segunda-feira, 22 de junho de 2020

“Infectadura”: denúncia de 300 cientistas argentinos

Malgrado quarentena, panelazos soaram por toda Argentina contra a 'infectadura'.
Malgrado quarentena, panelazos soaram por toda Argentina contra a 'infectadura'.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Trezentos cientistas, intelectuais e jornalistas denunciaram a manipulação governamental argentina da quarentena obrigatória para criar uma “Infectadura”, ou ditadura socialista dissimulada de luta contra a epidemia, noticiou a imprensa portenha.

Os cientistas líderes procedem do CONICET (Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas) – o maior instituto científico oficial do país platino. https://www.conicet.gov.ar/

O principal indiciado é o presidente Alberto Fernández, de tendências chavistas mal dissimuladas. A extensão da quarentena com base em critérios políticos e o modo como está sendo aplicada fornecem a base da acusação.

Para o texto completo e a lista dos assinantes

A carta aberta intitula-se “A democracia está em perigo” e diz, entre outras coisas: “Nenhum país estava preparado para a pandemia, mas a primeira reação do Estado argentino foi negar a existência do problema, apesar das advertências de um setor independente da comunidade científica e política”.

Vicentin quarta maior exportadora do agronegócio expropriada pela 'infectadura'.
Vicentin quarta maior exportadora do agronegócio expropriada pela 'infectadura'.
Aliás — comentamos —, reação semelhante à do ditador chinês Xi Jinping diante do início da pandemia em Wuhan.

A denúncia ainda afirma que “o presidente Fernández anunciou ter iniciado ‘a hora do Estado’. A frase (...) descreve um fenomenal avanço na concentração do poder para eludir qualquer tipo de controle institucional”.

“Em nome da saúde pública, uma versão aggiornata da ‘segurança nacional’, o governo achou na ‘infectadura’ um relato legitimado por especialistas (...) ignorantes das consequências sociais de suas decisões” — acrescenta o documento.

“Nestes dois meses, houve dezenas de milhares de presos e milhões de punidos em nome de sua própria saúde. (...)

“Estados e cidades que se fecharam como condados medievais. Aulas suspensas, doentes que não podem continuar com seus tratamentos, famílias separadas, mortos sem funerais e, agora, a militarização dos bairros populares”.

“O desdém pelo mundo produtivo não tem precedente com a consequente perda de empregos, o fechamento do pequeno comércio, de empresas e o aumento da pobreza.

“Os créditos (...) e a assistência das pequenas e médias empresas foram táticas publicitárias”, advertem.

Presidente Fernández nega, mas ninguém acredita ele vai no rumo ao precipício de Maduro.
Presidente Fernández nega, mas ninguém acredita ele vai no rumo ao precipício de Maduro.
O documento conclui que “a democracia está em perigo. Possivelmente como nunca, desde 1983 [golpe militar].

“O equilíbrio dos poderes foi desmantelado. O Congresso funciona sem continuidade e a Justiça (...) autoexcluiu-se da conjuntura do país”.

Como cientistas, acadêmicos, profissionais e agentes culturais, os signatários manifestam preocupação e apelam para grupos e organizações da sociedade civil, partidos políticos, sindicatos, formadores de opinião e meios de comunicação independentes a fim de redobrar a atitude crítica e vigilante em relação ao poder governamental.

No texto, eles exigem um plano para sair dessa situação anormal. E concluem que a sociedade argentina se mostrou responsável na hora de enfrentar a ameaça da pandemia, cumpriu com as normas, os conselhos sanitários e foi respeitosa da lei e de seus representantes.

É hora de o presidente fazer o mesmo — conclui.


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