segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Cidades de 2.500 anos descobertas na Amazônia

Cidades identificadas pelo LiDAR na Amazônia equatoriana
Cidades identificadas pelo LiDAR na Amazônia equatoriana
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






A descoberta de um enorme e milenar complexo citadino na Amazônia muda o que sabemos sobre a história dos povos que vivem na região.

Com efeito, uma expedição de arqueólogos do prestigioso Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) da França encontrou um conjunto de cidades perdidas há 2.500 anos na floresta amazônica do Equador, escreveu “La Nación”.

Esses locais que abrigavam milhares de pessoas faziam parte de uma densa rede de assentamentos e rotas de comunicação, aninhados nas montanhas arborizadas da Cordilheira dos Andes.

Stéphen Rostain, o arqueólogo que liderou a investigação, começou a escavar no Vale Upano há quase 30 anos. Sua equipe se concentrou nos grandes assentamentos de Sangay e Kilamope.

Ali encontraram montículos organizados em torno de praças centrais, cerâmicas decoradas com tinta e linhas incisas e grandes potes contendo restos da cerveja de milho ou chicha.

Datações de radiocarbono mostraram que os locais de Upano foram ocupados por volta de 500 AC. até entre 300 e 600 DC.

Stéphen Rostain o arqueólogo que liderou a investigação
Stéphen Rostain o arqueólogo que liderou a investigação
“Eu sabia que tínhamos muitas estruturas. Mas não tínhamos uma visão completa da região”, disse Rostain à revista Science.

A equipe identificou cinco assentamentos grandes e dez menores em 300 quilômetros quadrados no Vale Upano, cada um densamente povoado com estruturas residenciais e cerimoniais.

As casas e praças estavam ligadas por uma incrível rede de estradas e canais. A área fica à sombra de um vulcão que criou solos ricos, mas também pode ter levado à destruição da sociedade.

As cidades estão intercaladas com campos agrícolas retangulares e rodeadas por terraços nas encostas. Neles os habitantes desenvolveram plantações que incluíam milho, mandioca e batata doce, encontradas em escavações anteriores.

Estradas largas e retas ligavam as cidades entre si, e as ruas passavam entre as casas e os bairros dentro de cada povoado. “Estamos falando de planejamento urbano”, disse Fernando Mejía, arqueólogo da Pontifícia Universidade Católica do Equador.

“Embora seja difícil estimar a população, o local abrigava pelo menos 10 mil habitantes e talvez até 15 mil ou 30 mil no seu auge”, disse o arqueólogo Antoine Dorison, coautor do estudo do mesmo instituto francês.

Esses números são comparáveis à população estimada de Londres na era romana, que era a cidade mais populosa da Grã-Bretanha dessa época, e era coetânea das cidades amazônicas agora achadas.

“Isso mostra uma ocupação muito densa e uma sociedade extremamente complicada”, disse Michael Heckenberger, arqueólogo da Universidade da Flórida, que não esteve envolvido no estudo.

A rede urbana descoberta alinha-se estreitamente com outras em locais que foram encontrados nas florestas tropicais
A rede urbana descoberta alinha-se estreitamente com outras
em locais que foram encontrados nas florestas tropicais
José Iriarte, arqueólogo da Universidade de Exeter, disse que elas exigiram um elaborado sistema de trabalho organizado para construir as estradas e milhares de montículos de terra.

Iriarte, que não participou da pesquisa, comentou: “Os incas e os maias construíam com pedras, mas o povo da Amazônia geralmente não tinha pedras disponíveis, então usavam barro. Ainda assim é uma quantidade imensa de trabalho”.

Os cientistas também encontraram evidências de sociedades intrincadas na floresta tropical em outros locais da Amazônia, notadamente na Bolívia e no Brasil, que antecederam o contacto europeu.

“Sempre houve uma diversidade incrível de pessoas e assentamentos na Amazônia, não apenas na forma de vida”, disse Rostain.

Conheciam-se cidades em elevações dos Andes, como Machu Picchu no Peru, mas acreditava-se que na Amazônia as pessoas viviam apenas de forma nômade ou em pequenos assentamentos, observou “La Nación”. Essa crença se revelou falha.

“Isso muda a forma como vemos as culturas amazônicas. A maioria das pessoas imagina pequenos grupos, provavelmente nus, vivendo em cabanas e limpando terras. Isso mostra que os povos antigos viviam em sociedades urbanas complexas”, diz o coautor Antoine Dorison.

Arqueólogos Rostain e Dorison apresentaram em Paris suas descobertas de urbes na Amazônia
Arqueólogos Rostain e Dorison apresentaram em Paris
suas descobertas de urbes na Amazônia
A cidade construída há 2.500 anos teria sido ocupada até cerca de 1.000 anos atrás.

“É o local mais antigo que conhecemos na Amazônia”, explicou o professor Rostain. “Isso mostra que temos que mudar a nossa ideia do que são cultura e civilização” na região amazônica.

Os arqueólogos fizeram um levantamento de uma área de 300 quilômetros quadrados usando sensores a laser com tecnologia LiDAR.

Assim identificaram 6.000 plataformas retangulares de 20 m por 10 m e 2-3 m de altura, organizadas em grupos de três a seis unidades em torno de uma praça com plataforma central.

Eles acreditam que muitas eram casas, e outras tinham fins cerimoniais. O complexo de Kilamope incluía uma plataforma de 140m por 40m.

As construções foram feitas cortando colinas e criando uma plataforma de terra no topo. Uma rede de estradas e trilhas retas conectava muitas plataformas, incluindo uma que se estendia por 25 quilômetros.

O Dr. Dorison disse que esses caminhos foram a parte mais surpreendente da pesquisa. “A rede rodoviária é muito sofisticada. Estende-se por uma grande distância, tudo está conectado. E há ângulos retos, o que impressiona”, afirma.

Há milenios, civilizações domesticaram a selva amazônica
Há milenios, civilizações domesticaram a selva amazônica
Ele explica que é muito mais difícil construir uma estrada reta do que uma que se encaixe na paisagem. Ele acredita que algumas tinham um “significado muito poderoso”, talvez ligado a um cerimônial ou crença.

As maiores estradas tinham 10 metros de largura e se estendiam por 10 a 20 quilômetros.

Os cientistas também identificaram calçadas com valas em ambos os lados, que acreditam serem canais que ajudavam a gerir a água abundante da região.

Havia sinais de ameaças às cidades: algumas valas bloqueavam as entradas dos assentamentos e podem ser indícios de que houve temores dos povos vizinhos.

Os pesquisadores encontraram pela primeira vez evidências de uma cidade na década de 1970. Mas este é o primeiro estudo abrangente concluído após 25 anos de pesquisa.

O estudo revela uma sociedade grande e complexa que parece ser ainda maior do que as sociedades maias do México e da América Central.

“Imagine se descobrissem outra civilização como a maia, mas com arquitetura, uso do solo e cerâmica completamente diferentes”, indagou o professor José Iriarte.

Algumas descobertas são “únicas” na América do Sul, explicou, destacando as plataformas octogonais e retangulares dispostas juntas.

Nas plataformas foram encontradas covas e casas, além de potes, pedras para moer plantas e sementes queimadas. Mas, não se sabe muito sobre as pessoas que viviam lá e como eram as suas sociedades.

O professor Rostain diz que no início de sua carreira os cientistas acreditavam que nenhum grupo civilizado havia vivido na Amazônia e que talvez não valesse a pena fazer a pesquisa.

“Mas sou muito teimoso, e agora estou muito feliz por ter feito uma descoberta tão grande”, afirma.

Mudança radical no conceito das populações amazônicas não eram selvagens nus
Mudança radical no conceito das populações amazônicas
não eram selvagens nus, mas civilizados vivendo em urbes
O próximo passo dos pesquisadores é aprofundar o conhecimento do que há numa área contígua de 300 quilômetros quadrados que precisa ser estudada.

A ideia de que a Amazônia era pouco habitada antes da chegada dos europeus cai cada vez mais por terra comentou “Climatempo”

A série de estradas enterradas e montes trabalhados de terra no Equador notada pela primeira vez pelo arqueólogo Stéphen Rostain, “era um vale perdido de cidades”, afirmou ele. “É incrível”.

Os assentamentos no Vale do Upano, foram ocupados num período mais ou menos contemporâneo ao Império Romano na Europa.

As cidades eram intercaladas por campos agrícolas retangulares e cercadas por terraços nas encostas, onde os habitantes plantavam diferentes itens, como milho, mandioca e batata doce – encontrados em escavações anteriores na região.

A área fica à sombra de um vulcão que possibilitou solos ricos para agricultura – mas que também pode ter destruido a sociedade.

Os povos Kilamope e Upano provavelmente se concentravam na agricultura.

“Estamos falando de urbanismo”, afirma o coautor do estudo Fernando Mejía, arqueólogo da Pontifícia Universidade Católica do Equador.

Embora seja difícil estimar as populações, o local abrigava pelo menos 10 mil habitantes, possivelmente até 15 mil ou 30 mil em seu auge, segundo o arqueólogo Antoine Dorison, número comparável à população estimada de Londres na era romana.

Infraestrutura agrícola bem organizados aproveitados até hoje
Infraestrutura agrícola bem organizada aproveitada até hoje
José Iriarte, arqueólogo da Universidade de Exeter, no Reino Unido, disse que teria sido necessário um sistema elaborado de trabalho organizado para construir todas essas estradas e milhares de montes de terra.

A nova descoberta no Equador foi possível graças a uma tecnologia de mapeamento chamada LiDAR. Ela permite que os pesquisadores vejam através da cobertura florestal e reconstruam os antigos locais abaixo dela.

“[Lidar] está revolucionando nossa compreensão da Amazônia nos tempos pré-colombianos”, explicou Carla Jaimes Betancourt, arqueóloga da Universidade de Bonn, na Alemanha, que não participou do estudo.



domingo, 24 de dezembro de 2023

Feliz Natal e bom Ano Novo!

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Natal 2015 na França



segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Esquerdas latinoamericanas: nova ‘espécie em extinção’

Novo cardeal de Buenos Aires com políticos de esquerda e tenta deter a decadência
Novo cardeal de Buenos Aires com políticos de esquerda e tenta deter a decadência
Luis Dufaur
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Segundo Will Freeman, PhD, pesquisador de estudos latino-americanos do Council on Foreign Relations em artigo para Americas Quarterly, está se definindo uma quase nova lei na natureza:

Os governantes na América Latina não se reelegem, e isto é dramaticamente verdadeiro para os partidos de esquerda ou do “comunismo rosa”.

Partidos que ocupam o poder venceram apenas 5 entre 31 eleições presidenciais desde 2015, excluídas as votações manipuladas e injustas na Venezuela e na Nicarágua.

Agora, a onda ameaça a esquerda. Desde 2019, partidos e presidentes de esquerda conquistaram o poder em quase toda a região, prossegue Freeman.

Um candidato novato de centro venceu as eleições presidenciais no Equador e um exaltado “anarco-capitalista” desafia o velho esquerdismo peronista da Argentina.

Mesmo no México, onde muitos pensaram que o partido Morena, de Andrés Manuel López Obrador, rumaria para a vitória nas eleições do próximo ano, uma candidata de oposição, Xóchitl Gálvez, está posicionada para fazer o partido incumbente suar para continuar no poder.

Por sua vez, numa estrondosa derrota nas grandes cidades e em quase todo o país, o presidente de esquerda da Colômbia, Gustavo Petro só comemorou vitórias locais em prefeituras dominadas pelo narcotráfico e a guerrilha.

Petro sofreu derrota esmagadora
Petro sofreu derrota esmagadora
O pior lhe aconteceu na capital Bogotá, “a joia de sua coroa”, onde foi prefeito, mas seu candidato saiu em terceiro lugar, malgrado sedutoras promessas do presidente, registrou “El Mundo”.

“Em cidades chave como Bogotá, Medellín, Cali, Cartagena o Barranquilla venceram candidatos manifestamente opostos” ao presidente esquerdista, avaliou o analista Gabriel Cifuentes.

Em Cali e Barranquilla, que foram bastiões eleitorais de Petro, arrasou um opositor centrista e socialista ficou em segundo com um esquálido 9%. Petro está envolvido num rumoroso escândalo de corrupção com seu filho e o narcotráfico.

Em Medellín, capital da populosa região de Antioquia seu candidato só atingiu o 10% contra o 73% de um opositor “uribista” associado à direita.

“A megalomania presidencial, sua cegueira e a radicalização de seu discurso foi recusada com um voto de extremo desgosto”, explicou Carlos Arias, consultor de comunicação política.

Para Rodrigo Pombo, advogado pelos direitos humanos, Petro não só não trouxe nenhuma mudança positiva, mas “simbolizou a violência de classe, a corrupção política e o abuso do poder” praticada com um “populismo cínico que passou da conta”.

E Arias não acredita que Petro, candidato impulsionado pelo Papa Francisco I, mude de rumo.

Em fim de contras, como preferido do Pontífice e do “comunismo rosa” continental não pode parar. Nem mesmo após ter naufragado e se mantém flutuando agarrado a esses poderosos auxílios externos políticos e religiosos.

O presidente brasileiro arriscou enormes fundos públicos para auxiliar a candidatura incerta do candidato peronista
O presidente brasileiro arriscou enormes fundos públicos
para auxiliar a candidatura incerta do candidato peronista
O pesquisador do Council on Foreign Relations,, instituição vocacionada para promover o “comunismo rosa” desfaz uma ilusão: “Daqui a alguns anos a gente volta”, podem pensar muitos na esquerda e centro-esquerda.

De fato, a trajetória do pêndulo político da região passa rápido demais do lado esquerdo.

E na esquerda latino-americana se teme a instalação duradoura de alternativas mais reacionárias e radicais de direita.

Nada prova que estas seriam mais duradouras nem bem sucedidas posta a ausência de moralidade dos líderes e sua desconexão do catolicismo majoritário.

Desde 2019, a esquerda diluída teve esperança de durar na América. Os novos representantes da esquerda se apresentaram decididamente mais moderados do que seus predecessores de tipo chavista. Ledo engano.

Se as esquerdas venceram eleições novamente, na Argentina, na Bolívia e no Brasil, foi prometendo bem-estar social e não um socialismo do século 21.

Mas entre 2015 a 2018, os eleitores ficaram fartos do baixo crescimento e da corrupção, temeram a repetição das viradas autoritárias tipo Venezuela e Nicarágua e mandaram a esquerda pastar, avalia Freeman.

Gustavo Petro, Gabriel Boric, Alberto Fernández e Luis Arce não realizaram reformas que prometeram e Lula vive enfrentando reveses no Legislativo e sendo vaiado pelos populares. Para pior, o aumento na criminalidade e do narcotráfico ficou associado a uma cumplicidade com a esquerda.

O arauto americano do “comunismo rosa” ainda deplora que quando a esquerda conquistou massivamente o poder na América Latina, nos anos 2000, tinha movimentos sociais fortes por trás.

Mas na década de 2010 esses movimentos sociais ruíram malgrado o apoio do Papa Francisco I. Os partidos vermelhos ou “rosas” de toda a região enfraqueceram.

Os que venciam eleições cavalgavam coalizões frouxamente organizadas e sem apoio de movimentos sociais dignos de nota e sem conseguir maioria no Legislativo.

Tampouco os conservadores que se lhes opuseram entre 2015 a 2020 apresentaram propostas convincentes o suficiente.

Em 2023 ascenderam desconhecidos que apelavam à frustração dos eleitores.

Esquerdas latinoamericanas procuram apoios até dos mais desprestigiados ditadores
Esquerdas latinoamericanas procuram apoios
até dos mais desprestigiados ditadores
Os candidatos de esquerda não fizeram outra coisa senão promessas impossíveis, como “picanha para todos”. E sua popularidade despencou.

Os conservadores latino-americanos prometeram políticas duras contra o crime e conservadoras em temas sociais, mas tampouco satisfizeram as grandes apetências.

Não houve soluções para as crescentes preocupações, e o tema dominante foi a corrupção.

Brian Winter, cita Freeman, escreveu que a criminalidade não só não diminuiu nos pontos focais históricos, como a Colômbia, mas se espraiou em países outrora tidos mais seguros, como Chile, Uruguai e Costa Rica, onde cartéis e gangues têm aberto caminhos.

O cientista político Lucas Perelló observou que os líderes de esquerda parecem não ter nada para responder sobre o combate ao crime com mão firme.

O salvadorenho Bukele, rotulado de “extrema direita” abre presídios que o esquerdista Petro qualificou pomposamente de “campos de concentração” sem produzir efeito algum.

O sol está se pondo para as esquerdas mesmo moderadas na América Latina, conclui Freeman com o coração partido.

As alternativas se esgotam e os partidos comunistas vermelhos ou “rosas” estão virando uma espécie em extinção.

Só que não é um blefe ecologista, mas é o fim de uma era que para as causas revolucionárias será nefasto.



segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Fuga massiva de atletas cubanos

Realidade trágica por trás da alegria artificial da delegação cubana
Realidade trágica por trás da alegria artificial da delegação cubana
Luis Dufaur
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Metade do time cubano do hóquei feminino fugiu com sua capitã da vila pan-americana sem aguardar a cerimônia de encerramento dos Jogos de 2023.

Também escapou Yoao Illas, medalhista de bronze, noticiou “FoxSports”.

Eles pediram asilo no Chile informaram os advogados dos esportistas e o Ministério do Interior chileno.

Ariel Sainz, vice-presidente do Instituto Nacional de Deportes, Educación Física y Recreación de Cuba, informou que em 2022 e até agora em 2023, até 187 atletas cubanos deixaram suas seleções aproveitando os eventos.

Isto vem acontecendo há muito.

Os atletas fogem da miséria e ditadura de seu país e se esforçam imensamente para integrar suas seleções, para obter passagem, visto e buscar uma vida melhor fora de Cuba.

No total, 21 jogadores não voltaram dos Jogos Panamericanos 2023 realizados no Chile.

La Habana foto viva da miséria ditatorial comunista
La Habana: foto viva da miséria ditatorial comunista
Os líderes marxistas cubanos queriam promover a ilha prisão nesses Jogos, e não lhes foi tão mal porque a delegação ganhou 69 medalhas: 30 de ouro, 22 de prata e 17 de bronze.

Mas, os atletas pensavam em outra coisa: escapar do comunismo.

O jornal “Mendoza” esclareceu que só neste ano 2023 já se fugaram 62 atletas cubanos, segundo contou o jornalista cubano Francys Romero.

Na Copa Ouro dos EUA, fugiram pelo menos cinco jogadores de futebol do hotel onde estavam hospedados.

Os jornais chilenos “El Mercurio”, “Bio Bio” e a reportagem do portal chileno Play Off Magazine falaram de “fuga massiva”, acrescentou “La Nación” de Buenos Aires.

O jornal portenho escreveu que os casos mais notáveis desde o início de 2023 foram os campeões mundiais Yoenlis Feliciano Hernández (boxe) e Denia Caballero (disco).

Alguns puderam emigrar legalmente, como o jogador de beisebol Yariel Rodríguez, primeiro arremessador cubano no V Clássico Mundial, em março.



segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Argentina comprou helicópteros russos por simpatia ideológica, mas não conseguem voar

Helicópteros foram comprados da Rússua por simpatia ideológica e agora não funcionam mais
Helicópteros foram comprados da Rússia por simpatia ideológica
e agora não funcionam mais
Luis Dufaur
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O populismo esquerdista argentino fez tudo para fortalecer as relações com a ditadura de Putin, e entre outras coisas, lhe comprou helicópteros Mi-171E que prometiam serem máquinas fortes e versáteis para a Antártica, mas que hoje não servem nem para canibalizar como peças sobressalentes, relatou “Clarín”.

Em 2016 o governo de Mauricio Macri, oposto ao anterior, pensou comprar mais helicópteros da Rússia, mas fugiu do preço de 10 milhões de dólares cada.

Os aparelhos não voam há três anos e um foi desmontado em 2021. Em 2022 o outro ainda era ligado para que seu motor não expirasse embora inutilizável. Eles substituíram helicópteros Chinooks e Bells dos EUA movidos pelo caráter simbólico-ideológico pró-russo do contrato.

A Argentina pensou em desmontar os helicópteros e levar motores, hélices, pás e outras peças para a Rússia, mas tudo parou numa imensa burocracia e o vizinho não pagou pela impossibilidade de encontrar interlocutores na Rússia.

Washington aprovou a transferência de 24 aeronaves F-16 em uso pela Dinamarca e mais 4 aviões P-3C Orion, em uso pela Noruega, mas o governo argentino esquerdista está atrasando a compra porque desejaria adquirir JF 17 Thunder chineses nada confiáveis, mas de procedência comunista.

O nacionalismo argentino lulochavista não quer qualquer cooperação sensível com os EUA, nem mesmo quando esse é governado por uma administração esquerdista como a de Biden.



segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Diabólica maldição caiu na Venezuela

Maracaibo, ontem capital da riqueza petrolífera, hoje é cidade colapsada
Maracaibo, ontem capital da riqueza petrolífera, hoje é cidade colapsada
Luis Dufaur
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Todas as manhãs, José Aguilera renova a velha e sábia prática de inspecionar as suas bananeiras e pés de café em sua fazenda no leste da Venezuela e chega à mesma deprimente constatação: desses não poderá colher quase nada.

A tragédia o supera: os poços de petróleo próximos expelem um resíduo oleoso e inflamável sobre as plantas. As folhas queimam, secam e murcham.

“Quando ele cai, tudo seca”, disse ele.

É que o socialismo bolivariano fez que a indústria petrolífera da Venezuela, outrora manancial de riqueza, transformar seu destino como num conto povoado de bruxarias.

A própria indústria foi deformada pela vareta diabólica da má administração socialista e um governo autoritário que deixa uma economia e um meio ambiente devastados.

A produção para exportação e consumo interno é mínima para subsistir. Mas, para isso a maldição socialista impõe sacrificar a manutenção básica e usa equipamentos cada vez mais precários, com crescente impacto ambiental.

O exemplo de Aguilera foi escolhido pelo “New York Times” para abrir um estarrecedor retrato da realidade venezuelana.

Aguilera mora em El Tejero, 480 km a leste de Caracas, a capital, numa região nunca vê a escuridão da noite, pois as explosões de gás dos poços de petróleo acontecem a qualquer hora com um ruído estrondoso, suas vibrações rachando as paredes das casas frágeis.

Muitos moradores sofrem de doenças respiratórias que podem ser agravadas pelas emissões dessas explosões. 

Não é uma descrição do inferno da Divina Comedia, mas a chuva faz cair uma película oleosa que corrói o motor dos carros, escurece as roupas brancas e mancha os cadernos que as crianças usam na escola.

Há escassez generalizada de combustível e praticamente ninguém na região tem gás de cozinha em casa.

Maracaibo de lago da riqueza ao atual lago da imundice
Maracaibo de lago da riqueza ao atual lago da imundice
O falecido ditador Hugo Chávez prometeu que a riqueza do petróleo iria para os pobres. Então demitiu milhares de engenheiros e geólogos, e os substituiu por agitadores, apoiadores políticos, confiscando a propriedade privada.

O atual presidente Nicolás Maduro, que se mantém de uma fraude eleitoral em outra, completou o colapso do país. Milhões de venezuelanos que não podiam se alimentar partiram num êxodo em massa enquanto Maduro era abençoado pelo Papa Francisco.

A corrupção do governo Maduro faz desaparecer o pouco dinheiro do petróleo que restou nas orgias dos bajuladores do presidente.

Enquanto isso as refinarias enferrujadas não param de queimar gás e a Venezuela produz cada vez menos petróleo e ocupa o terceiro lugar no mundo em emissões de metano por barril, segundo a Agência Internacional de Energia.

Em Cabimas, a 640 km a noroeste de Caracas, às margens do lago Maracaíbo, o petróleo vaza de dutos subaquáticos deteriorados, cobrindo as margens e transformando a água num verde-neon que pode ser visto do espaço.

Canos quebrados flutuam na superfície e brocas de petróleo enferrujam e afundam na água. Pássaros cobertos de óleo lutam para voar.

Cabimas foi uma das comunidades mais ricas da Venezuela e hoje mal sobrevive na extrema pobreza.

Três irmãos Méndez —Miguel, 16, Diego, 14, e Manuel, 13—remam por essas águas poluídas na esperança de pescar camarões e peixes suficientes para alimentar a si mesmos, seus pais e sua irmã mais nova.

Instalações petrolíferas cairam enferrujadas
Instalações petrolíferas caíram enferrujadas
Eles usam gasolina para lavar o óleo de sua pele.

As crianças brincam e se banham na água, que cheira a vida marinha podre.

O pai dos meninos, Nelson Méndez, 58, diz: “tudo pelo que trabalhei na vida, perdi por causa do petróleo”.

No lago Maracaíbo as chamas de gás empestam a atmosfera porque não há equipamentos para convertê-lo em combustível.

O ministro Josué Alejandro Lorca, disse que o governo não tem recursos para resolver o problema.

Em Cabimas, o pescador David Colina, 46, vestido com um macacão laranja manchado de óleo com o emblema da petrolífera estatal, há trinta anos conseguia pescar mais de cem quilos de peixe.

Agora num dia com sorte puxa dez quilos na rede, que trocará por farinha ou arroz com seus vizinhos.

“Não há mais governo aqui”, se lamenta. É um “triunfo” do socialismo para onde Maduro e seus colegas nos governos latino-americanos estão empurrando o nosso continente.


segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Nicarágua é amostra do que visa a China na América Latina

Lula da Silva e Alberto Fernández abrem as portas à invasãao solapada da China
Lula da Silva e Alberto Fernández abrem as portas à invasão solapada da China
Luis Dufaur
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continuação do post anterior: Nicarágua: feroz ditadura que diz ser "democracia"


11 bases espaciais e 40 portos na América do Sul


Logo após a viagem a Xangai do Ministro da Economia argentino, Sergio Massa, e do filho de Cristina Kirchner, Máximo Kirchner, o governador da Terra do Fogo aprovou a construção de um porto multivalente por uma empresa de fachada do Exército Vermelho.

Ele seria como um polo agroquímico, mas esconderia uma base naval para controlar os canais do Sul e serviria de porta de entrada à Antártica.

“Abrir as portas a uma potência totalitária como a China pode vulnerar a nossa soberania”, denunciou o legislador Pablo Daniel Blanco, que abriu, juntamente com outros, um processo na Justiça.

Os EUA temem pelas sucessivas concessões do regime peronista e lulo-chavista do presidente Fernández.

Este também quereria rearmar a Argentina com armas chinesas.

The Wall Street Journal revelou que a China também montou há anos em Cuba uma base de espionagem das comunicações nos EUA, como outrora fazia a URSS.

Militares suspeitam de uso bélico na Base Naval Integrada de Ushuaia que quer a China
Militares suspeitam de uso bélico na Base Naval Integrada de Ushuaia que quer a China
Ela está instalada num prédio de antiga URSS, na aldeia de Bejucal. “Os EUA só despertaram há quatro ou cinco anos para esta questão de segurança militar para o mundo”, disse Jonathan Ward, especialista na oposição China-EUA.

“A América Latina corre o risco da dependência econômica e da influência militar e diplomática chinesa”, que Ward comparou à expansão do Império Britânico no século XIX, citando o jornal La Nación.

Altos comandos militares insistem que as instalações de empresas chinesas na América Latina e no Caribe visam um “duplo uso”: na aparência são civis, na prática são dirigidas pelo exército comunista.

O Center for Strategic and International Studies (CSIS), enumerou onze instalações espaciais na América do Sul.

“Estas instalações constituem um segmento de uma rede mundial que pode mirar os EUA e interceptar informação sensível”, afirma num relatório.

Exemplo preocupante é a estação Espaço Remoto, em Neuquén (Patagonia), controlada pela Força de Apoio Estratégico do Exército Popular de Libertação, onde a Argentina não pode exercer sua soberania (cfr. La Nación).

Outras são as de El Sombrero, na Venezuela, de La Guardia, na Bolívia, e mais dois projetos em San Juan, Argentina.

Além desses, a China procura instalar-se em 40 portos, do México ao Peru, visando neste último o porto de Chancay, o complexo portuário mais importante no sul do Pacífico.

* * *

Povo resiste à ofensiva de comunistas e chineses apoiado na Padroeira do país
Povo resiste à ofensiva de comunistas e chineses apoiado na Padroeira do país

Há 440 anos, no porto de El Realejo, na Nicarágua, uma nau que deveria partir para o Peru não conseguia zarpar.

Nela, Don Lorenzo de Cepeda, irmão de Santa Teresa de Ávila, levava uma imagem da Imaculada Conceição.

Enquanto o barco não conseguia se mover do porto, ele se instalou na cidade de El Viejo com a imagem, que os mestiços cultuavam como a “Menina Branca”, que fazia milagres.

Formou-se a ideia de que a Imaculada Conceição queria ficar ali.

O irmão de Santa Teresa então doou a imagem à cidade e as velas do barco se enfunaram com vento muito favorável.

Em 2018, quando soldados da ditadura matavam centenas de cidadãos opostos à tentativa chinesa de construir o canal na Nicarágua, a sua imagem padroeira reinava sobre as barricadas salpicadas pelo sangue dos resistentes anticomunistas.

A iniciativa de Ortega a favor da China acabou fracassando. Foi um sinal de que Nossa Senhora, que esmaga a serpente infernal e seus sequazes, acabará vencendo na Nicarágua e no “continente da Esperança”.


segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Nicarágua: feroz ditadura que diz ser "democracia"

'Assassinos do povo' é o brado de todas as tendências
'Assassinos do povo' é o brado de todas as tendências
Luis Dufaur
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continuação do post anterior: Nicarágua: calvário de um povo entregue ao comunismo


“Democracia” que enforca a liberdade


Os ex-presidentes que compõem a Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (IDEA) denunciaram “agravadas perseguições à liberdade de religião”, manifestaram-se preocupados com “o incêndio de igrejas e a destruição selvagem de imagens do culto católico”, além de exigir a intervenção do Papa Francisco, aliás muito criticado por sua inexplicável inércia, que mais parece cumplicidade (cfr. Clarín).

O jornal espanhol El País apontou um despótico tripé legislativo do governo para afogar a liberdade de expressão.

Uma Lei contra Discurso de Ódio pune os opositores com prisão perpetua. Outra Lei, a de Agentes Estrangeiros, proíbe doações internacionais a sociedades civis, ONGs, jornalistas e grupos opositores.

Eleições falsificadas não foram reconhecidas internacionalmente
Eleições falsificadas não foram reconhecidas internacionalmente
Por fim, a Lei Especial de Delitos Cibernéticos, ou Lei da Mordaça, pune com 1 a 10 anos de prisão os críticos de Ortega nas redes sociais.

Em novembro de 2021 — prendendo candidatos opositores e enchendo as cadeias de inimigos políticos —, Ortega se fez eleger presidente mais uma vez, e se arvorou em campeão da democracia.

A comunidade nacional e a internacional viram a escandalosa farsa; os EUA, a União Europeia, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e dezenas de países democráticos recusaram o resultado.

Os ditadores de Cuba e da Venezuela participaram da posse do ditador, à qual China, Rússia, Coreia do Norte, México e Argentina fizeram-se representar e Irã enviou um chefe terrorista.

A posse preludiou a prisão de jornalistas, a fuga de empresas de comunicação e o encarceramento de familiares de exilados políticos que criticavam a tirania. 317 pessoas foram declaradas apátridas, tiveram seus registros civis apagados e seus bens confiscados.

“É a morte civil, como se a gente nunca tivesse existido”, deplorou o jornalista Héctor Mairena, refugiado na Costa Rica.

Segundo a instituição Transparência Internacional, a Nicarágua, irmanada ao lulo-chavismo, tornou-se o país mais corrompido da América Central e o terceiro mais corrupto de toda a América.

Papa rompe mutismo incompreensível


Os padecimentos de Nicarágua encontraram um Papa e o PT insensíveis
Os padecimentos de Nicarágua encontraram um Papa e o PT insensíveis
Após anos de horrores despóticos, com a colaboração de altos eclesiásticos e o mutismo muito criticado do Papa Francisco, este finalmente deplorou a tirania em março passado:

“Não tenho escolha a não ser pensar em um desequilíbrio na pessoa que lidera [Ortega]. [...] É como se estivesse trazendo a ditadura comunista de 1917 ou a hitlerista de 1935. São ditaduras grosseiras”, registrou a Folha de S. Paulo.

Ortega treplicou com gestos brutais, mas não mudou e reforçou as violências na Semana Santa.

No Domingo de Ramos, em San José de Cusmapa, oeste do país, fiéis se revoltaram após a polícia prender o Pe. Donaciano Alarcón quando este saiu da igreja para benzer os ramos.

Ainda revestido dos paramentos da missa, foi expulso pela fronteira com a Costa Rica, acusado de organizar procissões e sublevar a população.

Segundo ele, informantes presentes em todas as missas denunciaram sua menção ao Papa Francisco e ao bispo de Matagalpa, Mons. Rolando Álvarez, que continua preso por alegada “traição à pátria”, crime usado contra qualquer opositor, acrescentou a Folha de S. Paulo.

Pouco depois, o ditador fechou três universidades católicas que contavam com pelo menos onze unidades de ensino, e dissolveu as organizações caritativas católicas ligadas à Caritas, informou o site Vatican News 18 e O Globo.19

Poucas semanas antes, o ditador havia esbravejado:

“Se vamos falar de democracia, que se eleja também o papa por voto direto do povo. Que seja o povo quem decida, não a máfia que está organizada no Vaticano”.

Grosserias que poderiam ter sido recebidas com aplausos nas assembleias do famigerado Sínodo Alemão.

O silêncio cúmplice do PT


PT apoia o regime criminoso e antidemocrático de Ortega
PT apoia o regime criminoso e antidemocrático de Ortega
Mas o silêncio, afinal quebrado, do Papa, foi acompanhado de outro: o do PT e de Lula, autoproclamado herói da democracia, mas que persevera como velho amigo e companheiro de viagem do déspota comunista nicaraguense.

O jornalista Mairena pede mais ação do Brasil: “Lamentamos que o governo do presidente Lula não tenha tomado uma atitude firme”.

No Brasil, entre outros, Celso Rocha de Barros, autor de “PT uma história”, partilhou a perplexidade da omissão petista diante do regime de crimes ao afirmar no artigo:

“PT faria bem em adotar uma postura abertamente crítica à ditadura de Ortega”, Folha de S. Paulo20:

“A revolução nicaraguense de 1979 foi a revolução da geração em que o PT foi fundado. Nos anos 1980, o PT mandou médicos para a Nicarágua [...].

“Jovens petistas se tornaram voluntários para ajudar os sandinistas, tinham várias semelhanças de família com o PT, como a forte presença de católicos progressistas em seu meio.

“Na Nicarágua, houve padres-guerrilheiros [...]. Enquanto isso, o petista Frei Beto tentava aproximar católicos e comunistas em Cuba”.





segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Nicarágua: calvário de um povo entregue ao comunismo

Ex-guerrilheiro sempre marxista e mulher entregue à bruxaria causaram milhares de mortes durante o COVID
Ex-guerrilheiro sempre marxista e mulher entregue à bruxaria
causaram milhares de mortes durante o COVID
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





continuação do post anterior: Nicarágua ‘chinesa’ revela planos de Pequim


Repressão a médicos


Entre o primeiro projeto falido e a atual tentativa de construir o Canal da Nicarágua, a ditadura radicalizou a repressão exercendo um comando de terror sobre os médicos que lutavam contra o coronavírus, citou “La Nación” de Buenos Aires.

O sandinismo encheu os hospitais públicos com fotos dos “heróis e mártires” guerrilheiros, de Ortega e de sua mulher Rosario Murillo, consagrada à bruxaria.

O regime proibiu medidas anti-epidêmicas e contou apenas 83 mortes, quando o Observatório Cidadão, de médicos independentes, registrava 2.087 óbitos.

Em “enterros express”, a polícia sumia com os corpos. Os médicos não podiam usar equipamentos de proteção pessoal “para não alarmar'' os doentes.

Dezenas de especialistas foram demitidos por criticar esses erros.

As expulsões obedeciam a “ordens de cima”, ditadas pelo sindicalista presidente do Parlamento cognominado “doutor morteiro”, pelo uso de bombas artesanais.

Os jornalistas que iam aos centros de saúde eram presos, e os opositores feridos pela polícia não eram atendidos.

A Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH) contabilizou 328 mortos e mais de 2000 feridos a esse título.

De 800 funcionários do hospital Bertha Calderón, por volta de 250 foram mandados de volta para suas casas com sintomas de coronavírus, como repressão e vingança.

Nenhum deles foi julgado doente e as mortes foram atribuídas à “pneumonia atípica, infarto ou parada respiratória”.

A Nicarágua virou um portal de entrada na América Latina do terrorismo internacional.

Mohsen Rezai, iraniano procurado pela Interpol e envolvido no atentado terrorista contra a associação de saúde judaica AMIA em Buenos Aires, assistiu a mais de uma posse presidencial de Ortega.

Em Manágua, ele se confraternizou com o presidente argentino e os ditadores de Cuba e Venezuela, noticiou La Nación.

Até o clero sandinista ficou horrorizado


Dom Rolando José Álvarez Lagos foi preso em 2022
Dom Rolando José Álvarez Lagos foi preso em 2022
Infelizmente, a hierarquia eclesiástica e o clero local cooperaram com a revolução comuno-sandinista.

No Brasil, houve no Instituto Paulo VI, da Arquidiocese de São Paulo, uma “Noite Sandinista”, na qual o bispo de São Félix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga, vestiu o uniforme de guerrilheiro sandinista como “sacramento de libertação”, dizendo: “Eu me sinto, vestido de guerrilheiro, como me poderia sentir paramentado de padre”.

A hierarquia eclesiástica foi o motor da Teologia da Libertação e das revoluções que esta promoveu na América Latina e, como é bem conhecido, está na raiz do PT brasileiro (Catolicismo, jul-ago/1980).

Leigos católicos integraram o primeiro gabinete guerrilheiro nicaraguense juntamente com quatro sacerdotes: o ex-ministro das Relações Exteriores Miguel D'Escoto (1979-1990), o ministro da Previdência Social, Pe. Edgard Parrales (1980-1982), o Pe. Ernesto Cardenal (1979-1982), ministro da Cultura (1987), e seu irmão, Pe. Fernando Cardenal, ministro da Educação (1984-1990).

Porém, quando o governo de Ortega foi desvendando seu cruel rosto comunista, a posição dos bispos nicaraguenses mudou parcialmente.

O arcebispo de Manágua, Cardeal Miguel Obando y Bravo (1926-2018), criticado por sua inércia cúmplice, passou a comparar o regime a uma “cobra venenosa e traiçoeira”.

Perseguição declarada à Igreja


Dezenas de religiosas foram expulsas da Nicarágua
Dezenas de religiosas foram expulsas da Nicarágua
Em agosto de 2022, após duas semanas de cerco à sede episcopal, por ordem do governo Ortega, os sandinistas invadiram a cúria de Matagalpa e sequestraram o bispo Dom Rolando José Álvarez e mais sete dos seus oito colaboradores, conforme publicado por La Nación.

Em março de 2021, Ortega expulsou o núncio apostólico Waldemar Sommertag, pondo fim a um vínculo diplomático de 115 anos.

E em 21 de setembro do mesmo ano, o país desistiu de ter embaixador ante a Santa Sé.

Duas universidades ligadas à Igreja foram fechadas e terão que entregar ao governo todas as informações sobre alunos, professores, planos de estudos, matrículas e habilitações, informou O Estado de S. Paulo (12-3-2023).

Logo depois da Semana Santa a tirania mandou para o exílio as religiosas dominicanas que cuidavam de um asilo de anciãos, além de confiscar o mosteiro das irmãs trapistas de São Pedro de Lóvago.

Em julho foi a vez das Missionárias da Caridade, acusadas de atividades “terroristas”, noticiou Infocatólica.

Em julho a polícia da ditadura sequestrou quatro freiras brasileiras da congregação Irmãs dos Pobres de Jesus Cristo, na cidade de León. Elas foram expulsas da Nicarágua.

A congregação estava no país há sete anos, atuando junto aos pobres mediante a distribuição de alimentos e rezando com eles.

Oficialmente 40 freiras e 44 religiosos foram expulsos pelo governo Ortega nos últimos cinco anos, mas o número real é muito maior, informou o site Aleteia.

Padre enfrenta policiais que impediam celebração de missa
Padre enfrenta policiais que impediam celebração de missa

Dezenas de estações de rádio e televisão católicas e mais de mil organizações não-governamentais foram fechadas, igrejas profanadas com bombas incendiárias, padres presos e os paroquianos proibidos de entrar na igreja de Ciudad Darío, também no município de Matagalpa.

Cabe mencionar que o regime comunista de Ortega — misturado com bruxaria praticada por sua mulher, Rosario Murillo, elevada a “copresidente” — ainda tem bispos identificados com eles, como o diocesano de León, Dom René Sandino, que instalou a insígnia da Frente Sandinista na catedral.

A diocese de Matagalpa foi indiciada sem nenhuma prova por “organizar grupos violentos” e incitar o “ódio” para “desestabilizar o Estado”.

O ditador acusou os bispos de “conspiradores golpistas” por apoiarem os protestos da oposição que pediram sua renúncia em 2018, e em cerimônia pública em 28-9-2022, deblaterou: “Tudo se impõe na Igreja Católica, é uma ditadura perfeita”.

Cenas evocaram os tempos dos sovietes
Cenas evocaram os tempos dos sovietes
Em Matagalpa, Monsenhor Oscar Escoto, depois de 14 dias sequestrado e preso juntamente com os padres que o acompanhavam na prisão, não recebiam comida, remédios, roupas ou material de higiene, noticiou Infocatólica.

O cardeal nicaraguense Leopoldo Brenes abençoou nove imagens de Nossa Senhora de Fátima para todas as dioceses do país.

Mas o governo proibiu a diocese de Matagalpa de recebê-la, e centenas de fiéis que se dirigiam à catedral para venerá-la foram enviados de volta para suas casas.

Ortega mandou tratar a Igreja Católica como inimiga do Estado, conforme informa o site da Unisinos,13 que apesar de ser a central da Teologia da Libertação no Brasil, viu-se obrigado a informar sobre os crimes anticatólicos de seus ex-companheiros de viagem.