O Muro de Berlim e sua continuação, a Cortina de Ferro, mantinham presos milhões de europeus miserabilizados e desesperados |
Plínio Corrêa de Oliveira à TVE (da Espanha), 3-2-1990*
O comunismo tentar ressurgir metamorfoseado e encarnado em Vladimir Putin, de um lado.
Por outro, se tenta recompor a Teologia da Libertação, periclitante “companheira de viagem” do também vetusto comunismo que toma ares de jovem.
Uma das consequências, está sendo o abuso ideológico da temática da pobreza que o macrocapitalismo publicitário leva ao centro do noticiário.
Um exemplo característico disso ocorreu em larga medida no Encontro Mundial de Movimentos Populares reunido pelo Vaticano no mês de outubro deste ano (2014).
Nele, o líder marxista do MST João Pedro Stédile chegou a declarar: “Nós, marxistas, lutamos junto com o papa para parar o diabo”. E em tom leninista acrescentou: “o capital financeiro, os bancos, as grandes multinacionais. Os “inimigos do povo” são esses. Como diria o papa, esse é o diabo”.
Os berlineses tentaram todas as formas de fuga da horrível miséria socialista |
“O papa deu uma grande contribuição, com um documento irrepreensível, mais à esquerda do que muitos de nós”. Cfr: Instituto Humanitas Unisinos.
De fato o Papa Francisco I, em seu discurso chegou a dizer, entre muitas censuras à economia ocidental baseada na propriedade privada e na livre iniciativa:
“É estranho, mas se falo disso para alguns significa que o Papa é comunista”. Veja o texto completo em Instituto Humanitas Unisinos.
O que pensar dessa exploração atual da pobreza no momento atual?
O Professor Plínio Corrêa de Oliveira, embora muito contraditado pelos setores comuno-progressistas do Brasil, foi na sua longa vida um incontestado conhecedor do comunismo e de seus “companheiros de viagem”.
Poloneses fazendo longas filas para obter magros alimentos racionados. |
Copiamos a seguir:
Repórter:Doutor, o Sr. crê que com a queda do Muro de Berlim, com a derrubada do socialismo real na Europa do Leste, a influência do comunismo na América Latina baixará? Que pensa o Sr. que vá ocorrer em face desta mudança que há na Europa?
Plinio Corrêa de Oliveira: Há um fato para o qual a imprensa brasileira; mas também a européia, na medida em que tenho tido tempo de a ver; não tiveram a atenção bastante fixada, e que é o seguinte:
Até aqui o comunismo se apresentava como uma luta reivindicatória dos pobres contra os ricos.
Paulo VI recebe o chanceler soviético Andrei Gromyko.
A Ostpolitik vaticana silenciou a pobreza extrema que padeciam
centenas de milhões de pessoas sob o comunismo
Agora, com a queda do Muro, acaba havendo o fato de que se torna evidente que para além dele há uma pobreza e uma miséria que é terrível, e que torna impossível que os comunistas se apresentem como defensores dos pobres contra a miséria.
Pelo contrário, organizam um movimento que faz com que a miséria dos pobres se estenda como um polvo, para dominar e incluir todos, e todo o mundo ficar pobre. Portanto, o aspecto da luta comunismo x anticomunismo tem que mudar.
Os comunistas precisam explicar; depois da experiência terrível de setenta anos de um regime, o câncer devorador socioeconômico, que reduz a Rússia a uma situação que vemos.
Por que durante todo esse tempo, eles que viam dentro de casa essa miséria, eram partidários da expansão dela pelo mundo inteiro?
Enquanto isto não se explicar, nós nem sequer sabemos com quem estamos lutando. Ora, eles não mostram nenhuma vontade de explicar isso.
Falando com cordial franqueza, penso que os meios de comunicação teriam grande vantagem em acentuar esse ponto.
Ponto sensacional!
Não os vejo muito apressados em pôr isso em relevo.
Enquanto não houver isso, o comunismo não tem sequer com o que se apresentar.
Monumento às vítimas do comunismo no cemitério de Cracóvia
(Polônia, 2 de novembro de 2014
É como um falido que tem um processo de ação por ter levado a própria empresa à falência, mas que organiza uma propaganda mundial para que as outras empresas sigam os mesmos processos dele.
O que é isso?
Está um pouco enérgico e um pouco enfático o meu modo de falar. Tenho vagas gotas de sangue espanhol nas veias.
No tempo dos Áustrias, o Brasil foi unido a Portugal e por aí governado pelos Reis da Espanha. Houve muito espanhol aqui em São Paulo. Eu descendo desses espanhóis. Desta maneira sou um pouco enfático.
Mas o meu pensamento é este.
*) Fonte: trecho da entrevista concedida à TVE (da Espanha), 3-2-1990; Para ler o texto integral desta entrevista, basta clicar aqui
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