domingo, 11 de janeiro de 2015

Retrospectiva 2014: o espectro “bolivariano” tenta desfazer América Latina

Jornais sem papel foram fechando na Venezuela
Jornais sem papel foram fechando na Venezuela

(Excertos de “2014: Na orla da III Guerra Mundial?” publicado na revista CATOLICISMO, janeiro de 2015, http://catolicismo.com.br/)

Venezuela — O país naufragou na anarquia totalitária. As companhias aéreas internacionais suspenderam voos por falta de pagamentos do governo; os “conselhos populares” — espécie de sovietes bolivarianos — escravizaram as entranhas da sociedade.

Nas ruas, manifestantes oposicionistas foram impiedosamente mortos. Dissidentes políticos, deputados e prefeitos oposicionistas foram presos, grande número deles com pretextos duvidosos e insinceros. A mesma sorte atingiu alguns generais, classificados como “golpistas”.


Faltou papel para imprimir os jornais, a maioria dos quais havia perdido sua autonomia no final do ano.

Os proprietários de casas e apartamentos foram obrigados a vendê-los aos inquilinos. A violência das gangues criminosas tomou conta dos logradouros públicos.

Alimentos básicos como leite, arroz, açúcar, etc., desapareceram dos supermercados. As imensas filas lembravam a época soviética e a desordem se instalou nas lojas.

Conseguir comer foi virando uma façanha quotidiana, sobretudo para os mais pobres
Conseguir comer virou façanha quotidiana, sobretudo para os mais pobres
A desorganização foi pretexto para um racionamento mais radical e mais computadorizado do que o cubano. Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas, em 2013, 1,8 milhão de venezuelanos caíram na pobreza, isto é 6% da população.

O sistema de saúde público ou privado entrou em colapso: desapareceram insumos médicos indispensáveis, inclusive para as urgências.

Em novembro, a maior refinaria parou, enquanto a Venezuela importava petróleo e cortava os subsídios de seus apaniguados “bolivarianos”, com exceção de Cuba.

A circulação dos cidadãos nas fronteiras foi restringida. Um “remédio eficaz” encontrado pelos seguidores de Chávez, o falecido ditador, consistiu numa blasfema paródia do Padre-Nosso, elaborada pelo partido chavista: “Chávez nosso que estás no céu” (OESP, 3-9-14).

Argentina — Enquanto os cidadãos argentinos guardavam centenas de bilhões de dólares, o governo bolivariano-peronista de Cristina Kirchner multiplicava os impostos e as normas confiscatórias, além de reprimir o comércio externo.

Até transformar, com a cooperação de Brasília, o Mercosul em um tratado desrespeitado.

Putin estendeu seus tentáculos e Cristina Kirchner ganhou o título de "melhor aliada da Rússia" no continente
Putin estendeu seus tentáculos e Cristina Kirchner
ganhou o título de "melhor aliada da Rússia" no continente

Os índices de decadência e as desordens da economia foram se assemelhando aos da Venezuela. Em meio a escândalos administrativos, a presidente foi internada diversas vezes devido a crises de saúde nunca explicadas e abandonou a corrida pela reeleição.

Isso não impediu Vladimir Putin de declará-la a melhor aliada da Rússia na América Latina e assinar com ela dezenas de acordos.

Por sua vez, a China iniciou na Patagônia a construção de uma base espacial, a qual, segundo o exército argentino, inclui usos militares. A construção foi suspensa no fim do ano, por inúmeras irregularidades.

Entrementes, o governo argentino perdeu em condições desmoralizadoras um processo de ressarcimento de credores internacionais.

Alguns sinais de destravamento do engodo aconteceram após os fundos de investimento credores irem atrás de fortunas pessoais aplicadas pelos Kirchner e seus aliados no exterior.

Em dezembro, o vice-presidente Amado Boudou foi indiciado pela Justiça — fato único na história argentina — pela sua participação nos esquemas de corrupção do governo Kirchner.

O indiciado representou a Argentina na posse do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff em Brasília.

Colômbia — O presidente Juan Manuel Santos se reelegeu por estreita margem, num ambiente de repúdio geral às negociações de paz que ele conduz com as FARC em Havana.

A grande polarização e a rejeição de mais de 70% dos colombianos às concessões feitas às FARC forçaram-no a se reaproximar de Álvaro Uribe, político que encarna a oposição à guerrilha marxista (FSP, 16-5-14).

Em novembro, o sequestro e libertação de um general de exército pelos guerrilheiros abala foi pretexto para novas e grandes concessões à guerrilha narco-marxista no malfadado “processo de paz”.
Torcida bolivariana por Dilma superou fronteiras aparentemente insuperáveis!
Torcida bolivariana por Dilma superou fronteiras aparentemente insuperáveis!

Chile — A presidente Michelle Bachelet assumiu o governo em março, mas sem a maioria necessária para implementar o plano “bolivariano” que havia anunciado, do qual começava pela reforma constitucional.

Tentou acelerar a revolução sexual com apoios insuficientes, e no final do ano se perguntava se ela não seria a continuadora da atuação nacional e internacional de Cristina Kirchner.

Brasil polarizado

O Brasil conheceu a maior polarização sócio-temperamental e ideológica das últimas décadas. Esse fenômeno se acentuou por ocasião das eleições nacionais de outubro.

O fatídico acidente aéreo do candidato Eduardo Campos (PSB) beneficiou emocionalmente a sua colega de chapa Marina Silva, ex-ministra petista, que cresceu fugazmente nas pesquisas. Mas logo se verificou que seu programa radicalizava propostas do próprio PT, e sua popularidade despencou.

Na estranha corrida presidencial, o jet-set político, eclesiástico, jornalístico e sindicalista propunha reformas ou aventuras quando a imensa maioria do eleitorado, basicamente conservador, ansiava por segurança e estabilidade.

MST quer mais revolução marxista e conseguiu apoios importantes
O aparelhamento do Estado, políticas anti-“discriminatórias”, o estímulo a “movimentos sociais” desrespeitadores da propriedade privada e do Direito, as tentativas de controlar a imprensa, a intervenção estatal na economia, as relações internacionais submissas a interesses da esquerda mundial, o crescimento vertiginoso de escândalos de corrupção, etc., constituíam descaminhos em face dos quais o Brasil não se sentia interpretado.

Por sua vez, a CNBB, diante das ameaças contra as instituições básicas da ordem cristã — como a família e a propriedade privada — praticava uma completa omissão, quando não era cúmplice do lulo-petismo.

O Brasil votou compelido pela obrigatoriedade do voto e tolerando o “mal menor”, pois queria afastar o PT do poder. Entretanto, o resultado final representou um engodo. A presidente Dilma Rousseff renovou o mandato sem apoio no País real e recorrendo a artifícios de marketing eleitoral e cumplicidades político-eclesiásticas.

Bancadas oposicionistas como as do agronegócio, dos evangélicos e dos defensores de um sadio armamento lideraram um movimento conservador no Legislativo.

A aparente omissão da CNBB patenteia a crise
que vivem as esquerdas brasileiras
A “rebelião da base aliada” aconteceu antes mesmo da instalação do novo Congresso, considerado mais conservador.

O decreto presidencial nº 8.243, visando em última análise à sovietização do Brasil, foi rejeitado pela Câmara dos Deputados.

Para o ministro Gilberto de Carvalho, essa rejeição constituiu uma “vitória da vontade conservadora” (FSP, 30-10-14).

No final do ano, várias manifestações de rua propuseram o impeachment da presidente Dilma (FSP, 9-11-14) e os jornais publicaram longas matérias sobre escândalos na Petrobrás, mais um episódio do gigantesca corrupção partidária esquerdista que degrada o Brasil.


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