Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Michael Weissenstein, jornalista da Associated Press, estava acostumado com o prosaísmo dos hotéis nos países socialistas, pois, segundo relata, viveu uma série de histórias de terror desde que mudou para Cuba em 2014. Ele contou tudo numa reportagem publicada pelo jornal “Clarín” de Buenos Aires.
Mas um dia soube que a gigantesca rede hoteleira norte-americana Starwood tinha assumido o Hotel Quinta Avenida, até então administrado pelo exército cubano na outrora elegante região de Miramar, em Havana.
Apressou-se então a reservar um quarto, embora o preço fosse delirantemente alto para a miserável ilha comunista: 250 dólares por dia para duas pessoas.
Starwood treinou o pessoal do hotel, que passou a se chamar Four Points by Sheraton La Habana.
Embora a reserva tenha sido fácil para um hotel cubano, no apartamento não havia a cama prometida, o toilette não tinha água e não havia sinal dos serviços adicionais solicitados.
O colchão estava ensopado, a colcha decorativa, manchada, e os lençóis envoltos num invólucro plástico como os usados para crianças que molham a cama.
Mal pendurado na parede, o abat-jour não funcionava por falta de lâmpada e Michael descobriu que o mesmo se equilibrava na única posição possível para não desabar.
Tapetes, pintura e lajotas do banheiro pareciam novos, mas as paredes estavam sujas e danificadas.
Nos criados mudos, parecia que alguém descolou adesivos com um objeto pontudo.
A porta da geladeira estava mambembe e as bebidas flutuavam num charco de água em temperatura ambiente.
A máquina de café tinha dois envelopes de café, um saquinho de chá e o aviso “Café-Té NO INCLUIDOS”.
A internet no quarto custava cinco dólares por hora.
A piscina estava fechada na hora da abertura. Um empregado que a limpava com um balde cheio de substâncias químicas pediu-lhe para voltar dentro de duas horas.
Numa grande sacada, Michael pediu um coquetel de camarão, que veio com molho russo numa taça de Martini cheia de alface.
O cardápio remontava a 2010, quando o hotel era dirigido pela espanhola Barceló, por cima de cuja etiqueta alguém havia colado com fita adesiva uma nova com o logotipo Four Points by Sheraton.
Michael acabou fugindo para um restaurante privado das proximidades, só voltando à noite.
Pediu uma vodca Absolut com água mineral e limão, mas ela veio com gosto de solvente de pintura e lhe queimou a boca.
Queixou-se com o sommelier, que concordou que não era Absolut, exibiu a garrafa e insistiu que ninguém do hotel a tinha enchido com um álcool barato. Mas abriu outra, que tinha o sabor anunciado na etiqueta.
Michael foi para a toilette, mas fugiu espantado na hora de abrir a porta devido ao cheiro de esgoto.
O café da manhã era incomestível: uma série de ensopados com ovos de duas tonalidades, linguiças pingando gordura, hot-dogs fervidos a ponto de ficarem inchados, boiando em água morna.
Tudo completado por uma mistura de pães envelhecidos e frescos, além de uma coleção de pedaços de goiaba, mamão e melancia.
Ao provar uma linguiça de cor grisalha, Michael teve de cuspi-la, pois estava mais fria do que a temperatura ambiente.
O café, aguado e amargo, deixava na boca um sabor de química.
Saindo logo do hotel – algumas de cujas falhas que foram objeto de suas queixas o gerente aparentava arduamente querer consertar –, Michael ouviu dele que as melhorias vão levar meses e que colchões e roupa de cama nova chegariam pelo fim do ano.
Michael comentou que talvez os hóspedes possam desfrutar então dos padrões internacionais do primeiro hotel administrado por uma empresa americana em Cuba em mais de 50 anos.
Mas hoje voltarão decepcionados.
Maravilhas nojentas do “paraíso” socialista!
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