quarta-feira, 25 de março de 2015

O que eu vi nas manifestações de março

Na Avenida Paulista, 15 de março 2015.
Na Avenida Paulista, 15 de março 2015.

Gregorio Vivanco Lopes, 
advogado e colaborador da ABIM


“Pela primeira vez em 30 anos de normalidade democrática, articula-se um movimento de massa que não teme defender ideias conservadoras”.

Assim se referiu em editorial a Folha de S. Paulo (18-3-2015), ao analisar a manifestação tsunâmica que percorreu as ruas deste nosso querido Brasil em 15 de março último.

Esse caráter ideológico dos protestos foi pouco salientado pela mídia em geral, mas ele constituiu a espinha dorsal da manifestação.

Os gritos e os cartazes “fora Dilma”, “fora Lula”, “fora PT”, “impeachment já”, “comunismo, não”, “o Brasil jamais será vermelho”, “abaixo o foro de São Paulo”, “lugar de corrupto é na cadeia” – e tantos outros que pude ouvir e ver na manifestação em São Paulo e que se repetiram pelo Brasil afora –, tinham um fundo comum.


Na Praça da Liberdade, Belo Horizonte (MG)
Na Praça da Liberdade, Belo Horizonte (MG)
Esse denominador comum nem sempre estava explícito nas mentes dos manifestantes, e nem precisava estar, mas era ele que esclarecia as inteligências, determinava as vontades e dava firmeza aos passos.

Havia uma ideia difusa, mas poderosa e vivaz, de que o atual partido hegemônico no Brasil se afastou profundamente do sentir da Nação por ter-se tornado caudatário de utopias comuno-socialistas como o bolivarianismo venezuelano, o ecologismo indigenista de Evo Morales ou o kirchenerianismo corrupto argentino.

Cariocas deixaram de lado a praia de Copacabana, para protestar
Cariocas deixaram de lado a praia de Copacabana, para protestar
Para não falar de um anti-americanismo odiento.

O desagrado profundo em relação ao escandaloso apoio que o governo dá aos movimentos de invasão de terras ou de casas, passando por cima da lei e da ordem, aí se manifestava.

Na mesma linha, a política petista de dificultar ao máximo a integração cultural de nossos irmãos indígenas, confinando-os numa espécie de guetos chamados “reservas”, modelo de sociedade para a qual deve convergir a humanidade no futuro.

Ademais de uma absurda luta de classes e de raças subjacente a uma política de cotas que há muito ultrapassou todo o bom senso.

Notava-se ainda a repulsa ao favorecimento indireto, mas efetivo, da corrupção, das drogas e do banditismo em geral, instrumentos auxiliares da ideologia petista para o desmantelamento da atual ordem de coisas, considerada “capitalista” e “elitista”.

Em frente ao Congresso Nacional, Brasília
Em frente ao Congresso Nacional, Brasília
Uma das consequências é o mau humor em relação às polícias militares e mesmo ao Exército nacional, nos moldes do que ocorreu na revolução russa de 1917.

Como fica nisso a CNBB? Para alguns, ela seria uma espécie de departamento religioso do PT, enquanto o PT seria o braço político da CNBB.

Seja como for, o apoio da CNBB ao programa ideológico do PT não pareceu surtir muito efeito. Desde que deixou de ter uma presença católica no panorama nacional, a CNBB teve seu prestígio muito minguado.

Não parece que ela será de grande valia para manter em cena e atuante a ideologia socialo-petista.

Na Praça da Independência, Santos (SP)
Na Praça da Independência, Santos (SP)
Todos esses fatores estavam desigualmente presentes nos manifestantes de março, mais fortes em uns, menos em outros, mais explícitos nestes, mais difusos naqueles.

Porém atuando poderosamente no conjunto para a rejeição de um partido e de uma corrente ideológica que se apossou das rédeas da Nação e que a obriga a caminhar num rumo que ela não quer.

A presença na Avenida Paulista da Ação Jovem do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, com suas becas e seu estandarte dourado, marcou um ponto expressivo no conjunto.

Ação Jovem do IPCO na avenida Paulista
No total, notava-se uma euforia calma, uma alegria de estar juntos, de sentir-se verdadeiramente brasileiros, com uma esperança que beirava a certeza de que aquele movimento era apenas o primeiro passo num caminho que não tinha mais volta atrás.

O Brasil sentia a alegria de poder sacudir os grilhões, o antegosto de um corpo que percebia ser capaz de livrar-se do urso vermelho que o abraça e estrangula.

E tudo isso de modo bem brasileiro: sem violência, sem arroubos exagerados, sem artificialismos demagógicos. É o Brasil como ele é, na sua autenticidade, na sua bonomia, mas também na sua força avassaladora.

Um comentário:

  1. FOI BONITA A UNIÃO DO POVO. MAS POR OUTRO LADO ACHO QUE TEM TER NOÇÃO DE LUTAR CONTRA CORRUPÇÃO. TEMOS QUE DAR IMPEACHMENT É NAS COISAS ERRADAS,NÃO EM PRESIDENTES!!!
    MELHOR RESOLVER TODOS PROBLEMAS DO PAÍS SEM DERRUBAR PRESIDENTES,DO QUE DERRUBÁ-LOS E TODAS MAZELAS FICAREM NO BRASIL(EX: SALÁRIO EXTRA PARA DEPUTADO,CORRUPÇÃO,ETC). ESSA MINHA OPINIÃO!

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