segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Argentina: alerta contra urna eletrônica

Órgão científico argentino desabona voto electrônico
Órgão científico argentino desabona voto electrônico
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






O Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), órgão científico do governo argentino recomendou ao Ministério do Interior em documento oficial “não implementar” o voto eletrônico no país, nem “no curto e nem no mediano prazo”.

A instituição científica argentina contradisse a reforma eleitoral desejada pelo governo federal. Após grande vitória nas últimas eleições legislativas, o chefe de gabinete, Marcos Peña, exultou: “desejamos que esta seja a última eleição com boletim de papel”.


Por certo, historicamente, a votação com boletim de voto foi objeto de abusos. A presidente “bolivariana” Cristina Kirchner foi a mais recente e a mais destacada e ativa figura política nessas manipulações imorais.

Mas para os técnicos e cientistas argentinos a urna eletrônica é um instrumento ainda pior do ponto de vista da manipulação e seus resultados são ainda mais facilmente falsificáveis.

O relatório elaborado pelo CONICET recomendou mais sensatamente fomentar a educação moral e técnica dos responsáveis das mesas de voto.

Sem melhorar os “níveis de maturidade” moral não se pode pensar em “sistemas com a necessária qualidade particularmente nos quesitos de segurança e integridade”, observou.



A respeito das urnas eletrônicas, o relatório aponta que “existem resultados teóricos onde se demonstra a impossibilidade de satisfazer simultaneamente três atributos requeridos para o sistema, notadamente o secreto, a auditoria e a integridade”.

Estes itens estão ameaçados quando um computador assume o controle dos votos, diz o sisudo relatório.

Boletim de voto eletrônico foi desqualificado na Argentina
Boletim de voto eletrônico foi desqualificado na Argentina
Por sua parte, politólogos e especialistas em segurança informática questionaram severamente os sistemas de voto eletrônico arguindo que o segredo pode potencialmente ser violado, e que o cômputo fica nas mãos de poucos e ignotos técnicos.

No caso dos boletins de voto em papel há um vasto leque de assistentes de mesa que são em sua imensa maioria simples cidadãos diante dos quais a fraude é mais difícil.

Mais ainda que o temor de hackers e de técnicos sem rosto, paira o espectro de um governo ou de uma facção partidária inescrupulosa ou ideologicamente enviesada que fabrica resultados no incógnito.

O texto completo do relatório do CONICET pode ser baixado aqui em PDF.


O relatório gerou forte polémica nas redes sociais, pois se soube que o parecer contrariava a expectativa do establishment político, o qual teria retido a publicação, até que essa ficou imperiosa, noticiou “Infobae”.

O Ministério do Interior tentou diminuir o impacto alegando “não haver convênio algum assinado entre o Ministério e o CONICET para fazer esse relatório”.

O mundo político um pouco por toda parte dá a impressão que trabalha para enterrar as últimas liberdades que vão ficando. A urna eletrônica é um dos instrumentos que esse mundo amoral mais quer implantar.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.