Colossal incêndio em refinaría abalou imagem de Chávez

Infraestrutura nacional está abandonada dizem venezuelanos

“Brasil e Argentina urdiram o isolamento do Paraguai, último obstáculo à adesão da Venezuela, e atropelaram as normas do Mercosul para receber Hugo Chávez de braços abertos”, comentou “O Estado de S. Paulo” em 06/08/12, após os vergonhosos procedimentos das diplomacias do Cone Sul.

Por sua vez, “O Globo” vem apontando o caráter desinibidamente narcotraficante do governo do presidente Chávez:

“O governo venezuelano tem conhecidas ligações com as Farc, organização colombiana tão envolvida com o tráfico de drogas que é chamada de narcoguerrilha. Altos escalões do governo estão envolvidos até o pescoço na rede criminosa”, observou o jornal carioca com farto apoio de informações.

“Recentemente – acrescentou “O Globo” – o presidente da Suprema Corte venezuelana, Eládio Ramón Aponte, totalmente envolvido com o esquema mafioso, fugiu do país pouco antes de ser descoberto e, em entrevista a uma TV da Costa Rica, denunciou altos funcionários do governo Chávez. O ex-juiz contou que quem controla o Judiciário é o vice-presidente Elías Jaua, zelando pela manipulação de processos, para livrar da prisão traficantes vinculados ao governo”.

Entre os pretextos alegados para dissimular o golpe ideológico esquerdista estava a possibilidade de negócios com a Venezuela, rica em petróleo.

Inepcia generalizada e fanatismo ideológico foi determinante

Entrementes, um gigantesco incêndio na refinaria de petróleo Amuay, no noroeste da Venezuela, veio patentear o desastroso estado da infraestrutura do país, entregue aos simpatizantes do ditador Chávez após banir engenheiros e operários especializados que não lhe eram afetos. O saldo provisório oficial ficou em mais de 50 mortos e desaparecidos, além de 200 casas destruídas, segundo jornalistas estrangeiros.

Segundo a revista francesa “L’Express”, os resultados do golpe político foram: queda da produção, multiplicação de acidentes, ausência de manutenção, planificação e tecnologia; instalações vetustas, insegurança das instalações, má gestão empresarial e clima de incompetência generalizada. Esses resultados correm velozmente sobre uma avenida asfaltada com colossais projetos prometidos pelo ditador e sempre descumpridos.

Os apontam que as consequências psicológicas do desastre abalaram a imagem do presidente-ditador na iminência da eleição presidencial.

Iván Freitas, secretário geral do Sindicato Unitário dos Trabalhadores do Estado de Falcón, onde fica a refinaria colapsada, diz que as refinarias venezuelanas “estão por terra”. Nos dois últimos anos houve 40 acidentes graves no mesmo local.

Venezuelanos não acreditam vendo seu orgulho nacional achincalhado

O ex-diretor de PDVSA – a Petrobrás venezuelana – Nestor Ramírez observou que a fuga de gás responsável pelo desastre havia sido detectada noventa minutos antes do incêndio.

Segundo Ramírez, teria bastado “fechar a torneira”. Mas a incompetência foi tanta que, não sabendo qual torneira fechar, os simpatizantes de Chávez tentaram em vão tampar o furo incontrolável do encanamento.

“O problema da perigosa falta de manutenção existe também no setor elétrico”, acrescenta Reinaldo Dias, secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores da Eletricidade de Caracas. “As revisões de segurança das geradoras de eletricidade acumulam mais de cinco anos de atraso”, comentou.

A incompetência talvez seja comparável ao abandono em que se encontram as vias férreas da Argentina, entregues ao arbítrio de sindicatos do regime.

O incêndio feriu a fundo a sensibilidade da opinião venezuelana no momento em que se prepara para escolher o futuro presidente.

Para se perpetuar no poder Chávez parece disposto a lançar mão de qualquer recurso, inclusive o de apelar para a manipulação das urnas eletrônicas.