigiosos reconhecimentos internacionais.


segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Cuba afunda nas trevas do nada

Cubanos fazem uma sopa na rua em Havana
Cubanos fazem uma sopa na rua em Havana
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Milhões de cubanos iniciaram uma escura fase sem eletricidade nas suas casas de vários dias sendo imprevisível quando ela acabará definitivamente, registrou reportagem do “La Nación”.

O “camarada socialista” responsável pela eletricidade do país, Lázaro Guerra, confirmou que o sistema elétrico nacional colapsou, acrescentando que o desastre só era parcial.

Porém nada prometeu sobre quando voltaria a energia inclusive na capital de Havana com quase dois milhões de cidadãos mais do que favelizados.

As falhas em série na rede elétrica mostrou o evidente: o governo não pode restaurar a energia aos residentes exaustos debilitados por grave escassez de alimentos, medicamentos e combustível.

O furacão Oscar serviu de para-ventos acenando para uma “situação extremamente perigosa” no leste de Cuba que já estava sem eletricidade nem comunicações antes da tempestade que trouxe ventos de até 160 quilômetros por hora.

A rede elétrica nacional de Cuba iniciou sua série de colapsos na semana passada. Logo as autoridades falaram de restauração parcial do serviço logo antes de anunciar outro colapso.

Vários vídeos de protestos na capital apareceram nas redes sociais sem se verificar a autenticidade.

Não houve telefones nem Internet cujo tráfego caiu drasticamente no país todo.

Apagão em Havana, não é execional num universo de carências
Apagão em Havana, não é excepcional num universo de carências
O fato é que a rede nacional está decrépita e os apagões cada vez piores são indissimuláveis.

O governo culpa o embargo comercial dos EUA, a Donald Trump, e faltas peças para operar as destilarias de petróleo.

A nomenklatura comunista cubana culpa os “gusanos” anticastristas refugiado em Miami, publicou “Clarín”.

O povo está acostumado a essas mentiradas aduzidas há 65 anos. Ele sabe que em Cuba tudo cai de podre.

Aqueles que alertaram para a putrefação da infraestrutura e pediram a modernização, nunca foram ouvidos. E o antigo sistema de usinas continuou caindo aos pedaços.

Os radicais do socialismo acham que esse é o preço a pagar para manter seu poder a salvo das “deformações anti-revolucionárias”.

Hugo Chávez injetou petróleo para não ver um McDonald's em Havana, segundo disse mais de uma vez.

Castro ganhou auxílios da presidência de Barack Obama que trouxe alívio para o culpabilizado bloqueio e com a abertura de rotas turísticas para aposentados norte-americanos expandindo Lula pagou um bilionário porto em Mariel. Mas não era o embargo, o Covid-19 parou o turismo e não há o que exportar em Mariel.

Central elétrica flotante no porto de Havana
Central elétrica flotante no porto de Havana
Chávez morreu e a Venezuela continuou caindo numa ruína que disputa em horror da cubana.

A abertura de inversões que sucedeu, a inflação atingiu três cifras, os protestos de 2021 foram castigava com penas extraordinárias, o turismo de burgueses aposentados americanos não voltou e tudo indica que sem energia não voltará mais.

Pelas cifras oficiais a população caiu de 11.181.595 em dezembro de 2021 a 10.055.968 no mesmo mês de 2023. Em 2024, estaria abaixo dos 10 milhões.

Especialistas como Juan Carlos Albizu-Campos, do Centro Cristiano de Reflexão e Diálogo em Cuba, afirmam que só ficam 8,62 milhões. Assim, um quarto da população escapou nos últimos anos.

Precede à Venezuela que caminha para perder dez milhões de habitantes.


segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Da teologia da luta de classes à da Pachamama,
mas sempre contra os homens

Bispos na maior festa religiosa da Patagônia atacam o enrriquecimento para 'salvar' a Mãe Terra
Bispos na maior festa religiosa da Patagônia
atacam o enriquecimento para 'salvar' a Mãe Terra
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Em tempos de infiltração profunda da Teologia da Libertacao, pronunciamentos episcopais e clericais “engajados” costumavam surpreender com escandalosas adesões aos princípios marxistas da luta de classes radicalmente opostos ao Evangelho.

Nos últimos anos, porém, essas declarações que promoviam o materialismo marxista vêm sendo substituídas por outras que endeusam a Pachamama, ou Mãe Terra, ou ainda Gaia na fraseologia ecologista.

Na essência, continuam as mesmas posições em favor do materialismo, ateu no caso da “Teologia da Libertação”, panteísta no caso da Pachamama.

No primeiro caso o pretexto preferido era agir na defesa dos pobres. No segundo caso o pretexto mais amado é sair na defesa da natureza.

Em ambos casos o inimigo é o mesmo: o capitalismo privado, nacional ou internacional, apontado como fonte de todos os males e desastres sociais e econômicos, agora acrescidos dos ambientais.

Males dos pobres e da pobreza no primeiro caso, sofrimentos e queixas da Terra ferida e violada pelos investimentos humanos no segundo caso.

Houve apenas uma mudança no pretexto, na essência continua o culto ateu à matéria. Mas com a mudança, a sorte dos pobres ficou esquecida ou mandada à breca.

Foi-se o tempo em que D.Casaldáliga pregava a luta de classes comuno-indigenista
Foi-se o tempo em que D.Casaldáliga pregava
a luta de classes comuno-indigenista em clave socioeconômica
Exemplo clamoroso disso foi dado recentemente pelos bispos argentinos da Patagônia.

Num pronunciamento conjunto clamaram contra uma iniciativa da propriedade privada que viria trazer um fabuloso enriquecimento à escassa e parcialmente pobre população patagônica.

Eles visavam um oleoduto que cruzará o planalto patagônico do Rio Negro e um porto está sendo construído no sul da província e que fornecerá anualmente 15 bilhões de dólares com exportações de petróleo.

O investimento em andamento, é feito no âmbito do Regime de Incentivos aos Grandes Investimentos (RIGI), no qual o novo governo aguarda de inicio 30 bilhões de dólares e uma entrada anual de 2,5 bilhões de dólares, a partir de 2026, e que fornecerá por volta de 7.000 ou 8.000 empregos diretos e algumas dezenas de milhares de empregos indiretos, quando completado.

Na peregrinação anual à cidade de Chimpay, estado de Rio Negro, o bispo de Alto Valle, Mons. Alejando Benna, junto com os bispos de Viedma, D. Esteban Laxague, e de Bariloche, Mons. Juan Carlos Ares, se voltaram contra o projeto enriquecedor insinuando que seus promotores “não se importam com a terra, com os projetos que hipotecam água e terra”, noticiou “Clarín” de Buenos Aires.

Porto exportador de petróleo e gás liquida enriquecerá a Patagônia
Porto exportador de petróleo e gás liquida enriquecerá a Patagônia.
Mas bispos são contra alegando defender a Pachamama
O bispo de Rawson, Mons. Roberto Álvarez no vizinho estado de Chubut, também manifestou a sua preocupação pela sorte da Mãe Terra.

“É pertinente perguntar-nos se (a obra) não prejudicaria alguns dos ecossistemas pertencentes ao nosso mar territorial e outros que com eles são partilhados”, indagou esquecido dos pobres.

Endereçou nesse sentido uma carta ao governador de Chubut, ao vice-governador, ao procurador-geral, e aos legisladores provinciais, “tendo ouvido vários atores sociais que me expressaram a sua preocupação”, leia-se aos ativistas ecologistas e quiçá indigenistas, dando as costas ao povo que comemora a entrada de um fator que tirará da necessidade a grande parte da população local.

O bispo pergunta na carta às autoridades: “Tem certeza de que isso não afetará o assentamento dos Pinguins de Magalhães, que é vulnerável a derramamentos de petróleo?

“E no repovoamento da Baleia Franca Austral, antes dizimada pela caça e que escolheu o golfo para se produzir?

“O que acontecerá”, acrescenta, “com as principais atividades econômicas das comunidades locais, como a pesca artesanal, o turismo orientado para a pesca desportiva, a caça e a observação da vida marinha, se o tráfego de barcos mudar os seus hábitos face aos derrames que são produzidos?”.

Grupelhos comuno-indigenistas manifestam contra o enriquecimento da Patagônia
Grupelhos comuno-indigenistas manifestam
contra o enriquecimento da Patagônia "em defesa da Mãe Terra"
Nenhuma referência a Deus, à festa religiosa, nem aos fiéis. Só veiculação de suspeitas, em geral demagógicas, da militância ecolo-tribalista visceralmente anti-capitalista.

Ele esclareceu que “nenhuma de minhas formulações tenta estabelecer posições científicas”, e assim se joga a semear dúvidas sem tomar conhecimento das ‘posições científicas’ que nestes casos é indispensável conhecer para formular propósitos sensatos.

Tentou fugir de eventuais críticas dizendo que “ninguém mudou minha posição ideológica”, portanto reconhecendo que tem uma posição ideológica que, como vimos, acerta o passo com o ambientalismo panteísta.

E encerra com a escapatória de que “só a minha preocupação cívica aumenta o peso de ser o bispo que exerce o ofício pastoral nesta área da província de Chubut”.

Nosso Senhor Jesus Cristo que instituiu a ordem episcopal para ensinar o Evangelho, ficou para outra vez. Agora é a hora de outra divindade e da matéria em clave ecologista.


segunda-feira, 11 de novembro de 2024

São Miguel Arcanjo e Satanás disputam pelo Brasil

Projeto gigante de santuário de São Miguel, em São Miguel Arcanjo, SP
Projeto gigante de santuário de São Miguel, em São Miguel Arcanjo, SP
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








São Miguel Arcanjo e Lúcifer disputam pelo reinado espiritual sobre o Brasil. Em Gravataí (RS) uma Nova Ordem de Lúcifer na Terra pretende inaugurar o maior santuário do País dedicado ao rei dos infernos.

A estátua do anjo caído já está construída e tem três metros. Ela receberá rituais de “demonolatria”, culto voltado para alta magia negra, segundo explica Lukas de Bará da Rua, um dos fundadores da sinistra organização religiosa e que se apresenta como uma apalhaçada batina preta, informou o “Correio Braziliense”.

“Lúcifer, na nossa visão, representa a luz do autoconhecimento. Não existe a ‘queda de Lúcifer’. Na verdade, temos uma interpretação diferente sobre as energias que equilibram o Universo”, explica com um linguajar panteísta mais próprio da Nova Era.

Para ele há mais de um Deus, “entre eles Lúcifer”, e não há necessidade de uma Bíblia escrita. Para ele só “existe a Tradição e o conhecimento”, leia-se a iniciação ocultista e a gnose.

Estátua de Lúcifer é instalada em santuário de Gravataí, RS
Estátua de Lúcifer interditada em Gravataí, RS
E Tata Hélio de Astaroth, cofundador da Ordem infernal, acrescenta contraditoriamente estar escrevendo ele próprio sua bíblia denominada “Bíblia do Diabo Segundo a Corrente 72”.

A sede da “Nova Ordem de Lúcifer na Terra” terá cinco hectares e um amplo espaço para contato com a natureza, bem no gosto do ecologismo.

Católicos fiéis à Igreja promoveram no local um terço de reparação.

A inauguração do monumento foi interditada pela Prefeitura em virtude de irregularidade com o alvará, e posteriormente pelo Tribunal de Justiça de Gravataí a pedido da autoridade municipal. As interdições não são definitivas e podem ser levantadas.

Em sentido contrário está em via de conclusão uma estátua de São Miguel Arcanjo com 70 metros de altura no interior de São Paulo, a 1,5 quilômetro da Basílica da cidade de São Miguel Arcanjo, a 180 quilômetros da capital paulista, noticiou a “Gazeta do Povo”.

A estátua será maior que o Cristo Redentor no Rio de Janeiro, que tem 38 metros de altura, e que a Estátua da Liberdade da Havan, em Barra Velha (SC), de 57 metros.

A Basílica de São Miguel Arcanjo na cidade atrai fiéis do Brasil inteiro, mas já não consegue acolher seu grande número. Para acomodar esse público foi estruturado o projeto do Complexo Turístico Gruta do Arcanjo, em uma área de 30 mil m².

O complexo inclui dois prédios, praça campal, estacionamento, espaço comercial, um auditório para 250 pessoas e uma igreja.

A imagem terá 57 metros de altura e 70 metros se se contabiliza a base, que terá um aspecto de rocha.

O modelo inspirador é a Gruta de São Miguel Arcanjo no Monte Gargano, na Itália, o mais antigo santuário na Europa Ocidental dedicado ao príncipe das milícias celestes.

3º maior Santuário de São Miguel Arcanjo do mundo no Paraná
3º maior Santuário de São Miguel Arcanjo do mundo no Paraná
O Papa Gelásio I mandou erigir essa basílica após o Arcanjo São Miguel aparecer por volta do ano 490 várias vezes ao bispo de Siponto perto de uma caverna. Ele pediu que essa lhe fosse dedicada para proteger a região de invasores pagãos.

“São Miguel é o nosso defensor, um anjo que tem uma missão maior que a dos anjos comuns, alguém que está ao nosso lado para nos defender”, evidenciou o sacerdote Márcio Almeida.

Os fiéis brasileiros, indo por um lado num sentido contrário do progressismo e da Teologia da Libertação, e por outro lado intuindo que a ação de Lúcifer está cada vez mais sensível e agressiva, estão recorrendo cada vez mais ao Príncipe das Milícias Celestes.

Outra amostra disso é a afluência dos fiéis ao Santuário Basílica de São Miguel Arcanjo na cidade de Bandeirantes, no Norte Pioneiro do Paraná do qual também fazem parte a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes e dos Nove Coros de Anjos e a Cruz de 81 metros – a maior do Brasil e uma das maiores do mundo, segundo “Aleteia”.

São Miguel Arcanjo do Monte Gargano, Itália, é um modelo seguido no Brasil
Imagem de São Miguel Arcanjo do Monte Gargano, Itália,
é muito venerrada no Brasil
A romaria à basílica paranaense de São Miguel Arcanjo a transformou no terceiro mais visitado santuário de São Miguel no mundo, só superado pelo próprio santuário do Monte Gargano e pela abadia do Mont Saint-Michel na França.

Um homem de negócios e um jovem sacerdote empreenderam a construção de uma igreja dedicada a São Miguel Arcanjo por causa do enorme afluxo de fieis que enchia o barracão improvisado para eles.

Dom Fernando José Penteado, bispo de Jacarezinho na época, chegou a considerar o projeto como “grandioso” demais, mas autorizou.

Três anos depois, em 15 de setembro de 2012, uma imagem de São Miguel Arcanjo, totalmente em aço, foi colocada ao lado do templo que ia ser inaugurado.

Desde então, o local recebe mensalmente cerca de 40 mil visitantes vindos de todas as partes do país. E todo dia 29, data do arcanjo, cerca de 10 mil pessoas comparecem à celebração.


segunda-feira, 4 de novembro de 2024

“Bolsas” socialistas somem e empregados voltam ao trabalho na Argentina

Colheita de uvas no Valle de Uco, Mendoza
Colheita de uvas no Valle de Uco, Mendoza
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








A concessão demagógica de bolsas pelo “socialismo do século XXI” argentino afastou a mão de obra do trabalho e danificou gravemente a produção em regiões inteiras.

O novo governo está recortando esse fator empobrecedor do país e a carência de mão-de-obra vai deixando de ser uma preocupação.

No início de 2024, as “bolsas” repercutiram gerando a negativa de trabalhar por parte dos trabalhadores. 

Então, as perdas chegaram a 40% nos rubros do tabaco, peras, maçãs e cítricos que não puderam ser colhidas e ficavam no campo até apodrecer.

Pablo Vernengo, diretor executivo de Economias Regionais da Câmara Argentina de Médias Empresas (CAME), destacou a “La Nación” que em mais de 30 produções as dificuldades em contratar trabalhadores para a lavoura, sobre tudo para as colheitas, deixaram de ocupar os primeiros lugares numa enorme lista de problemas gerados pela administração peronista-socialista.

Agora, “vemos um pouco de luz: há mão de obra disponível. É uma boa notícia para o setor”, afirmou o gestor.

Vernengo explicou que o trabalho com carteira assinada era sabotado pelos “planos sociais”. ‘Para que trabalhar se assinando a carteira a gente perde a bolsa do governo’ era o raciocínio de incontáveis titulares desses “planos” estatistas.

Colheita de damascos
Colheita de damascos. Volta-se a sorrir
Mas quando ditas “bolsas para os trabalhadores” começaram a acabar muitos voltaram a trabalhar.

Melania Zorzi, presidente da Federação Citrícola de Entre Rios (Fecier), confirmou essa realidade.

“Este ano na área citrícola como os ônibus saem da cidade de Concórdia lotados de trabalhadores para a colheita. Ano passado foi constrangedor, só havia 10 pessoas no ônibus”.

A colheita de frutas cítricas ficava muito diminuída e o custo da movimentação dos empregados em ônibus era impossível de amortizar”, explicou.

Também os benefícios e os valores das “bolsas” estatais caíram ou perderam valor. Assim muitas pessoas viram que era preciso trabalhar.

O anterior governo, nacionalista-peronista, versão argentina do “socialismo XXI”, prometeu combinar as “bolsas” com o trabalho de carteira assinada, mas nada fez.

As pessoas temiam perder as benesses dirigistas, não compareciam e a a maioria das economias regionais perderam grande parte da sua produção.

O novo governo focou as infindas irregularidades na adjudicação dos “planos” e ficou claro que uma tal selva de corrupção era insustentável. Os infelizes “beneficiados” voltaram ao trabalho e a falta de mão-de-obra deixou de ser uma preocupação.

Colheita de peras
Colheita de peras
Vernengo sublinhou que o retorno ao emprego legal ficou irreversível “quando se viu que haveria eliminação de descontroles e que as partilhas ilegais e desvios estavam sendo cortadas”.

As boas notícias beneficiaram a patrões e empregados e a ordem está voltando gradualmente à macroeconomia. Porém, ainda subsiste uma selva de problemas gerados pelo dirigismo socialista que ainda punem os proprietários.

Entre eles, um desarranjo geral de preços, controles, pressão fiscal, impostos exagerados e taxas mirabolantes a nível nacional, provincial e municipal que ferem duramente aos produtores.


segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Argentina faz maior estátua das Américas para Nossa Senhora

Nossa Senhora recebeu em homenagem a maior estátua das Américas, em Catamarca, Argentina
Nossa Senhora recebeu em homenagem a maior estátua das Américas,
Catamarca, Argentina
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Na montanha em que foi encontrada entre os anos de 1618 e 1620 a imagem original da Virgen del Valle (Nossa Senhora do Vale), na província (estado) de Catamarca, Argentina, foi inaugurada a maior imagem de Nossa Senhora do mundo.

Ela reina desde o Cerro Ambato, local do achado da imagem original, e pode ser vista desde diversos povoados da região: El Rodeo, La Cuesta del Portezuelo, a Capital, o Vale do Ambato e Las Juntas.

A imagem faz parte de um conjunto denominado “Caminho de Fé” pago pelo empresário Walter D'agostini, filho de imigrantes italianos que chegaram fugindo das consequências desastrosas da Segunda Guerra Mundial.

A mãe do empresário transmitiu ao filho sua devoção à Virgem do Vale e ele agradeceu com esta obra como um presente de sua família à Virgem do Vale aberto a todos os fiéis que queiram se aproximar.

A estátua por si só mede da base até a ponta que é um crucifixo, 52 metros de altura e é a mais alta das Américas, maior que o Cristo Redentor no Brasil ou a Estátua da Liberdade nos EUA, e equivale a um prédio de 11 andares.

Em baixo dela foi construída uma capela e, através de uma escadaria de 117 degraus, se chega a uma plataforma de 360 graus. A construção durou nove anos, período em que o doador teve que superar muitas dificuldades inclusive econômicas.

Mas a dedicação e sacrifício pessoal do empresário e sua família, conseguiu acabar a imensa imagem.

A Virgem do Vale é padroeira de muitos lugares da Espanha e da América Latina, da Argentina e da Venezuela especialmente.

A descoberta da venerada imagem da Imaculada Conceição, Nossa Senhora do Vale, ocorreu entre 1618 e 1620 numa gruta de Choya, na província de Catamarca, noroeste da Argentina.

A cidade de Choya, segundo documentos antigos, era composta por encomenderos espanhóis a quem a Igreja confiava os indígenas em grande maioria cristãos para lhes ensinar uma profissão, alfabetizar, trabalhar na agricultura e no pastoreio, respeitar a família e a propriedade particular.

Virgen del Valle, estátua em Catamarca
Virgen del Valle, estátua em Catamarca
Um aborígene desses a serviço do encomendero Manuel Salazar ouviu vozes e passos numa tarde e viu um grupo de meninas com lâmpadas e flores que iam em direção à montanha.

Na manhã seguinte, de volta àquele local, seguiu as pegadas das meninas durante vários quilômetros até achar um pequeno nicho de pedra cercado por restos de inúmeras flores.

Por fim, encontrou a imagem da Bem-aventurada Virgem Maria de rosto moreno e com as mãos unidas em forma de oração.

Depois de vários meses, ele contou a seu mestre o que havia visto. Disse-lhe que a veneravam, que ela estava ali entre as pedras, que era morena como os índios e que por isso a amavam e que ele também aprendera a amá-la. Hoje atrai multidões de devotos, sobretudo no Norte argentino.



segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Cuba diminui a ração de pão e troca a farinha por gesso

Filas por todo lado para conseguiir o pão racionado e 'engessado'.
Filas em toda padaria para conseguir o pão racionado e 'engessado'.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







A miséria em que o comunismo jogou o povo cubano cada dia bate um recorde in-imaginado. Agora, o governo cubano ordenou a redução do peso do pão incluído na cesta básica alegando a falta de farinha de trigo no país, noticiou “Poder 360”.

A medida, corta 1/4 do peso do pão que era de 80 gramas para 60 gramas. A disponibilidade desse pãozinho à população também deve ser afetada.

Acresce que a mesma ditadura ordenou a substituição do trigo por gesso deixando a proporção à discrição das padarias do Estado que o fabricam. Os pãozinhos assim chegam a ser quase tão duros como uma pedra.

A decisão da ditadura de Havana acontece num contexto crônico de escassez de ingredientes essenciais no país, mais especialmente daqueles que tem uma produção doméstica insuficiente, o que quer dizer quase todos.

O governo cubano, fez soar como sempre o ritornelo do embargo comercial dos EUA, culpando-o da falta de farinha e de dificultar as transações financeiras internacionais de Cuba.

Pão racionado é misturado com qualquer coisa para fazer volume
Pão racionado é misturado com qualquer coisa para fazer volume
A situação veio a se somar à falta de inúmeros produtos, notadamente dos combustíveis e dos medicamentos.

Moradores de Cuba declararam sua insatisfação à agência Reuters, queixosos pela “nova” política, que na realidade é aplicada há décadas em toda espécie de gêneros.

Mas a população ficou forçada a se resignar. Um protesto mais sonoro pode lhes custar a repressão e a prisão. “Temos que aceitar, o que mais podemos fazer? Não há escolha”, declarou uma moradora do país.

Foi mais uma restrição de um produto essencial acontecida em 2024.

Resignação fatalista à carência de tudo
Resignação fatalista à carência de tudo
Em março, o governo de Havana anunciou o racionamento de energia para evitar um colapso na ilha por conta da falta de combustível e da apodrecida rede de transmissão.

Cuba é o modelo de anti-consumismo aplaudido pelo comuno-progressismo católico que tende para uma miséria de tipo tribal, aplaudido pelas esquerdas latino-americanas.


segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Francisco I estimula invasão de propriedades

Francisco I recebe euforicamente ao chefe das invasões Juan Grabois
Francisco I recebe euforicamente ao chefe das invasões Juan Grabois
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






O Papa Francisco assumiu o rol de principal crítico do governo argentino, questionando sua política de ordem social contra os subversivos “piquetes” e até criticando heróis históricos nacionais, segundo publicou “La Nación”.

Ele até aludiu a uma polêmica invasão de terras em La Paz, província de Entre Ríos, pertencentes a um ex-ministro, liderado pelo chefe das invasões e agitações sociais Juan Grabois.

O proprietário Luis Miguel Etchevehere denunciou atos criminosos e depredação da propriedade agrícola até que a Justiça deu ordem de despejo dos invasores executada pela polícia.

Grabois montou um projeto subversivo com grupos como Juventude pelo Clima e Produtores Rurais Unidos para “tomar posse de forma pacífica e legal” de uma parte da propriedade em litígio, até serem banidos pela Justiça.

O Papa Francisco referiu-se a este episódio para criticar a “má distribuição das terras e da marginalização que isso gera” no ambiente agropecuário. E também contra as propriedades urbanas dizendo: “a violência brutal nos bairros e todas as formas de crime organizado estão a crescer”,

Ele fez um apelo a “um planeamento territorial equilibrado. Apoio constante à agricultura familiar e respeito às famílias rurais que acabam sujeitas ao poder criminoso”, leia-se do poder que confere a legitimidade aos proprietários, no que foi entendido como um apoio a Grabois e um endosso implícito às suas invasões.

Juan Grabois havia sino premiado pelo Papa que o nomeou membro do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano.

Voltando de encontro com Francisco I, o agitador Juan Grabois promovido a Dicasterio vaticano protagonizou bochornosas violências
Voltando de encontro com Francisco I, o agitador Juan Grabois
promovido a Dicastério vaticano protagonizou vergonhosas violências
E eis que o líder da oposição esquerdista protagonizou um episódio violento ao chegar ao aeroporto de Ezeiza retornando da reunião promovida pelo Papa Francisco.

Os passageiros no terminal o reprovaram como ladrão que faria melhor em voltar a Roma com Francisco I. O agitador reagiu violentamente com raiva e a Polícia de Segurança Aeroportuária (PSA) teve de intervir para evitar piores incidentes, acrescentou ainda “La Nación”.

Vários vídeos viralizaram nas redes sociais mostrando a Grabois lutando com quatro agentes de segurança e um membro de seu grupo que tentavam contê-lo, enquanto os presentes gritavam para ele: “Vá com o Papa!” e “ladrão”.

Ele dizia não ter roubado a ninguém, mas o coro de passageiros replicava: “Você roubou dos pobres”, “você roubou tudo”, “você roubou de todos os argentinos”.

A violência continuou na calçada do aeroporto, enquanto Grabois repetia berrando “Não roubei ninguém”, e os passageiros revidando “Você foi mentir para o Papa, seu canalha. Você não contou a verdade a ele”, etc.

A viagem de Grabois a Roma teve um grande impacto político devido à recepção do Papa aos líderes de movimentos sociais, reunidos sob o lema “Plantar a bandeira face à desumanização”.

Ali, o Papa Francisco fez um discurso contundente com uma apologia do protesto social e criticou o governo argentino especialmente pela repressão dos “piquetes” subversivos.

Com Grabois ao seu lado, o Pontífice disse ter visto um vídeo da repressão aos piqueteiros que apresentou como “trabalhadores, pessoas pedindo seus direitos nas ruas”, mas recebendo gás lacrimogênio “de primeira qualidade” jogado pela Polícia. “O Governo em vez de pagar com justiça social, pagou com o spray de pimenta”, sublinhou.

Num outro momento pareceu justificar as invasões de propriedades dizendo genericamente que “se as pessoas pobres não se resignarem, não se organizarem, mas perseverarem na construção quotidiana da comunidade e, ao mesmo tempo, lutarem contra as estruturas de injustiça social, mais cedo ou mais tarde, as coisas mudarão para melhor”.

Relacionamento do subversivo com o Papa é muito próximo e intenso
Relacionamento do subversivo com o Papa é muito próximo e intenso
E exortou os movimentos sociais mundiais: “não encolham, vocês vão para a frente. (...) Uma das coisas que gosto em você é que você não escreve documentos ideológicos”, concluiu voltado para Grabois que se apresenta na Wikipedia como “escritor, dirigente social y político”.

O engajamento do Pontífice com os grupos de esquerda e esquerda radical atraiu as reações mais desagradáveis, mas não por isso desprovidas de de doses de realidade.

O deputado federal Alberto Benegas Lynch disse ser “esgotante” deplorou ter que ouvir “mensagens coletivistas” e “críticas errôneas” nas cerimônias católicas, atitudes que afastam da Missa, citou ainda “La Nación”.

Ele falou, aliás, após assistir à Missa na paróquia de Nossa Senhora do Carmo, na periferia de Buenos Aires: “os católicos deveríamos deixar de dar dinheiro [à Igreja] e de assistir à missa” enquanto continuar essa pregação ideológica e anticatólica.

E acrescentou: “se amamos a nossa Igreja, somos obrigados a defendê-la das infiltrações comunistas”.
E ainda: “sinto-me muito triste por sofrer por causa dos representantes da Igreja que tanto me dificultam a ida à missa aos domingos.

“É cansativo ouvir mensagens coletivistas sobre a propriedade comum, o destino universal dos bens e outras ideias ultrapassadas que, quando aplicadas, levaram à fome africana”, afirmou o legislador.

Território invadido na Patagônia com pretexto indigenista, recusado pela Justiça
Território invadido na Patagônia com pretexto indigenista,
aliás, recusado pela Justiça
“Como católico, penso que devemos ter em conta que, se acreditamos na mensagem de Cristo, alguns representantes da Igreja, como o Papa, têm desvios. Lembremos que a missa inicial do seu papado foi com Gustavo Gutiérrez, que é um dos promotores da Teologia da Libertação. Posteriormente, disse que o seu mentor foi monsenhor Angelelli, que celebrou missa com a bandeira Montoneros e as espingardas cruzadas atrás do altar”, continuou.

“Nas suas declarações ataca constantemente o sétimo e o décimo mandamentos relativos às tiranias [e que ordenam respeitar o direito sagrado da propriedade privada: ‘não furtar’ e ‘não cobiçar os bens alheios’], omitiu-se de as condenar enquanto mandava sinais de simpatia para Castro, Chaves e outros regimes”, lamentou.

À luz destes episódios vergonhosos, compreende-se que o Pontífice, com sua participação na política argentina como líder moral da oposição esquerdista, não tenha jamais pisado seu solo natal.


segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Venezuela: o país em que foi esmagada a propriedade privada

Sem propriedade nem iniciativa privada a Venezuela foi jogada num empobrecimento brusco
Sem propriedade nem iniciativa privada
a Venezuela foi jogada num empobrecimento brusco
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






“Desde siderúrgicas até fábricas de sorvetes, prédios, casas, quase todas as propriedades agrícolas, etc., foram desapropriados.

“Todas essas propriedades nas mãos do Estado faliram em muito pouco tempo e a maioria fechou ou foi subsidiada pelas receitas do petróleo”, afirma o economista venezuelano José Noguera.

“Em 2004, cerca de 20 mil trabalhadores da indústria petrolífera foram despedidos por falta de lealdade à revolução bolivariana”, acrescenta Noguera.

A produção diminuiu de 3,5 milhões de barris por dia para 650 mil hoje, e a economia ficou insustentável e sob Maduro entrou numa crise sem precedentes.

A corrupção sistêmica, a agressiva nacionalização de empresas e de controle cambial levou à falência da Petróleos de Venezuela (PDVSA).

O desequilíbrio monetário e fiscal deu uma inflação de incontáveis números de zeros a cada ano.

O país mais rico do continente agora vive na fome (excetuados os membros do regime ditatorial)
O país mais rico do continente agora vive na fome
(excetuados os membros do regime ditatorial)
Maduro empreendeu um regresso silencioso à economia de mercado para estabilizar o país, cessou o discurso contra o capital e a “burguesia” deixou de ser responsabilizada.

Também o Banco Central da Venezuela voltou a publicar informações sobre as finanças do país, mas de forma seletiva e filtrada,.

A inflação em 2023 foi de 193%, inferior ao aos 305% de 2022. Mas não há nenhuma segurança jurídica para o capital.

“A principal receita do país provém da exploração do ouro, que está nas mãos do Irã e do tráfico de droga”, afirma o economista venezuelano José Noguera.


segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Violência, inflação, fome e êxodo: Venezuela hoje, nós amanhã?

Os hospitais se degradaram a um estado miserável
Os hospitais se degradaram a um estado miserável
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Os venezuelanos pensavam que “nós não nos tornaríamos Cuba quando chegou Hugo Chávez”.

Mas aquela data de 2 de fevereiro de 1999 marcou uma viragem trágica na história do país que abalou o otimismo que até então o tomava por inteiro e os jogou no abismo socialista.

Vinte e cinco anos depois Chávez, o militar de esquerda inspirado em teólogos jesuítas e o seu movimento – hoje representado pelo seu sucessor, Nicolás Maduro – afundariam o país numa miséria comparável à que implantou o regime marxista cubano.

A violência desenfreada, a inflação exorbitante, a repressão sanguinária, a grave escassez de alimentos e medicamentos degradaram a vida de milhões de venezuelanos numa e forçaram a muitos a um êxodo em massa sem igual em nosso século.

“Uma das grandes calamidades do século 21 na América Latina”, afirma Juan Negri, diretor dos cursos de Ciência Política e Estudos Internacionais da Universidade Torcuato Di Tella (UTDT, Argentina), referindo-se à situação atual na Venezuela.

A crise humanitária desmanchou o sistema de saúde. A população, atolou na pobreza generalizada, e depende do sistema público de saúde. Em algumas áreas não há sequer gasolina suficiente ‒ no país de maiores reservas de petróleo do mundo! ‒ para viajar até aos centros médicos.

Até 2000, os hospitais recebiam doações privadas para sobreviver, mas o chavismo no poder as fez desaparecer para se apropriar de seus fundos, que logo foram rapinados.

“O sistema de saúde está em coma, como tendo passado por uma guerra civil”, define Huníades Urbina, vice-presidente da Academia Nacional de Medicina da Venezuela, em diálogo com “La Nación”.

Médicos cubanos num posto de saúde, Guarenas, Venezuela
Médicos cubanos num posto de saúde, Guarenas, Venezuela
A crise profunda de água potável afeta 90% da população e como diz um médico venezuelano que migrou para os EUA: “se não há água não há sala de cirurgia”.

Hospitais do interior do país recebem água durante uma a duas horas por dia, recolhem-na e a armazenam para cirurgias de emergência.

Não há substituição de instrumentos médicos. “Não temos reagentes, injeções, analgésicos, nem gazes”, descreve o diretor da área pediátrica de um hospital do interior.

“Não há diálise, não há transplante de rim, não há medicamentos oncológicos suficientes, não há transplante de medula óssea”, lamenta. “Os pacientes crônicos morrem como passarinhos”, diz Urbina.

O Inquérito Hospitalar Nacional nos 40 principais centros de saúde de referência a nível nacional mostrou haver déficit a nível nacional de 70% no radiodiagnóstico: 80% dos laboratórios públicos não estão operacionais; faltam 50% dos leitos hospitalares.

O Hospital Infantil JM de Los Ríos de Caracas, que em 1987 contava com 420 leitos, hoje conta só com 80 em estado operacional.

Faltam insumos básicos
Faltam insumos básicos
Num grande hospital de Caracas das seis salas cirúrgicas que possuía “só sobrou uma para emergências e outra que é usada como sala de parto”.

A cirurgia dos doentes se faz como em tempo de guerra. Os elevadores não funcionam nem para levar pacientes à sala de cirurgia. Se os médicos levam material próprio, são acusados de roubo e podem ser presos.

O ordenado mensal de um médico residente é de perto de 30 dólares (150 reais aprox.) e um especialista de cerca de 60 (R$ 300 aprox.), diz um médico de Caracas. Abaixo do salário mínimo (cem dólares, ou R$ 500 aprox.).



segunda-feira, 15 de julho de 2024

Emigração trágica dessangra a Venezuela

Dizem eles: Nós deixamos tudo na Venezuela. Não temos um lugar para viver ou dormir e não temos nada para comer
Dizem eles: "Nós deixamos tudo na Venezuela.
"Não temos um lugar para viver ou dormir e não temos nada para comer"
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Venezuela se dessangra protagonizando a segunda maior crise migratória do mundo, atrás da Síria, com 7,3 milhões de cidadãos deslocados.

A agência das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR), calcula que o país perdeu 20% da população e por volta de 2.000 pessoas a abandonam todos os dias.

Mais de um milhão de venezuelanos pediram asilo em todo o mundo, segundo a ACNUR.

Porém a maioria não tem documentação e não tem acesso garantido aos direitos básicos, ficando exposta a riscos de exploração, tráfico, violência, discriminação e xenofobia.

Carlos Iván Suárez, jornalista venezuelano de 37 anos disse ao “La Nación” que fugiu à Argentina em 2018 pela perseguição aos jornalistas. Ele agradeceu à Argentina pela boa recepção aos mais de 163 mil venezuelanos acolhidos nesse país na outra extremidade do continente.

Porém, a maioria dos venezuelanos deslocados vive na Colômbia, Peru, Estados Unidos, Equador, Chile, Espanha e Brasil.

Segundo a relatora da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Esmeralda Arosemena de Troitiño, denunciou como causa deste êxodo de dimensões bíblicas as violências da ditadura que resultam em violações sistemáticas dos direitos individuais.

Emigrantes venezuelanos poderão ser logo por volta de 9 milhões avanzou a Agência Brasil
Emigrantes venezuelanos poderão ser logo 9 milhões avançou a Agência Brasil
“O caminho e o motivo foram terríveis, foi um desenraizamento total, parecia uma derrota total sabendo que o país não parava mais e que tudo já estava perdido”, disse Alex Perez Ortuno, desenvolvedor de software de 45 anos, na Argentina em dezembro de 2014.

“Democracia” é tal vez o termo mais abusado nos presentes dias até para justificar falaciosamente o contrário.

Assim, “os venezuelanos votam com os pés atravessando a fronteira aos milhares”, explica Juan Negri, da UTDT.

O relatório da Freedom House 2024, aponta que desde 1999 as instituições democráticas do país se deterioram cada vez mais gravemente a cada ano que passa.

A Venezuela com baixíssimos índices de liberdade e democracia não é mais considerado um país livre, mas sim autoritário.

O Índice de Democracia do “The Economist”, o autoritarismo vem “de longa data” e o país está no 142º lugar num total de 167, sendo o penúltimo no continente, atrás apenas da Nicarágua.

A chegada de Nicolás Maduro ao poder intensificou o retrocesso democrático.

Cessou a democracia guardas Nacionais prendem manifestante anti Nicolás Maduro, em Caracas
Cessou a democracia: guardas Nacionais prendem manifestante anti Nicolás Maduro
“O governo venezuelano estigmatizou, assediou e criminalizou as pessoas críticas do governo”, afirma Ana Piquer, diretora para as Américas da Anistia Internacional.

O sistema eleitoral foi despojado de imparcialidade e transparência. As eleições são amplamente tidas como ilegítimas e carentes de credibilidade.

As presidenciais deste ano também serão plagiadas pelo partido no poder, apesar das tentativas de mediação internacional para torná-las transparentes.

Cessou a independência judicial e os opositores são detidos e processados sem respeito pelos direitos fundamentais. A ONG Foro Penal, em 26 de fevereiro contava 264 presos políticos.

Mas os encarceramentos por motivos políticos de janeiro de 2014 a 31 de dezembro de 2023 totalizaram 15.812.

A ONU manifesta preocupação alertando contra “o recurso arbitrário à privação arbitrária de liberdade, incluindo o confinamento em “regime incomunicável em casas clandestinas, sem respeito pelas garantias legais mínimas básicas, bem como a privação da vida por razões políticas ou contra pessoas vistas como opositoras ao governo”.

Venezuelanos fogem de seu país
Venezuelanos fogem de seu país
Infelizmente declarações do gênero ficam apenas no papel e enchem as prateleiras dos arquivos burocráticos da ONU.

E tudo continua se passando como se uma maldição do Céu tivesse caído sobre a Venezuela.

Somente uma intervenção ou missão divina poderá pôr lhe fim.