O grande canal chinês da Nicarágua |
Está anunciado como a maior obra de engenharia civil do século XXI, que mudará as regras do comércio mundial. O governo do sandinista Daniel Ortega, que trocou a farda guerrilheira pelo terno e gravata para fazer melhor a mesma revolução, assinou com o grupo chinês HKND a construção de um canal que fará da China a grande senhora do comércio interoceânico, informou o jornal de Madri El Mundo.
As obras começaram em 22 de dezembro com expropriações bem ao gosto das esquerdas bolivarianas. A imensa maioria da população nicaraguense foi mantida no desconhecimento do que estava sendo tramado. Milagres do bolivarianismo que se jacta de popular, mas que é socialista e ditatorial.
A história começou no dia de maio de 2013, aniversário de nascimento do homem-símbolo da revolução sandinista: Sandino.
Naquela data, o comandante Ortega anunciou a construção de um canal que permitiria a passagem de “barcos tão enormes” que não podem usar o canal de Panamá, controlado por países livres.
Meses depois começou-se a falar de um chinês desconhecido, que respondia pelo nome de Wang Jing, dono de um consórcio montado em tempo recorde e que seria o concessionário da obra ciclópica.
A imprensa nicaraguense começou por sua vez a falar do “fantasma”, isto é, do desconhecido agente de Pequim que ninguém tinha visualizado antes e de cuja fortuna nada se sabia.
Um dia “o fantasma” apareceu e viu-se que o assunto era sério: a concessão bolivariana concedia o canal ao desconhecido pelo período de um século.
População está indignada pelo golpe sandinista-chinês que confisca as propriedades e a soberania |
O paraíso na Nicarágua!
Mas o governo oculta que a China ficará com a imensa parte do bolo. A largura do canal será de 230-520 metros e a profundidade oscilará entre 27,6 e 30 metros. Ele percorrerá 105 km através do Lago Nicarágua – ou também Cocibolca – cuja profundidade não foi revelada.
Na parte restante do projeto será necessária uma dragagem maciça e gigantesca: 310 milhões de metros cúbicos de rocha e mais 65 milhões de limo. A ampliação do Canal de Panamá removeu “apenas” 41 milhões de metros cúbicos de terra.
Não faltam ambientalistas externando protestos, mas a afinidade ideológica entre verdes e vermelhos passa por cima. As queixas ambientalistas continuarão “para inglês ver”, enquanto os chineses trabalharão para seu objetivo estratégico.
A população está revoltada. O governo não passa informação confiável, e o que fala não é senão ideologia bolivariana.
Os jornalistas estrangeiros costumam sem abordados por “populares” nacionalistas e entusiastas do canal. Mas o jornalista de “El Mundo” puxou a língua de uma mulher e constatou que ela tinha a carteirinha do partido governista.
A imensa maioria dos habitantes da região “beneficiada” está contra, constatou o jornal espanhol.
“Quando os chineses aparecerem, vamos recebê-los com facões. O canal não vai sair. Eles estão expropriando propriedades dizendo: ‘Leva este dinheiro ou você sai sem nada, escolhe’. Oferecem quantias muito inferiores, um preço catastrófico. Já houve motins populares contra a polícia e contra os chineses, mas a imprensa não fala nada porque está comprada”.
Socialismo bolivariano atropela os desejos dos nicaraguenses. |
Os opositores não têm organização. Na Nicarágua muito poucos dispõem de conexão diária com um sistema de comunicação.
“Tudo está nas mãos do governo, da saúde, da polícia. Eles controlam tudo e o povo não sabe de nada. Mas tomem cuidado, porque o canal pode fazer cair o governo, se o povo se mobilizar”, diz um guia turístico no lago que teme dar seu nome.
Muitos acham que o país deve crescer custe o que custar. Outros pensam que sua terra e seu modo de vida não podem ser trocados por um projeto que vai enriquecer principalmente os chineses.
Há muito dinheiro em jogo e muitos pobres se sentem pisados. Avizinham-se tempos turbulentos na Nicarágua, conclui o jornal espanhol.
E os bispos nicaraguenses, que em consonância com a mensagem do Papa Francisco tanto falam dos pobres?
Nesta hora não há libertação da canga chinesa, comunista ou capitalista. O igualitarismo nivelador esquece os discursos pelos pobres –lindos, mas ocos – e se transforma numa máquina de massacrar um povo carente de recursos, mas de fundo católico. E católico da única Igreja verdadeira, hierárquica, sacral, anti-igualitária, odiada pelo progressismo e pelo comunismo.
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