quarta-feira, 8 de julho de 2009

O tridente Obama-Lula-Chávez ameaça a pequena e corajosa Honduras


Se acotovelando com o ditador da Líbia, Muhammad Khadafi, o presidente Lula exortou os países africanos a condenarem o “golpe” anti-democrático em Honduras.

Lula com Khadafi na cúpula da União Africana, Foto Ricardo Stuckert/PR

Falando na abertura da Cúpula da União Africana, em Sirte, Líbia, Lula começou seu discurso tratando o mentor de múltiplos atentados terroristas Khadafi de “Meu amigo, meu irmão e líder”, informou O Estado de S.Paulo.

Os líderes internacionais de países livres cancelaram suas participações. Também diversos líderes africanos manifestaram seu incomodo com a reunião continental. A causa? A presença de ditadores denunciados por genocídio e crimes atrozes, como os ditadores do Sudão e do Zimbábue.

Na coleção de ditadores não esteve o presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad, embora convidado. Tal vez estivesse muito atarefado reprimindo os protestos pela fraudulenta eleição que lhe deu mais um mandato.

Lula negou se sentir mal à vontade em meio a esse séquito de tiranos.

Os seus temores e mal-estares todos estavam voltados contra a decisão constitucional da Suprema Corte de Honduras declarando que o presidente “chavista” Manuel Zelaya tinha perdido seu posto de acordo com o estipulado em cláusula pétrea da Lei Fundamental do país.

Lula não foi o único presidente que se sentiu como que atingido pelos fatos na pequena Honduras.

O presidente-ditador Hugo Chávez foi o primeiro a trombetear seu espírito “democrático” contrário a todo golpe que não é dado por ele. Afinal, o prejudicado era sua “longa manus” que se aprontava para desrespeitar a Constituição hondurenha e aplicar o esquema para se apoderar do poder já utilizado na Bolívia e no Equador.

Também entrou no coro “democrático” o casal Kirchner que vinha de receber formidável surra eleitoral após inúmeros abusos contra as leis, instituições, Igreja, Forças Armadas e classes produtoras da Argentina.

Conta-se na mesma Argentina que um delegado entrando num “pulpero” (boteco) foi surpreso por um cliente que pulou gritando “yo no robé el chancho!”. Problemas de consciência...

Problemas de consciência desses parecem ter animado a formidável orquestração de protestos “democráticos” de líderes latino-americanos, da OEA e até da ONU. Sem falar do berreiro da mídia...

Como se um medo secreto de que fenômenos análogos aconteçam nos povos cada vez mais descontentes com os regimes populistas de esquerda.

O que aconteceu em Honduras?

O berreiro parecia feito para desconcertar o simples cidadão e impedir-lhe de formar um juízo sereno.

Porém, um advogado e ex-assessor do governo hondurenho, Octavio Sánchez, publicou luzidia matéria no Christian Science Monitor explicando o caso jurídico constitucional. O artigo leva o título “Golpe em Honduras. Um absurdo”. Ele foi reproduzido pelo O Estado de S.Paulo sob o desbotado título “Golpe em Honduras? Que golpe?”

No referido artigo diz:
“Às vezes, o mundo todo prefere uma mentira à verdade. A Casa Branca, a ONU, a Organização dos Estados Americanos (OEA), e grande parte da mídia condenaram a deposição do presidente hondurenho Manuel Zelaya, no domingo, como um golpe de Estado.

“Isso é um absurdo. Na realidade, o que aconteceu aqui é simplesmente o triunfo da lei. (...)

“Segundo nossa Constituição, o que aconteceu em Honduras no domingo? Os soldados prenderam e mandaram para fora do país um cidadão hondurenho que, no dia anterior, por seus próprios atos perdera a presidência. (...)

“Segundo o Artigo 239: “Nenhum cidadão que já tenha ocupado o cargo de chefe do Executivo poderá ser presidente ou vice-presidente. Quem violar esta lei ou propuser sua reforma, bem como quem apoiar direta ou indiretamente tal violação, cessará imediatamente de desempenhar suas funções e estará impossibilitado de ocupar qualquer cargo público por um período de dez anos.

“Observe-se que o artigo fala em intento e também diz “imediatamente” — ou “no mesmo instante”, ou “sem necessidade de abertura de processo”, ou de “impeachment”.

“A Suprema Corte e o ministro da Justiça ordenaram a prisão de Zelaya, pois ele desobedeceu a várias ordens do tribunal, obrigando-o a obedecer à Constituição. (...) A decisão foi tomada por 123 (dos 128) membros do Congresso presentes naquele dia.

Não acreditem no mito do golpe. Os militares hondurenhos agiram inteiramente dentro da Constituição. Eles nada ganharam, senão o respeito da nação por seus atos.

“Estou extremamente orgulhoso de meus compatriotas. Finalmente, decidimos nos levantar e nos tornar um país de leis, e não de homens. A partir deste momento, aqui em Honduras, ninguém estará acima da lei.”




Se ainda dúvida houvesse eis a declaração conjunta da Conferência Episcopal de Honduras:
“Ante la situación de los últimos días, nos remitimos a la información que hemos buscado en las instancias competentes del Estado y muchas organizaciones de la sociedad civil. Todos y cada uno de los documentos que han llegado a nuestras manos, demuestran que las instituciones del Estado democrático hondureño, están en vigencia y que sus ejecutorias en materia jurídico-legal han sido apegadas a derecho. Los tres poderes del Estado, Ejecutivo, Legislativo y Judicial, están en vigor legal y democrático de acuerdo a la Constitución de la República de Honduras”.



Constituição, lei, democracia, soberania? Nada disso parece ser respeitável quando o povo soberano vai em sentido oposto do que querem as esquerdas.

O futuro da América Latina ‒ liberdade ou ditadura ‒ : eis o que está em jogo em Honduras.

Sentem as esquerdas latino-americanas que é preciso esmagar a vontade popular hondurenha, como a ex-URSS sentia urgência em silenciar as vozes dos dissidentes.

Formidável pressão foi montada com a ativa participação do presidente Obama.

Apareceu assim um singular tridente. Tem uma ponta radical e espalhafatosa: o coronel golpista venezuelano. Na outra ponta o democrata Obama. E, bem no meio o “moderado” presidente Lula.

No velho estilo das revoluções planejadas outrora em Moscou e Havana repetiu-se em Tegucigalpa a manobra que tantas vezes deu certo ao comunismo: o “povo” ‒ e na ponta mais exaltada ativistas chavistas e nicaragüenses ‒ marcharam sobre o aeroporto para receber o constitucionalmente destituído Zelaya.

No aeroporto ‒ sempre segundo a velha cartilha da revolução soviética ‒ deveria sair algum “mártir”, isto é, um manifestante cuja morte seria atribuída à repressão. A populaça agitada partiria por cima dos soldados. Algum oficial ou tropa “confraternizaria” com os piquetes revoltosos.

Zelaya desceria do avião venezuelano em meio a ovação da chusma socialista e marcharia para ocupar o palácio presidencial. No vizinho El Salvador, os presidentes de Argentina, Equador e Paraguai, aguardavam para aparecer e coonestar o “golpe” democrático. O seu mentor chegaria de Caracas posando como herói.

O bom senso prevaleceu. A opinião pública hondurenha mostrou-se corajosa na resistência à imposição brutal de um ditador disfarçado de democrata. Os magotes de desordeiros foram pífios e a manobra fracassou.

Cristina Kirchner voltou às pressas a Argentina, onde sondagem do “La Nación” mostrava que 90% da opinião argentina desaprovava suas andanças revolucionárias pela América Central.

O estridente presidente venezuelano nessas alturas guardava profundo silêncio. Antes ameaçou guerra a Honduras, depois empurrou os outros para a aventura e na hora decisiva escondeu-se em casa, onde não está nada seguro.

Por sua vez, após silêncio passageiro o “moderado” presidente Lula voltou à carga contra Honduras em favor do agente fiel de Chávez.

O principal da iniciativa, entretanto, ficou com o presidente Obama, a terceira ponta do tridente. Batalhas diplomáticas vão se travar em Washington.

A Costa-Rica aceitou fazer uma mediação. Sobre ela concentrar-se-ão as pressões do tridente.


Honduras merece nosso apoio pela coragem com que está resistindo à prepotência esquerdista sul e norte-americana, com fé e patriotismo.

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Um comentário:

  1. Obrigado pelo que vocês estão fazendo.
    É difícil ter uma boa compreensão dos fatos diante da cortina de fumaça e emotividade lançada na mídia.
    Claudio Costa

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