terça-feira, 7 de maio de 2019

Esquerdas cavando no fundo do buraco

Prof. Loris Zanatta: colegas de esquerda estão fazendo seu harkiri coletivo
Prof. Loris Zanatta: colegas de esquerda estão fazendo um harakiri coletivo
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





A esquerda latino-americana está praticando um haraquiri apoiando o monstruoso regime de Maduro, escreveu Loris Zanatta, professor de História na Universidade de Bolonha especializado nos problemas do continente, em matéria publicada pelo quotidiano “La Nación”.

Zanatta adverte que não adiante chorar pela vitória dos candidatos da “direita” até com votação massiva.

“Os únicos que deveriamos nos queixar somos nós mesmos: aqueles que não amamos nem a uns e nem a outros, que não acreditamos em Deus nem em soberania popular por cima de tudo”.

E o professor resume a extensa ladainha de defeitos e invectivas que jornalistas, comentaristas, sociólogos, filósofos, etc., etc., de esquerda escrevem na grande mídia para execrar os povos latino-americanos que não estão votando pelos representantes do circo midiático-intelectual-eclesial socialista.

Zanatta pelo menos olha de frente para algumas realidades básicas, e chapadamente. Por exemplo: “Liberté, egalité, fraternité: qual desses nobres princípios o regime chavista não pisoteou, humilhou, prostituiu?

“Miséria, violência, morte, tortura, êxodo, corrupção, narcotráfico: o que mais precisam para tirar a venda dos olhos?



Não entendem que ficando nessa carroça levam à breca as boas intenções e até os melhores ideais?

Não adianta bradar "povo!" ou "Revolución!" quando o povo não os acompanha
Não adianta bradar "povo!" ou "Revolución!" quando o povo não os acompanha
“Recuperem o juízo, tomem um antídoto contra o feitiço; saiam da ressaca da bebedeira ideológica; acabem com o zumbi que tomou posse de seus corpos e mentes.

Zanatta deplora a mania dos intelectuais de esquerda de evocar fatos do passado como dogmas infalíveis: que a Guerra Civil Espanhola, ou a guerra do Vietnã, da tomada do palácio presidencial chileno na revolução anticomunista.

O simples nome dos EUA os excita irracionalmente como a vítimas de uma obsessão psiquiátrica, ou como a um touro diante do pano vermelho, prossegue.

Zanatta pede a seus correligionários que não percam a luz da razão, que não se joguem sobre os povos como o touro que quer cornear o pano.

Lhes pede que percebam antes da cornada fatal que se trata de povos inteiros compostos de pais, mães e filhos.

Mas não, constata o professor.

Para a confraria dona das colunas dos jornais – a sua – : “não importa o melhor para os venezuelanos, não se sensibilizam por seu destino; os pobres e os perseguidos não o são se não professam a fé das esquerdas: os seus direitos só são humanos quando se trata de pessoas da mesma equipe”.

Tripudiam esses jornalistas e intelectuais toda “ingerência” dos EUA ainda que imaginária, mas também repudiam as eleições segundo a lei, recusam permitir a ajuda humanitária.

Se serve ao ditador de esquerda, esquecem os direitos humanos, e não se incomodam acalcando a democracia sem cessar.

A solução que propõem é o capricho que lhes vem à mente na hora de justificar o injustificável.

Sociólogos, jornalistas e teólogos argumentam com o povo faminto. Mas, os verdadeiramente famintos estão contra os ditadores de esquerda.
Sociólogos, jornalistas e teólogos argumentam com o povo faminto.
Mas, os verdadeiramente famintos estão contra os ditadores de esquerda.
Tiradas pomposas contra Benito Mussolini ou Francisco Franco, ou Augusto Pinochet, ou contra o golpe de há mais de meio século, é retórica vazia, são rituais antiquados e gastos, que mais testemunham má fé quanto mais são misturados com “hipócrita paternalismo pelos pobres”, essa “carne de canhão com qual as esquerdas fabricam seus impérios”.

A esquerda populista latino-americana, que o autor apoia e reverencia, está reduzida a uma mistura de “arrogância, fanfarronadas e teatralidade. A antecâmara da inépcia”.

Assim, acrescenta, será enterrada por uma sonora gargalhada.

Fidel Castro, lembra ele, citava um antigo jurista espanhol “jesuíta, por supuesto” que defendia que quando a insurreição é justa chama-se “revolución” e a injusta chama-se “golpe de Estado”.

Quem define qual é justa e qual injusta. Bem, é o deus trionfatore, quer dizer o ditador que a fez.

A “revolución” dizia Fidel é feita pelo “povo”. E como chamar senão de povo ao río humano que sai as ruas em todos os cantos da Venezuela? Mas para os “especialistas” essas multidões não são povo.

Não se reúne essas massas apenas com Trump, Bolsonaro ou Macri.

Zanatta: a esquerda está se suicidando não querendo ver a realidade que é contrária a seus vehos e surrados chavões.
Zanatta: a esquerda está se suicidando não querendo ver a realidade
que é contrária a seus vehos e surrados chavões.
A “Revolución” e o “pueblo” de Fidel! Na Venezuela a esquerda ficou órfã dos dois.

Na Venezuela, a “esquerda” latino-americana se está suicidando. Tocou fundo e ainda está cavoucando mais fundo, conclui o militante professor.

Zanatta seria mais abrangente e objetivo se não se limitasse ao caso venezuelano. O fenômeno que o revolta está se dando na América Latina toda, e até fora dela. No Brasil, por exemplo.

E não só na órbita temporal, política, social, econômica e cultural.

É também na Igreja Católica, onde o Papa Francisco – grande amigo e apoiador dos ditadores esquerdistas que incorreram no descrédito popular –padece uma recusa semelhante vinda dos países “pobres”, “marginalizados”, etc., etc. latino-americanos.

E com ele, Conferencias Episcopais de vários países, Campanhas ou iniciativas do gênero da Fraternidade brasileira.

Não percebem que assim agindo descem até o fundo do poço da consideração popular enquanto teólogos, missionários comuno-tribalistas cavoucam para aumentar mais a escura profundeza que o prof. Zanatta explicitou.


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