segunda-feira, 27 de maio de 2013

Populismo põe pé na tábua com os pneus no ar

Prateleiras vazias na Venezuela
“O populismo de esquerda está em xeque” na América do Sul, escreveu Igor Gielow, diretor executivo da sucursal de Brasília da “Folha de S.Paulo”.

A vitória magérrima de Nicolás Maduro, malgrado ter em seu favor toda a máquina do chavismo, foi sucedida por violências de rua entre facções chavistas que causaram várias mortes.

Maduro atribuiu as violências a setores militares não identificados. Porém, todos os 20 governos de estados em mãos de chavistas são dirigidos por fardados, nos quais Chávez, morto em circunstâncias ainda mal esclarecidas, depositava sua confiança.


Maduro deu sucessivas provas de insegurança cortando as emissões radiofônicas do candidato opositor Capriles. Este, por sua vez, está convencido de que Maduro subiu com fraude. Até 600.000 mortos teriam votado!

Procurando reunificar o chavismo que afunda no caos, Maduro aduziu ter provas de que o ex-presidente colombiano Uribe planeja sua morte. Nenhuma prova séria foi exibida e Maduro ganhou mais alguns dias, enquanto Uribe ameaça levá-lo a um tribunal internacional por calúnia e difamação.

Maduro com passarinho portador de recados de Chávez
Maduro quebra a cabeça diante das desordens estruturais criadas por Hugo Chávez, sua fonte de inspiração, simbolizado por um passarinho que usava sobre o chapéu durante a campanha eleitoral.

O fato é que tendo falecido o carismático ditador devoto de muitas superstições, partes significativas do eleitorado venezuelano passaram para a oposição.

A produção petrolífera cai, as prateleiras dos supermercados se esvaziam e, por razões propagandísticas, enche-se o tanque de gasolina com menos de um dólar.

Boa parte da produção de petróleo dos próximos anos foi adquirida antecipadamente pela China, e o dinheiro Chávez torrou.

Nas filas por alimentos básicos as pesssoas recebem um carimbo – como escravos – com o número da senha. Maduro comemorou como triunfo a importação de 50 milhões de rolos de papel higiénico que não havia no país. Falta também sabonete e outros produtos de higiene pessoal.

Um doloroso aperto econômico seria previsível, mas significaria o enterro político de Maduro e talvez o início de conflitos sociais com um fundo de violência fora de controle.

A obscura imprevisibilidade em que se afunda a Venezuela levanta dúvidas sobre o atual ciclo do populismo de esquerda na América Latina.

Argentina está passada com os abusos de Kirchner e sua esquerdista equipe de governo
No outro extremo do continente, o governo esquerdista de Cristina Kirchner torrou as reservas internacionais, está envolvido em bandalheiras que se assemelham às do Mensalão. Mais recentemente, escolheu amparar-se sob a sombra do Papa Francisco I e de seus apelos em prol da pobreza e da partilha.

O boliviano Evo Morales, dependente do populismo socialista de Chávez, vê sua popularidade naufragar num país sem saída para o mar.

Rafael Correa, presidente do Equador, fugiu à regra escorregando, aliás, para o centro. Ele adotou com muito atraso o truque “Lulinha paz e amor” e jogou no esquecimento os ditirambos bolivarianos.

O time de Maduro, Kirchner e Morales não tem fôlego para continuar em campo por muito tempo, comenta Gielow.

E o time brasileiro, tem?


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