"Nós marxistas com o Papa para parar o diabo" Il Fatto Quotidiano, Roma, 3.11.2014 |
Marxista ligado à história da teologia da libertação, ele foi um dos organizadores do Encontro Mundial de Movimentos Populares que ocorreu no Vaticano, quando sugeriu a canonização de “Santo Antônio… Gramsci”.
Segundo o jornal, o MST conta com 1,5 milhão de membros. Na Itália, antes do encontro no Vaticano, ele fez uma turnê de encontros apresentando o livro La lunga marcia dei senza terra (EMI Edizioni).
No sábado à tarde, foi visitar a Rimaflow, em Trezzano sul Naviglio, a fábrica recuperada que Stedile, diante de 300 pessoas, batizou como “embaixadora dos Sem-Terra em Milão”.
Pergunta: - Como nasceu o encontro no Vaticano?
- Mantemos relações com os movimentos sociais da Argentina, amigos de Francisco, com quem começamos a trabalhar no encontro mundial. Assim, reunimos 100 dirigentes populares de todo o mundo, sem confissões religiosas. A maioria não era católica. Um encontro muito proveitoso.
Pergunta: - O senhor é de formação marxista. Qual a sua opinião sobre o papa e a iniciativa vaticana?
- O papa deu uma grande contribuição, com um documento irrepreensível, mais à esquerda do que muitos de nós. Porque afirmou questões de princípio importantes como a reforma agrária, que não é só um problema econômico e político, mas também moral.
Ele condenou a grande propriedade. O importante é a simbologia: em 2.000 anos, nenhum papa jamais organizou uma reunião desse tipo.
Ensino para combater o capital financeiro, bancos e multinacionais, ou "o diabo" nas escolas do MST (publicado por O Estado de S.Paulo, 21-09-2000) |
- ... Eu não acho que há sobreposição, mas complementaridade. Em todo caso, assumo a autocrítica, como promotor do Fórum Social, do seu esgotamento e da sua incapacidade de criar uma assembleia mundial dos movimentos sociais.
Do encontro com Francisco, nascem duas iniciativas:
1) formar um espaço de diálogo permanente com o Vaticano e, independentemente da Igreja, mas aproveitando a reunião de Roma,
2)construir no futuro um espaço internacional dos movimentos do mundo.
Pergunta: para fazer o quê?
Para combater o capital financeiro, os bancos, as grandes multinacionais. Os “inimigos do povo” são esses. Como diria o papa, esse é o diabo.
Pergunta: Qual é a situação do Movimento dos Sem Terra hoje?
A nossa ideia, no início, era a de realizar o sonho de todo agricultor do século XX: a terra para todos, bater o latifúndio.
João Pedro Stedile fez o discurso de encerramento do encontro de Movimentos Populares no Vaticano |
Não é mais suficiente repartir a terra, mas é preciso uma alimentação para todos, e uma alimentação sadia e de qualidade.
Hoje visamos a uma reforma agrária integral, e a nossa luta diz respeito a todos.
Por isso, é precisou uma ampla aliança com os operários, os consumidores e também com a Igreja.
Somos aliados de qualquer pessoa que deseje a mudança.
Eu tenho proposta séria em relação a esse assunto . Resolve o problema de ambas as partes . Mas quem se importa com isso ? Quem quer resolver isso ?
ResponderExcluir