domingo, 5 de agosto de 2012

Revolta pela morte de dissidente cubano atribuída à polícia castrista

Enterro de Oswaldo Payá.
Enterro de Oswaldo Payá.
Oswaldo Payá, 60, um dos dissidentes mais conhecidos de Cuba e líder do líder Movimiento Cristiano Liberación, morreu num estranho acidente de carro. Um de seus três acompanhantes, também dissidente, faleceu junto.

O regime divulgou uma foto grosseiramente falsa do acidente e numa tentativa de abafar o caso indiciou o motorista – um jovem dirigente espanhol da juventude conservadora do partido Popular (PP) .


“Havia um carro tentando tirá-lo da estrada, forçando-o em todos os momentos. Eles queriam machucá-lo e acabaram matando meu pai”, disse sua filha Rosa Maria em uma gravação divulgada por Carlos Payá, irmão do dissidente, informou “O Globo”.

“Há vinte anos pensávamos que algo assim seria possível — disse Carlos em entrevista à CNN – acrescentando que seu irmão era constantemente perseguido pela polícia cubana. O próprio Carlos, hoje exilado, disse ter sofrido atentados análogos quando ainda estava na ilha.

Payá, que nos anos 60 havia sido enviado a um campo de trabalho devido às suas crenças católicas, recebeu em 2002 o Prêmio Sakharov, o maior prêmio de direitos humanos da União Europeia. Foi também indicado duas vezes para receber o Prêmio Nobel da Paz.

Mais recentemente, ele liderou uma campanha por um referendo contra o governo, para a qual foram recolhidas mais de 30 mil assinaturas. Mas o governo desprezou a proposta.

No enterro pedem liberdade.  Fora da igreja a polícia prendeu dezenas de pessoas.
No enterro pedem liberdade.
Fora da igreja a polícia prendeu dezenas de pessoas.
“A morte de Payá é trágica para sua família e para o movimento de direitos humanos e pró-democracia em Cuba – disse à Reuters Elizardo Sánchez, chefe da Comissão Cubana de Direitos Humanos, que apesar de ilegal, é tolerada no país.

Quarenta ativistas amigos de Payá, incluindo seus assessores mais próximos, estavam entre os 75 críticos de Castro presos em uma operação contra dissidentes em março de 2003. Eles receberam sentenças de prisão de até 28 anos, mas acabaram sendo libertados em 2011.

O enterro se realizou no carregado clima de repressão inaugurado na ilha por ocasião da visita de S.S. Bento XVI. Dezenas agentes policiais à paisana vigiavam o cemitério Cristóbal Colón, em Havana, onde foram prestadas as últimas homenagens ao falecido.

Os agentes do esquema repressivo e grupos de agitadores ligados ao governo tentaram dificultar o ingresso do público ao cemitério.

Várias dezenas de opositores foram presos no ato, de acordo com denúncia feita por dissidentes ao jornal espanhol ELMUNDO.es . Entre eles havia Damas de Blanco e o opositor Guillermo Fariñas.

“Fariñas foi levado por três policiais num carro azul”, garantiu um opositor.

Os policiais não demonstravam preocupação pela presença do Arcebispo de Havana, cardeal Jaime Ortega e Alamino, estreitamente ligado ao governo e cooperador em episódios de repressão religiosa até em templos. Também o telegrama de condolências de S.S. Bento XVI não produziu efeito visível algum.

Por volta de 400 pessoas estavam presentes na capela. Quando elas foram hostilizadas pelos agentes socialistas, começaram a bradar, segundo testemunhas: “Liberdade! Liberdade!”.

A viúva de Payá, Ofélia Acevedo, puxou o grito, informou o opositor Orlando Luis Pardo a uma rádio de Miami.



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