segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Enorme petroleiro símbolo do socialismo afunda enferrujado

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Um enorme navio petroleiro vazando e escorado perto da costa venezuelana gera temores de um derramamento de proporções históricas, escreveu “Clarín”.

Após anos de abandono, o FSO Nabarima, um monstro enferrujado da petroleira venezuelana PDVSA carrega mais de um milhão de barris de petróleo pesado, e está adernando em perigoso estado de abandono.

A extensão dos danos é desconhecida, mas se não for reparado em breve poderá afundar poluindo as águas azul-turquesa ao longo da costa venezuelana e de vários países vizinhos do Caribe, afirmam especialistas marítimos.

Para exacerbar as preocupações, o regime chavista silencia sobre seus planos para o navio. E só enviou navios para inspecionar a área.

A situação do cargueiro Nabarima não é nova, mas o risco de seu naufrágio aumenta em quanto se submerge mais um pouco dia a dia.
Operários petroleiros que se opõem ao governo, como Eudis Girot, diretor da Federação Unitária dos Petroleiros da Venezuela, lançaram uma campanha para que o presidente Nicolás Maduro preste atenção à situação.

Girot também publicou três fotos da casa de máquinas do navio inundada. “Eu gostaria de estar errado, por Deus”, disse.

O Nabarima é um navio venezuelano de 264 metros cheio quase na sua capacidade máxima com 1,4 milhão de barris de petróleo, cinco vezes mais dos derramados pelo Exxon Valdez numa catástrofe de repercussão mundial em 1989.

O navio serve de plataforma estacionária no Golfo de Paria para auxiliar a exportação de petróleo venezuelano. Mas está inativo após o colapso na demanda mundial de energia e das sanções que atraiu o governo de Maduro e que assustaram os compradores do petróleo pesado venezuelano.

O navio de casco duplo construído em 2005 na Coreia do Sul é apenas um exemplo da corrupção e da má gestão do chavismo que levou à falência a indústria do petróleo, que por décadas foi a fonte única da prosperidade do país.

A Venezuela, antes um paraíso do petróleo, hoje recebe menos de 1% dos bilhões de dólares obtinha outrora com a venda de seu infinito ouro negro.

Maduro recentemente admitiu que Caracas deixou de receber 65 bilhões de dólares desde 2014, quando a pobreza se tornou oo estado habitual da população, com exceção da panela socialista governante.

A economia nacional é 90% menor do que há sete anos. Desde o início da pandemia a desvalorização foi de 82%, a inflação acumula os 1.000%, a corrupção e a péssima administração são pivôs do colapso e o dólar superou o milhão de bolívares, a moeda nacional várias vezes desvalorizada.

Caracas exportou quase 100 bilhões de dólares em petróleo bruto em 2012, mas no segundo trimestre de 2020 mal vendeu 500 milhões, disse o legislador Angel Alvarado, do Comitê de Finanças do Parlamento.

“Aquele navio não estaria neste estado se não fosse por negligência e estupidez”, disse Russ Dalle, diretor da Caracas Capital Markets, empresa que monitora de perto a indústria marítima da Venezuela.

Um executivo do setor falou à agência Associated Press sob anonimato por medo de retaliação, que faltam válvulas que deveriam estabilizar o navio.

O navio apresenta uma inclinação de mais de 5 graus e afundou cerca de 14,5 metros à direita.

Um possível vazamento no local danificaria manguezais e santuários marinhos e de pássaros, também em Trinidad-Tobago e nas ilhas holandesas de Aruba, Bonaire e Curaçao.

Para evitar um desastre, a petroleira estatal venezuelana PDVSA quer transferir o petróleo do navio para outra embarcação em uma manobra perigosa. Mas muitas empresas estrangeiras não querem se envolver na operação.

A exceção é a petrolífera italiana ENI, que opera a joint venture com a PDVSA e disse que o Nabarima está “estável” enquanto descarregam seu óleo.

É a segunda emergência marítima recente da Venezuela depois de um vazamento na refinaria El Palito que poliu com petróleo 15 quilômetros de praias imaculadas do Caribe, a poucas horas de distância da capital Caracas.


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