segunda-feira, 15 de julho de 2024

Emigração trágica dessangra a Venezuela

Dizem eles: Nós deixamos tudo na Venezuela. Não temos um lugar para viver ou dormir e não temos nada para comer
Dizem eles: "Nós deixamos tudo na Venezuela.
"Não temos um lugar para viver ou dormir e não temos nada para comer"
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Venezuela se dessangra protagonizando a segunda maior crise migratória do mundo, atrás da Síria, com 7,3 milhões de cidadãos deslocados.

A agência das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR), calcula que o país perdeu 20% da população e por volta de 2.000 pessoas a abandonam todos os dias.

Mais de um milhão de venezuelanos pediram asilo em todo o mundo, segundo a ACNUR.

Porém a maioria não tem documentação e não tem acesso garantido aos direitos básicos, ficando exposta a riscos de exploração, tráfico, violência, discriminação e xenofobia.

Carlos Iván Suárez, jornalista venezuelano de 37 anos disse ao “La Nación” que fugiu à Argentina em 2018 pela perseguição aos jornalistas. Ele agradeceu à Argentina pela boa recepção aos mais de 163 mil venezuelanos acolhidos nesse país na outra extremidade do continente.

Porém, a maioria dos venezuelanos deslocados vive na Colômbia, Peru, Estados Unidos, Equador, Chile, Espanha e Brasil.

Segundo a relatora da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Esmeralda Arosemena de Troitiño, denunciou como causa deste êxodo de dimensões bíblicas as violências da ditadura que resultam em violações sistemáticas dos direitos individuais.

Emigrantes venezuelanos poderão ser logo por volta de 9 milhões avanzou a Agência Brasil
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“O caminho e o motivo foram terríveis, foi um desenraizamento total, parecia uma derrota total sabendo que o país não parava mais e que tudo já estava perdido”, disse Alex Perez Ortuno, desenvolvedor de software de 45 anos, na Argentina em dezembro de 2014.

“Democracia” é tal vez o termo mais abusado nos presentes dias até para justificar falaciosamente o contrário.

Assim, “os venezuelanos votam com os pés atravessando a fronteira aos milhares”, explica Juan Negri, da UTDT.

O relatório da Freedom House 2024, aponta que desde 1999 as instituições democráticas do país se deterioram cada vez mais gravemente a cada ano que passa.

A Venezuela com baixíssimos índices de liberdade e democracia não é mais considerado um país livre, mas sim autoritário.

O Índice de Democracia do “The Economist”, o autoritarismo vem “de longa data” e o país está no 142º lugar num total de 167, sendo o penúltimo no continente, atrás apenas da Nicarágua.

A chegada de Nicolás Maduro ao poder intensificou o retrocesso democrático.

Cessou a democracia guardas Nacionais prendem manifestante anti Nicolás Maduro, em Caracas
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“O governo venezuelano estigmatizou, assediou e criminalizou as pessoas críticas do governo”, afirma Ana Piquer, diretora para as Américas da Anistia Internacional.

O sistema eleitoral foi despojado de imparcialidade e transparência. As eleições são amplamente tidas como ilegítimas e carentes de credibilidade.

As presidenciais deste ano também serão plagiadas pelo partido no poder, apesar das tentativas de mediação internacional para torná-las transparentes.

Cessou a independência judicial e os opositores são detidos e processados sem respeito pelos direitos fundamentais. A ONG Foro Penal, em 26 de fevereiro contava 264 presos políticos.

Mas os encarceramentos por motivos políticos de janeiro de 2014 a 31 de dezembro de 2023 totalizaram 15.812.

A ONU manifesta preocupação alertando contra “o recurso arbitrário à privação arbitrária de liberdade, incluindo o confinamento em “regime incomunicável em casas clandestinas, sem respeito pelas garantias legais mínimas básicas, bem como a privação da vida por razões políticas ou contra pessoas vistas como opositoras ao governo”.

Venezuelanos fogem de seu país
Venezuelanos fogem de seu país
Infelizmente declarações do gênero ficam apenas no papel e enchem as prateleiras dos arquivos burocráticos da ONU.

E tudo continua se passando como se uma maldição do Céu tivesse caído sobre a Venezuela.

Somente uma intervenção ou missão divina poderá pôr lhe fim.