Retorno do comunismo: Putin na Rússia, Pedro Castillo no Peru |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O Peru apresenta um novo governo composto de marxistas de diversas tonalidades que desafiam a estabilidade da América do Sul.
O novo presidente extremista se apoia nos regimes de esquerda que retornaram na Argentina e na Bolívia, que perduram na Venezuela e na Nicarágua, nas arruaças que incendeiam o Chile e a Colômbia.
Anos antes, o Papa Francisco I aceitando de presente uma grande foice e martelo com um Crucificado das mãos de Evo Morales que cairia em pouco tempo mas acabaria retornando, pareceu realizar um gesto simbólico "profético" dessa ida e volta.
Notícias surpreendentes como as do Peru caem como raio em céu sereno com crescente frequência, e não só em nosso continente. Dir-se-ia que múmias ressuscitam dos mausoléus do comunismo e se instalam nos centros de poder que ditam o rumo da civilização do III Milênio.
O retorno do comunismo que se julgava morto, espanta a muitos. Mas não a todos, observou no início do processo, o influente e perspicaz jornal milanês “Il Corriere della Sera” em editorial intitulado “As lições não ouvidas da História”.
Segundo ele, tal espanto testemunha o fato de que muitíssimas pessoas, talvez a grande maioria, preferem não prestar ouvidos às lições da História.
Nesse fechamento voluntário, pesa muito o anseio de conservar a qualquer preço vida gostosa de todos os dias. E, sobretudo, de não fazer previsões lógicas para o futuro que soem "pessimistas" e peçam alguma iniciativa cauta.
Atitudes preconcebidas como essa fez Albert Einstein dizer que é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito, lembra o jornal italiano.
Quando em novembro de 1989 caiu o Muro de Berlim, e dois anos depois a União Soviética implodiu, parecia ter-se fechado a sinistra era inaugurada pela Revolução bolchevista de 1917.
Com uniformes soviéticos, soldados russos encenam a tomada do Reichstad em 1945 enquanto Putin promete restaurar as 'glórias da URSS' |
Milhões de pessoas comemoraram, e com justas razões. Porém, segundo o jornal milanês, quase ninguém, excetuados pouquíssimos, que ele qualifica de os “melhores”, quiseram refletir seriamente sobre o acontecido em mais de sete décadas de regime soviético.
Muitos poucos eclesiásticos ou leigos contagiados pela perversa utopia igualitária marxista decidiram tratar abertamente do problema e corrigir os erros do passado. Eles ficaram entocados, declarando arbitrariamente que tudo tinha acabado e entrávamos num "mundo de Alice e das mil maravilhas conservadoras" .
Havia ficado evidente a ideia sumamente falsa de que a fonte de todos os males era a propriedade privada e seus corolários, a livre iniciativa e a liberdade de mercado, que produzem naturalmente o capital.
A propriedade privada, segundo o conceito marxista, é uma espécie de “mal supremo” gerador das odiadas desigualdades entre os homens.
Na queda da URSS também ficou evidente que a invasão do Estado e o dirigismo burocrático nivelador estavam na base de seu estrondoso fracasso.
Porém, quase ninguém quis refletir seriamente sobre isso, e até mesmo os atos criminosos de massa como os praticados por Stalin e seus comparsas da Internacional Comunista foram declarados esquecidos.
Não foi feita a indispensável reflexão, o balanço, não foram tiradas as lições dos erros cometidos para nunca mais cair neles.
A falsa premissa contra a propriedade privada continuou latejando. Na América Latina, por exemplo, continuaram crepitando nos 'movimentos sociais' neocomunistas, tribalistas e ecologistas. O coletivismo continuou sendo pregado em cenáculos ativistas, contradizendo os resultados catastróficos dos fatos.
Um dia, quando muitíssimos achavam que o comunismo e seus erros tinham desaparecido, eles voltaram. E a reação foi em muitos o do avestruz diante do perigo.
A foice e o martelo aliadas à Teologia da Libertação ficaram entocadas e hoje voltam para surpresa geral dos que foram mantidos no engano. |
O gesto do pontífice argentino foi um insulto à memória dos milhões de homens que viveram como escravos durante décadas sob bandeiras com a foice e o martelo. E centenas de milhões ainda vivem assim em vastas regiões da Terra como na China cada vez mais agressiva.
Quando a URSS caiu, numa passeata em Moscou os manifestantes levavam faixas com os dizeres: “Proletários de todo o mundo, perdoai-nos”.
E no Ocidente? Os que propagaram e executaram essas mesmas ideias criminosas pediram análogas e proporcionadas escusas?
Nos ambientes católicos, teólogos, bispos, e até conferências episcopais inteiras favoreceram esses erros disfarçados sob enganosas teologias. Eles corrigiram o rumo, repararam o mal feito e trabalharam para construir o bem oposto?
Não. Espantosamente, não.
Agora esses erros aí estão, empurrando o mundo para os velhos e satânicos abismos do crime e da impiedade.
Uma exceção não pode ser omitida. Foi a de um grande brasileiro.
Plinio Corrêa de Oliveira advertiu a necessidade de uma correção para os erros comunistas não voltarem. Não foi ouvido, e o comunismo voltou. |
No documento, ele denunciava a parte que incontáveis “inocentes úteis” de Ocidente tiveram na desgraça comunista, e os exortava a uma emenda.
Ao mesmo tempo, apontava a assustadora colaboração de largos e categorizados setores eclesiásticos do Brasil, do Vaticano e do mundo com o Leviatã de horrores morais, filosóficos e humanos do regime comunista.
Plinio Corrêa de Oliveira exortou fraterna e filialmente esses eclesiásticos a se emendarem, a repararem o mal feito e recomeçarem a levar o rebanho de Cristo pela senda gloriosa da Igreja e da Civilização Cristã.
Mas não foi ouvido. Seu nome foi até denegrido em cochichos nos meios políticos, nas sacristias ou nos bispados.
Agora, a Humanidade contempla com espanto o ressurgimento daquele mal satânico do qual Plinio Corrêa de Oliveira quis poupar os homens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.